Olho meu celular e o termômetro marca 23ºC. Mas minha sensação térmica era como se estivesse no clipe da Anitta - aquele outro, gravado no deserto. Uma ponta de esperança para sobreviver ao calor vem em minha direção: é Paula, outra funcionária de Erika. Carregando um aparelho semelhante ao de dedetização, cheio de água, ela passa a regar nossos corpos.
Paula vestia manga comprida, calça e meia, para se proteger do sol. Entre uma rega e uma bronca, tentava vender produtos da casa. "Garotas, vamos acelerar esse bronze com suco de beterraba? Uma cápsula de betacaroteno?".
Aceitei o suco, a cápsula eu passei
Minha lombar doía e passei a rezar pela hora de mudar de posição na espreguiçadeira. Sabe quando você está no fim da festa, desesperada para descer do salto e aliviar a dor? Era eu querendo descer do espaguete de natação. E o fim da festa estava longe.
A essa altura, várias já haviam mudado de posição e algumas mulheres até tomavam sol de pé, para queimar as laterais do corpo. Já eram quase onze e as cervejas começaram a ser pedidas também.
A parte da frente do meu corpo foi besuntada com o acelerador e me pediram para renovar o protetor no rosto. Paula colocou papel toalha molhado sobre meus peitos e a parte de baixo do biquíni, porque a fita isolante esquenta demais.
De frente para o sol, comecei a ficar vermelha e a sentir o calor me maltratando. A toda hora pedia pelo borrifador de água para aliviar. "Vai treme o bumbum", o funk martelava minha cabeça. Com o sol na cara, achei que em breve começaria a alucinar.
"Bronzeado é que nem academia, amiga, tem que sofrer", disse Carol Guimarães, 23, que estava perto de mim. Também era a primeira vez ali dela ali, mas sua capacidade de resiliência era bem maior que a minha.