"Achei que só eu estava fora da suruba e me senti excluída"
As luzes da sala envidraçada então foram apagadas e nós devíamos ficar de olhos bem fechados. Puja, com sua voz suave, nos pediu para caminhar até o centro da sala. Sem visão, começamos a nos esbarrar.
Minha primeira reação foi me desviar das outras, mas a terapeuta contestou: "Sintam seus corpos, deixem a pele de vocês se tocar". Foi o que aconteceu: ficamos todas muito próximas. E aí dava para sentir não só a pele alheia, mas cabelos, roupas, respiração ofegante... Tudo!
Puja nos pediu para sair do centro e nos afastar. Sem ver nada, saí daquela quentura de corpos. Longe das outras, ainda ouvia as respirações aceleradas pela sessão de dança. E comecei a imaginar se eu era a única que havia se afastado do grupo. As respirações estavam tão ofegantes, que imaginei se as outras estavam sentido prazer.
Na pegação entre elas, só eu havia ficado de fora? Me senti esquecida e chorei
Até que a voz de Puja nos pediu para abrir os olhos: nada de suruba no salão. Pelo visto, minha mente tinha me pregado uma peça e me colocado em contato com um dos meus maiores medos: o de ser excluída.
Fomos dormir e eu me revirei na cama perturbada com aquela constatação. O fim de semana seria intenso.