Há muitos "ses". Mas mesmo assim todos estão dentro das possibilidades se começarmos a exigir uma diversidade real em nossas dietas. Nenhum agricultor vai plantar uma colheita que não tem mercado, é por isso que devemos pensar em combater o desperdício de alimentos de forma significativa e sistêmica, incentivando a mudança através da culinária.
Essa não é uma ideia nova. É o que camponeses que cozinham e agricultores fazem há milhares de anos. Suas culturas alimentares —francesa, chinesa, indiana, norte africana, mas também as muitas cozinhas regionais dentro de cada uma dessas regiões— foram fundadas sobre a diversidade e os muitos recursos do campo. E eram apoiadas pela criatividade e pela técnica na cozinha, que utilizava "sobras" (seja em forma de culturas pouco desejadas ou cortes de carne de segunda) sem nunca chamá-las de sobras, aproveitando-se do que a terra pode prontamente fornecer.
Isso é algo que está faltando na maioria dos Estados Unidos —e, cada vez mais, no resto do mundo— e que pode ser o motivo pelo qual nossa atual conversa sobre desperdício de alimentos foge do ponto. Para combater o problema aparentemente insuperável de desperdício de alimentos, o que realmente precisamos é repensar como cultivar e consumir alimentos, a partir do solo.
Pouco tempo atrás, ouvi outra conversa. Dessa vez estava em Des Moines, Iowa, em um novo restaurante dedicado a carnes curadas e queijos envelhecidos. Escutei dois jovens empreendedores falando sobre seus planos para o futuro. Um estava prestes a abrir uma microcervejaria usando grãos locais. Perguntei-lhe onde encontraria esses grãos em um mar de milho. Ele me disse que conhecia alguns produtores de milho que iriam plantar cevada e centeio, contanto que o mercado estivesse garantido.
O outro jovem era aspirante a padeiro. Seu plano era utilizar parte da cevada e do centeio na sua cozinha, incentivo ainda mais o agricultor. Ele também planejava usar os grãos descartados pela cervejaria —o mosto— em seus produtos. Quando pensei que sua conexão não poderia ser mais simbiótica, fiquei sabendo que o cervejeiro planejava fazer uma cerveja utilizando o pão que sobrasse do padeiro.
E lá estava, bem no meio de Iowa, um sistema governado pela diversidade e maximizado pela eficiência: um plano básico para o futuro da comida.