Romário para presidente...

... do América, da CBF e do Brasil, na ordem que você escolher e ele conseguir primeiro

Aiuri Rebello e Vanderlei Lima Do UOL, em Brasília
Pedro Ladeira/Folhapress

Toda a marra do baixinho

Romário está magro demais depois de uma polêmica cirurgia para controle do diabetes no final do ano passado. Senador pelo PSB do Rio de Janeiro, o Baixinho ainda luta para ganhar peso e recuperar a boa forma. Parece abatido e precisa parar para respirar quando está falando.

Apesar disso, pega fôlego e continua com a língua afiada (e a marra de sempre). Não mede palavras para descascar adversários, fazer afirmações categóricas ou posicionar-se sobre os assuntos do momento.

Por cerca de duas horas, Romário recebeu o UOL em seu gabinete no Senado em Brasília para uma entrevista exclusiva: temperamento, pretensões políticas, família, mulheres e futebol. Confira.

"Não sei se sou marrento. Sou o que sou"

Reuters Reuters

Quem é o melhor do mundo? "No futebol? Eu, porra"

Dentro da área, não teve nada parecido comigo. Com todo o respeito ao Pelé, ao João, ao Pedro... Dentro da área eu fui o melhor. O Pelé foi o melhor de todos, foi o Atleta do Século, tem mais títulos, mais gols e tem a importância que tem para o futebol mundial. O Maradona foi o mais técnico que eu vi jogar de todos até hoje. Só que, dentro da área, eu era melhor que os dois

Ao eleger os melhores do mundo (fora ele)

Quando falo isso, muitas pessoas dizem que sou arrogante e metido. Primeiro, foda-se para quem pensa assim. Mas não tem nada de arrogância, de marra ou de ser metido. Para mim, essa é a realidade. Se amanhã aparecer alguém melhor dentro da área, você pode ter certeza que vou dizer que esse cara é melhor do que eu. Não teria nenhum problema em admitir

Admitindo que parece arrogante

Reprodução/Instagram Reprodução/Instagram

"Até eu fiquei chocado quando vi aquela foto"

Em janeiro, um amigo de Romário postou a foto aí em cima no Instagram e causou uma revolução na vida do senador. Alguns falaram em câncer, outros em Aids. A grande maioria temeu que o herói da Copa de 1994 estivesse morrendo.

“Até eu fiquei chocado quando vi aquela foto minha na internet. Não imaginava que estava daquela forma”, admite. “ Aqueles que não gostam de mim aproveitaram para colocar, vamos dizer assim, um pouco de veneno na cabeça das pessoas. Logo em seguida, todos souberam sobre a cirurgia”.

A operação em questão foi uma interposição ileal: a técnica consiste na recolocação do íleo (fim do intestino delgado) entre o duodeno e o jejuno, o que aumentaria a produção de hormônios da saciedade e melhoraria o diabetes. O procedimento é alvo de processos na Justiça e questionamentos de órgãos representativos.

“Faz praticamente cinco meses que fiz essa cirurgia. Eu era diabético e fiquei curado. É uma cirurgia bem complexa, onde você perde bastante peso. Eu cheguei a perder 22 quilos, mas já estou bem melhor. Cheguei a perder muitos quilos porque eu abusei um pouco. Treinei futebol e futevôlei e não era para eu ter feito isso. Se eu não tivesse feito isso, poderia ter perdido menos peso e hoje estaria com uma aparência melhor. Mas o mais importante é que estou curado”.

Que história é essa de presidente?

Rio 2016/André Luiz Mello Rio 2016/André Luiz Mello

"Minha filha Ivy me fez um homem melhor. Eu era egoísta"

O poder de Ivy

Antônio Cruz/Agência Brasil Antônio Cruz/Agência Brasil

"Quando eu nasci, papai do Céu disse: esse é o cara"

Lembra dessa frase? Romário ainda a usa. E, agora, com muito mais consciência. "Eu era um cara bem egoísta. Depois que a minha filha Ivy nasceu, dei uma melhorada. Comecei a ver as coisas de uma forma diferente", lembra. "Conheci algumas pessoas que têm filhos com Síndrome de Down. E sinto que tenho uma obrigação de ajudar nesta causa. Eu costumava dizer que, quando eu nasci, papai do céu disse: esse é o cara. Hoje eu considero que essa frase é verdadeira depois do nascimento da Ivy".

Maíra Coelho/ Agência O Dia/ Estadão Conteúdo Maíra Coelho/ Agência O Dia/ Estadão Conteúdo

Filha o colocou na política. Mas ele caiu de paraquedas

Ao conviver com famílias que enfrentavam os mesmos desafios, Romário passou a pensar em como poderia trabalhar pela causa. "Foram colocando na minha cabeça que eu poderia ajudar na política. Me candidatei para ser deputado federal. Agora, sou senador. Mas, na verdade, caí nessa de paraquedas", diz. "Minhas bandeiras são educação e esportes, principalmente as ações direcionadas às pessoas com deficiências e doenças raras. Essa é a minha luta no Congresso. É uma obrigação e uma responsabilidade grande".

Alexandre Campbell/Folha Imagem Alexandre Campbell/Folha Imagem

O peixe nasceu no Jacarezinho

A infância de Romário foi pobre. Quando ele nasceu, a família morava em um barraco nos fundos de uma casa na favela do Jacarezinho, uma das maiores da zona oeste do Rio de Janeiro. "A gente passou muito perrengue. Morei numa barraquinha atrás da casa de um casal, o tio Nei e tia Neuza, que na verdade não eram parentes do meu pai e já faleceram. Esse casal ajudou o meus pais a me criar até os 4 anos", conta. Depois, a família foi para a Vila da Penha, onde Romário passou a adolescência.

Reprodução Reprodução

Empurrou carrinho de mão para treinar

Romário nunca gostou de treinar. Mas quando era criança, trabalhava para poder jogar bola. ""Eu e meu irmão fizemos de tudo para ajudar meu pai. A gente carregou trouxa, empurrou carrinho de mão, encheu caminhão de melancia no Ceasa. Tudo para poder ganhar dinheiro, ajudar meus pais e poder, também, continuar treinando", lembra.

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Irmão era jogador, mas o bom era o Romário

O irmão em questão era Ronaldo, mais novo, que acabou sempre à sombra. "Quando tínhamos 13 ou 14 anos, já treinávamos sério e, às vezes o dinheiro só dava para ir um. Nesses casos, quem ia era eu. Ele jogava bem, mas sabia que eu era bom". Ronaldo chegou a jogar na Bélgica (levado pelo irmão), mas encerrou a carreira após sofrer lesões.

Patricia Santos/Folha Imagem Patricia Santos/Folha Imagem

Mãe ganhou uma casa com primeiro contrato

Quando assinou com o Vasco seu primeiro contrato, Romário levou a família para Jacarepaguá. "Lembro como se fosse hoje: dei uma casa para a minha mãe. A gente morava na Vila da Penha e, em 1986, assim que recebi as 'luvas' do Vasco, comprei uma casa num condomínio e tirei os meus pais de lá. Quer dizer. Eles saíram , mas viviam indo para a Vila da Penha".

Publius Vergilius/Folhapress Publius Vergilius/Folhapress

Estrelinha: o primeiro time de Romário

O primeiro time de Romário foi uma criação de seu pai, seu Edevair. Um dia, quando Romário e o irmão Ronaldo não estavam indo muito bem na escola, ele fez a promessa: “Passem de ano e eu monto um time de futebol para vocês”. Os dois garotos foram aprovados e nasceu o Estrelinha.

“Era um time de amigos, familiares e parentes. Tudo mundo que morava ali na Vila da Penha se envolvia. Os jogos eram aos domingos e as pessoas iam com a família ao campo para torcer pelo Estrelinha. Eram dois times, o A e o B. Um total de uns 30 moleques. Dali para frente comecei a jogar e nunca mais parei. Fui para o Olaria e de lá para o Vasco”.

Meu pai foi o meu primeiro treinador, presidente, dono do time... Nossa relação era bem mais íntima do que a de um simples treinador. Além de passar as instruções e dar as broncas, ainda sobrava para mim em casa quando ele não estava muito satisfeito com a minha postura

Sobre a relação com o pai, presidente do Estrelinha

Meu pai sempre me ajudou, desde moleque. Ele me falava: já que você gosta de fazer gol, fique sempre próximo do gol para ter mais oportunidades de marcar. Foram mais ou menos essas palavras. Internalizei bem, fiquei perto do gol o resto da vida e acabou dando certo

Lembrando que seu Edevair o colocou na área

Romário dispara

Flávio Florido/UOL Flávio Florido/UOL

Carlos Alberto Parreira

"Eu gosto dele, mas não foi muito firme, em alguns momentos, como treinador da seleção brasileira".

Reprodução Reprodução

Galvão Bueno

"Um dos maiores narradores na história do futebol, mas o vejo como um cara em cima do muro".

Luiza Oliveira/UOL Luiza Oliveira/UOL

Casagrande

"Passou por uns problemas, mas todo mundo pode passar. Talvez seja o melhor comentarista da TV".

Arte/UOL Arte/UOL

Técnico nem pensar: "Ia ser complicado aturar um Romário"

Adalberto Marques/AGIF Adalberto Marques/AGIF

O filho do Peixe é filho de peixe?

Ser filho de Romário não deve ser fácil. O pai foi o cara que deu uma Copa do Mundo para o Brasil após 24 anos. E Romarinho sempre foi comparado ao pai. “Segundo ele, isso é difícil pra caceta. Eu, particularmente, aproveitaria muito ser o filho do Romário. Mas ele não vê assim”, diz. “Talvez seja um complicador para a carreira dele. Enquanto muitos querem ser o filho do Romário, ele quer conquistar a carreira dele de uma forma independente. Eu respeito, mas não concordo”.

Aí você vai perguntar: o meu filho é craque? Não, ele não é craque. Mas ele joga muito bem. No futebol que estamos vendo hoje, ele joga tranquilamente em um time da primeira divisão do nosso campeonato

Sobre o filho de 23 anos, que passou por Brasiliense, Vasco e Macaé, além de um time japonês

Patrícia Santos/Folha Imagem Patrícia Santos/Folha Imagem

Romário quebrado? Não foi exatamente isso

No final da década passada, Romário passou por uma situação difícil financeiramente, em que muita gente achou que o jogador estaria quebrado e iria percorrer o mesmo caminho de outros tantos ex-jogadores que perderam tudo o que conquistaram enquanto estavam em campo.

“Tenho muitos ex-companheiros que, hoje, vivem um momento difícil por terem investido errado o dinheiro. Eu coloquei o meu dinheiro onde entendi que tinha que colocar, mas tive um momento de dificuldade, entre 2007 e 2008. Eu fui alvo de algumas ações e meu dinheiro ficou bloqueado durante três anos. Fiquei sem receber das minhas três principais fontes de renda, que eram Vasco, Flamengo e Fluminense, e de algumas empresas que eu tinha”, conta.

Os problemas envolviam, principalmente, uma disputa jurídica com uma sua primeira mulher e uma série processos em relação ao Café do Gol, a casa noturna da qual era sócio – e que ficou famosa com as caricaturas de Zagalo e Zico no banheiro (que acabaram, também, processando o Baixinho). “Não é que eu não tinha dinheiro. Eu tinha. E não era pouco. O problema é que ficou preso até 2010. E nesse tempo eu tinha que pagar conta, pensão. Foi virando uma bola de neve. Fui parar na delegacia duas vezes por causa disso”.

A situação se normalizou em 2010. “Hoje, eu posso dizer que vivo muito bem. E posso dar uma vida boa, também, para os meus filhos”.

Paulo Giacomini/Folhapress Paulo Giacomini/Folhapress

Romário pegador: "Entreguei esse reinado"

A lista de conquistas de Romário é grande. Mas o hoje senador não é mais o mesmo: tanto é que ele nem mesmo sabe responder se está namorando. “Acho que estou namorando. Não sei se ela também acha, então vamos deixar esse assunto para lá... Deixa eu combinar com ela antes. Eu posso até entender que sim, mas se perguntarem para ela, pode dizer não. E aí lascou”.

“Realmente tive essa fase de pegador. Hoje estou com 51 anos e nos últimos anos já entreguei esse reinado. Eu sempre gostei de sair, mas é claro que, hoje, saio muito menos do que há alguns anos. Faço menos, mas sair na balada é algo que sempre vou gostar”.

Reprodução/Instagram Reprodução/Instagram

Sobre modelo transex: se tivesse transado, ele diria

Em 2013, Romário acabou nos tabloides por causa de um relacionamento com Thalita Zampiroli, modelo transexual. Ele admite que a levou para casa, mas nega que os dois tenham namorado. “Essa história foi o seguinte: fui ao Barra Music e a encontrei. Realmente, é muito bonita e a gente saiu para comer uma pizza. No final, foi para casa. Eu estava com muita vontade de pegar. Começamos a conversar e a cara de pau me disse que não poderia me dar porque estava menstruada. Essa foi a frase que ela disse para mim”.

Ou seja: eu acabei não comendo. Mas caiu na minha conta que eu comi, que foi uma relação de um ano. Segundo ela, a gente até namorou”.

Romário processou Thalita e ganhou. Ele diz que só queria que ela contasse a verdade sobre o encontro, mas isso não aconteceu. “Só queria que ela reunisse a imprensa e dissesse a verdade. Eu só não comi porque ela disse que estava menstruada. Se tivesse, diria agora para vocês que tinha comido. A vontade era essa. O tesão era muito grande no momento. Mas infelizmente acabou não acontecendo. Ou felizmente, não sei”.

Marcos Oliveira/Agência Senado

Melhores e piores, segundo Romário

Os melhores técnicos

Foi o Cruyff, da Holanda. Tinha facilidade de passar os seus pensamentos para os jogadores. Como ele tinha sido um dos melhores da história dentro de campo, pegava a bola e colocava em prática muitas das coisas que falava. Não tinha como dizer que o cara não sabia o que estava falando

Lembrando do comandante da época do Barça

No Brasil foi o Joel Santana. Tinha uma visão de jogo interessante e mudava o esquema no intervalo, o que é raro. Uma coisa importante era a facilidade de se comunicar, de forma simples e humilde. Até os reservas gostavam dele. Imagina: ficar na reserva e achar o treinador legal. Só o Joel para conseguir isso

Sobre o Papai Joel

Os piores técnicos

Teve um tal de Gilson Nunes que era muito ruim, péssimo. Foi meu treinador na época de juniores na seleção. Ele não tinha muito diálogo com a gente e não sabia lidar com os jogadores

Sobre o ex-técnico da seleção sub-20

O Zagallo também era bem ruinzinho. Era fraco. Infelizmente ou felizmente, acabou tendo vários títulos. Inclusive, foi campeão do mundo em 1970 como técnico. Mas ele não tinha noção tática

Sobre o comandante da Copa de 1998

Melhor parceiro x Pior zagueiro

Meu maior parceiro dentro do campo sempre foi o Bebeto, disparado. Se tivesse que falar duas grandes duplas na história do futebol, uma seria Pelé e Coutinho. A outra é Bebeto e Romário. Com certeza

Lembrando da dupla do tetra

Joguei com muitos zagueiros chatos, difíceis de driblar e passar. Mozer, Ricardo Rocha, Ricardo Gomes e Aldair. Eles foram os zagueiros que me atrapalharam de verdade. Deixei de fazer muitos gols por causa deles

Todos com passagem pela seleção brasileira

Várias brigas em campo: Zandoná, Cafezinho, Simeone, Andrei...

Romário dispara

 Jorge Araujo/Folhapress Jorge Araujo/Folhapress

Pelé

"Calado é um poeta, mas é gente boa. É um cara maneiro..."

Divulgação / Puma Divulgação / Puma

Túlio Maravilha

"Entrou na história do futebol pelos gols, mas é fanfarrão. É do bem".

HECTOR RETAMAL/AFP HECTOR RETAMAL/AFP

Dunga

"Um dos grandes caras que conheci no futebol. Virou uma grande decepção".

Romário ficou muito perto de defender o Corinthians

Romário jogou em três dos quatro grandes do Rio, passou por Barcelona, Ajax, Valencia, mas nunca jogou em São Paulo. Mas, acredite: essa história quase foi diferente. Ele ficou bem perto de virar jogador do Corinthians.

“Naquela época, estava lá aquele iraniano e o próprio Andrés Sanchez, começando ou alguma coisa assim. Estavam Paulo Angioni, Ademar Braga e Antonio Lopes. A gente falou mais de três vezes e o negócio quase saiu. Infelizmente não saiu", conta.

Teria sido o maior prazer ter defendido o Corinthians”.

Na verdade, os três grandes da capital paulista já negociaram com o Baixinho. “Quando fui para o PSV, o pessoal do São Paulo me ligou, tentou me levar, mas o negócio acabou não saindo. Em 1999, quando o Felipão estava no Palmeiras e o Paixão era o preparador físico, cheguei a ter um papo com ele. Quase fui ajudar o Palmeiras naquela final do Mundial de Clubes em Tóquio. Mas também acabou não acontecendo. Mas com o Corinthians foi uma coisa mais intensa”.

Meu time do coração é o América, todo mundo sabe. Saindo do Rio, o Corinthians é um time que eu gosto de ver. A torcida lembra muito a do Flamengo. Mexe muito com quem está em campo. Isso é ruim para alguns jogadores, que não aguentam a pressão. Para a maioria, eu por exemplo, é bom. Adorava ser jogador do Flamengo justamente por causa da torcida flamenguista

Sobre as semelhanças entre Corinthians e Flamengo

Charles Sholl/Futura Press/Estadão Conteúdo Charles Sholl/Futura Press/Estadão Conteúdo

"Falta jogador com personalidade"

Falar com Romário é uma experiência enriquecedora. Você pergunta, ele responde, não evita muitos assuntos – se você chegou até aqui nesta entrevista já percebeu isso... Mas o próprio senador admite que, no futebol atual, isso não acontece mais.

"O futebol está muito mimimi, é claro que está. Há muito tempo. Hoje, para você fazer uma entrevista com um jogador, precisa passar por seis ou sete pessoas. Tá foda. A burocracia para chegar em mim é muito menor. Faltam pessoas com personalidade, com caráter e que falem o que estejam com vontade de falar. Com certeza, estamos carentes disso".

Fugas da concentração na Copa 1994: "por isso fui o melhor"

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Seleção: "O problema era o treinador"

Romário voltou a assistir aos jogos da seleção brasileira. E o culpado foi Tite, definido como um "treinador nato" pelo senador. "O Brasil todo voltou a pegar o gostinho de ligar a televisão para ver a seleção jogar. Coisa que até alguns meses atrás não acontecia. O Tite deu uma cara bem positiva para o time. Na verdade, praticamente 90% da seleção é formada pelos mesmos jogadores do time do Dunga. O problema realmente era o treinador".

Segundo ele, a classificação antecipada pode ajudar o Brasil na Copa da Rússia. "É legal para o Brasil e para a seleção. Isso dá uma independência boa para os jogadores e ajuda no psicológico. O Tite, agora, tem muito mais tempo para preparar o time", analisa.

O problema, porém, é a responsabilidade: "É claro que, quando a gente fala de uma Copa, é uma competição em que é tudo diferente. Nada se compara a uma Copa do Mundo. Mas, para que o Tite faça parte da história, tem que vencer. Senão, não adianta..."

"Neymar vai marcar mais gols que Pelé na seleção, mas não se compara"

Julio Cesar Guimarães/UOL Julio Cesar Guimarães/UOL

Dunga e a entrevista que não deu certo

Dunga e Romário eram amigos. Mas uma entrevista mal sucedida do Baixinho acabou com a relação. “Um jornalista italiano esteve aqui e eu dei uma entrevista. Ele colocou algumas coisas da forma que ele entendeu. Ele era italiano e falava algumas coisas em português. Em uma destas coisas, o Dunga se sentiu ofendido. Eu não lembro exatamente o que foi”, conta.

“Uma ligação dele para mim teria resolvido. Mas ele ligou para o presidente da CBF, para a diretoria e para o babaca do Gilmar Rinadi. Entraram aqui querendo me prejudicar e pedindo o meu mandato. Num cara desses a gente não pode mais confiar”.

“Até essa última passagem dele pela seleção, posso afirmar que o Dunga era um dos caras que eu mais gostava dentro das amizades que fiz no futebol. Mas aí ele começou querendo comprar o barulho do Gilmar Rinaldi e entrou numas de querer me processar no STF, na comissão de ética... Uma babaquice do caceta. Hoje, é ele para lá e eu para cá. Cada um segue a sua vida”.

Não vejo qual o bem que o Gilmar fez para a seleção. Aliás, ele fez uma coisa boa: filmou a Copa do Mundo de 94. Foi um cinegrafista maravilhoso. Poderia até ganhar um Oscar. Como jogador e dirigente, zero à esquerda. No Flamengo, também, uma merda. Na verdade, o Gilmar entrou no futebol, e principalmente na seleção, com outros interesses

Sobre GIlmar Rinaldi, ex-coordenador da seleção brasileira

Antônio Gaudério/Folhapress Antônio Gaudério/Folhapress

"Eu e Bebeto temos nossas diferenças. Mas tenho um carinho grande por ele"

Romário dispara

Vinicius Castro/UOL Vinicius Castro/UOL

Zico

"Achei que a culpa pelo meu corte da seleção fosse dele. Mas depois, ele disse que não tinha nada a ver. Em um programa de TV, falou que se alguém pudesse desmentir, que ligasse. Ninguém se manifestou. Ali passei a acreditar que ele não tinha nada a ver com o corte".

Eduardo Knapp/Folhapress Eduardo Knapp/Folhapress

José Maria Marin

"Aquilo é um rato que está preso e vai apodrecer na cadeia. Ele esteve aqui quando eu era da Comissão de Esporte da Câmara e falou umas palavras bonitas. Eu me coloquei à disposição para ajudar e deu no deu. Quem é ruim se destrói sozinho. Ladrão".

UOL UOL

Vanderlei Luxemburgo

"O Vanderlei também teve um momento na vida bem agitado. Ele fazia e falava merda pra caceta, assim como eu. Eu também passei por essa fase. Mas também resolvi os meus problemas com ele. Está tudo resolvido".

AFP AFP

O craque de (apenas) uma Copa

Romário disputou duas Copas do Mundo. Em 1990, ele era reserva, mas foi O Cara no tetracampeonato em 1994. Aos 28 anos, ele poderia ter tido mais uma ou duas Copas do Mundo. Mas não conseguiu.

Jorge Araújo/Folha Imagem Jorge Araújo/Folha Imagem

Copa de 1998: o corte na França

Aos 32 anos, Romário ainda estava em grande fase quando foi convocado por Zagallo para a Copa do Mundo de 1998. Ele, porém, sofreu uma lesão na panturrilha e acabou cortado a poucos dias da estreia do Brasil. Ele nunca perdoou o técnico.

“Zagallo tinha que assumir o papel de homem e dizer ‘Fui eu mesmo’. E foi ele, porra. O cara era o treinador. Mas, se existia a possibilidade de ficar bom, assuma a responsabilidade. Coisa que o Zagallo nunca fez na vida. E não foi só comigo não. Teve em outras situações do futebol. A gente sabe de umas histórias dele aí..”

Romário foi cortado porque não poderia jogar durante toda a primeira fase. De volta ao Brasil, porém, disputou um amistoso pelo Flamengo no dia em que o Brasil fechou a fase de classificação – contra a Noruega. E ainda fez gol. “Eu disse que no terceiro jogo da seleção já estaria disponível e não acreditaram em mim. Eu pedi ao Flamengo para fazer um amistoso. Foi até contra o Internacional, lá no Sul. Eu joguei, fiz um gol, a gente ganhou e 1 a 0 e mostrei que eu estava bom”.

Segundo ele, toda a comissão técnica falava que o corte não iria acontecer. “Na noite anterior, Lídio Toledo, Américo Faria e Zagallo tinham afirmado que eu não seria cortado. E o vagabundo, ladrão e mau-caráter do Ricardo Teixeira também tinha passado na noite anterior e afirmado que não seria cortado. Ou seja, um bando de frouxos que não cumpre com a palavra. Se fodeu todo mundo”.

Juca Varella/Folha Imagem Juca Varella/Folha Imagem

Copa de 2002: fofoca o tirou do grupo

Para o Mundial da Coreia do Sul e do Japão, o problema foi de relacionamento. Segundo Romário, uma fofoca fez com que Luiz Felipe Scolari ignorasse o seu nome para a seleção – ele tinha 35 anos quando a decisão foi tomada.

“Cheguei a ser convocado pelo Felipão para o jogo contra o Uruguai, mas depois, nunca mais. Alguém da seleção disse que eu havia passado a noite com uma aeromoça. Resumindo, eu não peguei a aeromoça nem fui para a Copa do Mundo. Me fodi duas vezes nesta situação”.

Quem dedurou Romário também era atacante, mas o senador se recusou a dizer o nome. “Eu sei quem foi. Jurou de pé junto para o Felipão que eu tinha passado a noite com a aeromoça. Só que tinham outras duas pessoas da comissão técnica que ficaram comigo até umas três horas da manhã. E mais um jogador. Todos falaram para o Felipão que não era nada disso. Mas ele acabou acreditando nesta outra pessoa e eu deixei de ser campeão mundial”.

Romário elege seus gols mais bonitos

CPI da CBF, Fifa e Operação Lava Jato

  • CPI da CBF: "Mostramos quem quer fazer mal ao país"

    "Quem tem o relatório oficial da CPI sabe que foram oito ou nove pedidos de indiciamento. Tivemos a oportunidade de trabalhar com pessoas competentes de vários órgãos diferentes, da Polícia Estadual, Federal ou Rodoviária, do TCU, do Ministério Público, da advocacia do Senado e da Câmara. Escolhemos a dedo os melhores de cada de cada área. Segundo algumas pessoas do Senado, foi um dos melhores relatórios que apareceram nestes últimos anos de CPI. Infelizmente, acabou não sendo aprovado, o que era mais ou menos o que a gente realmente esperava. Hoje, está nas mãos das pessoas competentes, que são quem precisa 'startar' [o processo]. Principalmente o Ministério Público e a Polícia Federal".

  • Operação da Fifa: "Parabéns ao FBI"

    "Estava na hora desses caras que atrapalham o futebol mundial saírem da reta. Usando o José Maria Marín como exemplo. Já que a nossa polícia não conseguiu prendê-lo, parabéns ao FBI e à polícia suíça que fizeram esse papel muito bem feito. Não só com ele, mas com os [dirigentes] de outros países. Esse presidente novo da Fifa tem tido umas ações bem positivas. Tenho gostado muito. Ele tem tentado mostrar que não é a Fifa que é corrupta, mas as pessoas que estavam dentro da Fifa. Isso é legal. Infelizmente, a nossa CBF não pode fazer isso porque o presidente da CBF é corrupto e é o cara que mais faz mal ao futebol brasileiro. A gente vai ficar nessa luta, dando tiro na água até esse filho da puta sair do comando".

  • Lava Jato: Romário nega que nome apareceu

    O nome do senador apareceu durante as investigações da Operação Lava Jato, mas, segundo ele, o caso depois foi negado. "O que aconteceu é que a Polícia Federal divulgou, por nota, que tinha sido apanhado com o Marcelo Odebrecht uma conversa minha, através do seu WApp, com um tal de Benedicto, que era um outro diretor da Odebrecht. Agora, nas últimas delações, quando foi perguntado a uma determinada pessoa da Odebrecht, ele falou que isso nunca existiu. Até porque eles não tinham interesse em me ajudar porque eu, nas eleições passadas, havia falado mal da Odebrecht em relação às obras no Maracanã. Partindo daí, realmente implodiu Brasília essas delações. Mais de 30%, se não estou enganado, estão envolvidos".

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