Luxemburgo sem mordaça

Mais polêmico dos técnicos do país fala de política, pôquer e jogador mimado. E avisa: não está ultrapassado

Luiza Oliveira e Vanderlei Lima DO UOL, em São Paulo
Gilvan de Souza/ Flamengo

Desatualizado, eu?

Quando você pensa em Vanderlei Luxemburgo, vai lembrar de títulos e polêmicas. Ele vence, mas está ultrapassado. Ele quer ser manager e esquece de treinar o time. Falta modernidade em seu trabalho. Luxa sabe que é isso que você está pensando. E não concorda nem um pouco com essa sua opinião.

Quer a prova? Um dia ele mandou um auxiliar seu fazer duas coisas: o curso de treinadores na CBF e um estágio no futebol francês. “Ele foi fazer o curso, estudou na França. Queria ver o que está acontecendo de moderno, se eu precisava fazer reciclagem. Como conhece o meu trabalho, ele fez a análise”, lembra.

A reposta?

Professor, não precisa de reciclagem, não. O que você faz é o que estão fazendo lá. E fazem um pouquinho pior do que você faz".

Quer mais? Em uma longa entrevista com o UOL Esporte, Luxemburgo falou sobre aposentadoria, o suposto vício em pôquer, sobre a dívida com Edmundo e o relacionamento com jogadores mais jovens, a má vontade da imprensa com sua imagem, a CPI do Futebol e as Olimpíadas de Sydney-2000. E até deu risada lembrando do namoro das filhas com boleiros e ficou bravo falando de política – e do amigo Lula.

Ficou curioso? Leia tudo isso (e mais um pouco) aqui embaixo!

Parado, sim. Aposentado, não

Admita: faz tempo que você não vê Luxemburgo assumindo um grande clube brasileiro. Desde 2015, quando aceitou uma proposta da China, ele não se mostrou muito interessado em assumir trabalhos no Brasil. Na última semana, foi publicado, inclusive, que Luxa estaria aposentado dos trabalhos como treinador por aqui. Não é bem assim, como diz o próprio técnico.

Não tem nada de aposentadoria. O que eu estou analisando é se vale a pena voltar aqui ou apenas fora do Brasil. Estou vendo com a família o que é melhor. Mas não tenho prazo para parar, não".

O que o treinador quer é um projeto legal para trabalhar e mostrar o que sabe. E provar que não está velho, que não precisa de reciclagem ou que, como mostra o próximo vídeo, não está alienado do futebol moderno como muita gente pensa.

"4-1-4-1 é invenção da imprensa. Nada mais é do que o velho 4-3-3"

Ricardo Nogueira/Folhapress Ricardo Nogueira/Folhapress

Não sou burro. Posso fazer mais de uma coisa ao mesmo tempo

Vanderlei Luxemburgo nunca se contentou em ser apenas um técnico. Sempre fez questão de atuar em diversas áreas do futebol. E não deixou de dizer o que passa pela cabeça, custe o que custar. Ele acredita que isso incomoda muita gente.

“Profissionalmente, eu não tenho aquela coisa só do técnico. Eu tenho propostas diferentes que gosto de discutir. Eu estou deixando um legado. Apesar de entrar em muitas confusões, são confusões inteligentes. São discussões inteligentes, em que você ocupa o seu espaço e deixa sua mensagem. E eu não me furto de discutir. Criando inimigos, até. Mas inimigos entre aspas".

São pessoas que não gostam da sua postura porque você incomoda. Porque eu não sou de dizer amém”.

Daniel Marenco/Fohapress

"Será que eu tenho que ser alienado?"

O povo fala que o Luxemburgo só tem que se preocupar com futebol. Por que eu tenho que me preocupar com apenas um assunto? Será que eu sou burro? Por que um empresário pode ter dois, três, quatro, sete, oito negócios diferentes, diversificados, mas eu tenho que estar preocupado apenas com o futebol, com o campo? É porque o Luxemburgo não pode ser gestor. Tem que ser um burro, um animal, um alienado. E aí o cara acredita que é burro, ganha dinheiro e não sabe aplicar e perde tudo. Aí, vai pedir um favor amanhã: 'Faz um jogo beneficente para o Luxemburgo ou então arranja um empreguinho para ele'. É assim que funciona

Explicando por que incomoda tanta gente

"O diretor executivo ocupou o lugar que deveria ser do técnico"

Patrícia Santos/Folhapress Patrícia Santos/Folhapress

"Me arrancaram da seleção por interesse"

O sonho de comandar a seleção brasileira foi realizado, mas a passagem foi uma grande frustração. O técnico foi campeão da Copa América, em 1999, mas deixou o comando após ser eliminado nas Olimpíadas de Sydney por Camarões, quando tinha dois jogadores a mais em campo. Na época, seu nome estava envolvido em acusações de documentação falsa e em um processo de sonegação fiscal.

“Eu estava no lugar certo na hora errada. Não tinha nada a ver comigo, mas naquele momento da seleção brasileira muitos interesses diversos se chocaram. Um dia eu vou falar sobre tudo isso aí. Mas em outro momento. Perdi muito profissionalmente. Trabalhei muito, muito, muito para chegar à seleção brasileira. E cheguei por mérito, como chegou o Tite agora. E me arrancaram de lá por interesses. Só interesses”.

Seu legado na seleção, ele afirma, são 19 atletas do grupo que Luiz Felipe Scolari levou para a Copa da Coreia e do Japão. Por isso, se sente injustiçado. “Já passei por uma CPI, já passei por uma série de coisas. Já fui tachado de ladrão, disso e daquilo. Nunca ficou provado nada contra mim. Estou aí, vivo, até hoje. Meio execrado, porque tinha um interesse naquele momento de fazer as coisas assim. Mas não tem nada provado porque eu sou um homem direito”.

Juca Varella/Folhapress Juca Varella/Folhapress

"Levei a CPI para dentro da Olimpíada"

Se não tivesse tido aquela confusão, talvez eu tivesse vencido as Olimpíadas. Eu fui da CPI para Sydney-2000, com aquela confusão todinha em cima de mim. Levei a CPI do Futebol para dentro da Olimpíada

Sobre o período pré-olímpico, em que foi envolvido nas investigações da CPI

Como trabalhar se 99% das perguntas eram sobre CPI? Esquece o trabalho em campo. Se não tivesse aquilo, a pergunta seria se o time tinha jogado bem ou mal. Mas era sobre se eu seria preso

Sobre o trabalho na Austrália

Como que vai funcionar isso aí? Não funciona. Os jogadores estão preocupados com o que está acontecendo comigo, com a comissão técnica, com o que vai acontecer com o time na Olimpíada...

E sobre os efeitos no elenco

Não digo que o Ricardo Teixeira pisou na bola. Mas faltou uma conversa para tomar uma decisão mais correta. Naquele momento, a decisão correta não era mandar embora. Ele sempre achou que eu era o melhor técnico. Faltou algo assim: "Tira uma licença até resolver tudo". Passou seis meses, estava resolvido e eu voltei a trabalhar normalmente

Criticando a postura da CBF em sua demissão

"O problema hoje é que os jogadores são muito melindrados"

Cesar Greco/Fotoarena Cesar Greco/Fotoarena

Até hoje Cuca me pede conselhos

Luxemburgo não esconde a chateação pelo tratamento dado a ele por parte da imprensa. Em sua opinião, enquanto os técnicos jovens são protegidos, os mais velhos lidam com mais cobrança e uma impaciência maior da mídia.

"Existe uma proteção muito grande. Vejo uma tendência entre os comentaristas de pedir tempo para os técnicos jovens trabalharem. Foram eles [os comentaristas] que plantaram essa ideia, então eles têm que proteger o que eles plantaram".

Essa rapaziada que está aí poderia estar pegando dicas. Liga para cá, escuta as entrevistas. Eles querem aprender, estão abertos para isso? Eu canso de falar que o Cuca me ligava sempre para perguntar. O que eu faço aqui? O que eu faço ali? Por onde eu vou? Isso é uma troca de conhecimento

Sobre contato com técnicos mais jovens

Eu tenho uma boa condição, tenho outras atividades, posso me manter, tá certo? Mas minha carreira é muito sólida e eu tenho experiência. E o que eu sinto é que está se deixando de usar toda essa qualidade e experiência enquanto ainda tenho saúde. Eu me sinto totalmente inteiro

Afirmando que quer compartilhar a experiência

Comigo era diferente. Com Parreira era diferente. Com outros também. A ideia sempre foi dar logo resultado. Futebol é resultado. Se não tiver, troca. Hoje, mudou. "Os jovens têm que ganhar experiência, ter tempo para a coisa acontecer". Por quê?

Sobre o tratamento da mídia

Gualter Naves/Light Press Gualter Naves/Light Press

Luxa está mordido

As constantes críticas que ouve sobre estar desatualizado o chateiam muito.  Por isso, agora ele se diz ainda mais motivado para mostrar que ainda é o bom e velho Luxa. E que ainda tem o seu valor.

Agora, quem me pegar vai pegar diferente. Vai me pegar com ela apontada para o céu".

"Porque agora eu quero mostrar que eu sou competente. Quem me contratar vai encontrar um Luxemburgo querendo mostrar o que ele sempre foi. Isso está dentro de mim. Se eu pegar um clube, pode ter certeza absoluta: eu vou para porrada. Vou para o pau. Botar para ganhar. É o que eu quero fazer. Vai ter um pessoal que vai ter que reconhecer: ‘O cara é diferente’.”

Você sabe que é querido quando anda no meio da rua e ouve do são-paulino, do corintiano, do palmeirense e do santista que te querem no time. Essa aceitação é a maior referência. Eu ando para lá e para cá sem seguranças. E toda hora ouço que estou fazendo falta

Sobre o contato com os fãs

Enquanto o pessoal achar que eu tenho que estar fora, eu fico fora. Quando achar que eu tenho que voltar, eu volto. E volto preparado. Porque eu não esqueci futebol. Não vejo nada que as pessoas discutem sobre conceitos modernos que eu não tenha conhecimento

Sobre quando vai voltar ao futebol brasileiro

Ricardo Ramos/VIPCOMM Ricardo Ramos/VIPCOMM

Presidente do Flamengo. Mas só com salário

Luxemburgo nunca negou seu amor pelo Flamengo. Até hoje ele sonha em uma volta para o clube, que já defendeu como jogador e treinador. “Eu gostaria de contribuir com o Flamengo, usando a experiência administrativa que tenho. Mas a primeira coisa a fazer seria mudar estatuto do clube”.

“Os presidentes dos clubes têm que ser remunerados. Não podem ser abnegados ou voluntários. Só quem recebe pode se dedicar o tempo todo. Mesmo com o patrimônio que construí, não posso passar três anos sem remuneração”.

“O caminho é que os clubes sejam tratados cada vez mais como empresa. Por exemplo: meus funcionários têm participação no negócio e, se me derem lucro, eles também lucram. Imagine em um clube: se eu, presidente do Flamengo, cortar do orçamento 100 jogadores, eu tenho participação nisso. Se o técnico revelar jogadores, o presidente tem uma participação também. Não tem nenhum problema nisso, desde que seja pactuado. Vira uma relação profissional. Mas o Brasil não permite isso hoje”.

"Se fosse europeu, falaria 3 línguas. Mas sou brasileiro, quase africano"

AFP AFP

Briga com Florentino no Real

Um fio desencapado que não se controla em muitas situações. Foi por essa personalidade que Luxa afirma ter deixado o Real Madrid após sua passagem pela Europa em 2005. "Eu saí por uma divergência com o presidente. Ele desceu da tribuna, eu estava saindo do vestiário. Ele deu uma cobrada na frente de todo mundo por causa de uma substituição do Ronaldo contra o Getafe. Estávamos ganhando e, no segundo tempo, eu tirei o Ronaldo. Beckham tinha sido expulso e nós estávamos com um a menos. A torcida não gostou. Ele veio falar comigo e nos desentendemos. E depois de se desentender com o presidente na frente de todo mundo... Mas sou amigo dele até hoje. De vez em quando conversamos".

EFE/Emilio Naranjo EFE/Emilio Naranjo

Portas abertas na Europa

Luxa nega que o fato de não falar bem o espanhol tenha sido um problema no Real. "O linguajar do futebol é universal". Afirma que sempre se deu bem com os atletas, como David Beckham e Zinedine Zidane, e que o bom trabalho deixou as portas abertas na Europa. O problema é que só voltaria para um time de ponta. "Eu não quis voltar para a Europa. Pessoal fala que os argentinos estão bem. Mas eles vão para começar em times do nível do Olaria, da Ferroviária, começar uma carreira. São jovens. A gente que já tem história não pode recomeçar a carreira. Eu já tenho uma história pronta. Ou vai lá para cima ou não dá para ir". Ele afirma ter recebido propostas do Lyon, da França, pouco depois de sair do Real Madrid.

Se eu ficar dez anos na Europa, não tenha dúvida: eu vou ganhar uma Champions. Ou mais. Mas tenho que ficar dez anos trabalhando no Manchester, no Real Madrid, no Barcelona. É a mesma coisa se o Mourinho vier para cá, trabalhar no Corinthians. Fica dez anos. Agora, se vem para ficar pouco tempo não vai conseguir. É muito difícil. Mas dá tempo para ele se adaptar que ele vai fazer como se tivesse nascido aqui

Mostrando sua visão sobre o futebol europeu

Ruben Sprich/Reuters Ruben Sprich/Reuters

Transformaram o Felipão em Barbosa

Para Vanderlei Luxemburgo, Felipão paga um preço alto demais pelo fatídico 7 x 1 na semifinal da Copa do Mundo. Ele elogia muito o colega de profissão e diz que poderia ter acontecido com qualquer um.

Felipão é excelente e vocês cercaram o cara por causa do 7 a 1. Pô, perdeu um jogo de 7 a 1 e ficou marcado na história? Mas ele foi campeão do mundo, tem história dentro do futebol brasileiro. Não foi o Felipão que perdeu. Ele era o técnico, mas podia ser eu, podia ser outro. Isso não pode ser levado assim. Não dá para acabar com o cara e acabar com todos os profissionais dali para trás

Defendendo o técnico do pentacampeonato

Como é no Brasil, fica rotulado. Com o Barbosa foi um crime. Ele ficou preso a um lance durante toda a vida dele. O cara pagou uma pena muito grande por ter tomado um gol. Não foi perdoado nunca. Foi a maior prisão que um cidadão já teve. Um cara virou criminoso sem cometer um assassinato. Nós, técnicos, estamos pagando a conta de um 7 a 1 como se fôssemos os responsáveis

Lembrando do goleiro de 1950

Você não consegue ser campeão do mundo da noite para o dia. Era a primeira Copa do Mundo do Neymar. O problema foi Ronaldinho Gaúcho, Kaká e Adriano. Eram jogadores que deveriam ter disputado a Copa do Mundo. Eles deveriam chamar a responsabilidade. Não o Neymar, um garoto. Foi um erro de geração. Os culpados foram eles. Se eles não jogaram a Copa é porque alguma coisa aconteceu na carreira deles

Explicando o que deu errado

Leo Correa/AP Leo Correa/AP

Essa seleção vai ganhar a próxima Copa. Ou a outra

A aposta é alta na atual formação da seleção brasileira comandada pelo técnico Tite. Luxa se derrete em elogios por Neymar e Gabriel Jesus. “É uma seleção que vai ganhar a próxima Copa do Mundo ou a outra. Não escapa. Essa geração vai ser campeã do mundo”.

Mas, para isso, Luxemburgo defende que haja um projeto maior, incluindo um contrato mais longo com Tite. “Acho que o contrato do Tite deveria ser até a Copa do Mundo do Qatar, não até a Copa da Rússia. Aí, sim, você está fazendo um projeto de seleção brasileira. Como deveria ter sido comigo, com o Felipão... O Tite tem que ser o técnico dessa geração, como aconteceu com a Alemanha. O problema é perder essa aqui e trocar. Aí interrompe o trabalho. Até a próxima Copa ele ganha”.

Miguel SCHINCARIOL/AFP Miguel SCHINCARIOL/AFP

Neymar já seria melhor do mundo não fosse o Messi

Neymar já tem bola para ser o melhor do mundo, mas ainda sofre com a hierarquia do Barcelona, em que Messi é o protagonista. "Se o Messi jogasse em outro lugar que não fosse o Barcelona, Neymar já tinha sido eleito o melhor do mundo. Pelo que já produziu. Teve jogador que precisou de muito menos para ser eleito melhor do mundo. A questão é que ele está do lado do Messi. E ainda tem o Cristiano Ronaldo do outro lado, naquela disputa que tem apenas esses dois lados".

AP Photo/Ricardo Mazalan AP Photo/Ricardo Mazalan

Gabriel Jesus nasceu no momento certo do futebol

Gabriel Jesus se encaixa perfeitamente na maneira como o futebol hoje é jogado. "Ele nasceu no momento certo. Em um cenário em que vai se destacar, vai ficar entre os melhores do mundo, pelo momento do futebol mundial. Não vamos comparar gerações, mas ele vai se tornar um dos melhores do mundo e pela maneira como o futebol mudou, pela maneira de jogar futebol hoje. Ele domina as três posições da frente. Joga por dentro, pela direita, pela esquerda. Vai fazer sucesso".

Arte/UOL Arte/UOL

Luxa na China: "Me sacanearam"

Luxemburgo foi contratado no fim de 2015 pelo Tianjin Quanjian, então na segunda divisão da China. Contratou três brasileiros importantes (Jadson, Geuvânio e Luís Fabiano), ficou sete meses no cargo e voltou ao Brasil. Achou que as portas estavam fechadas.

Descobriu, há pouco tempo, que os chineses não guardavam mágoa com seu trabalho. Ele voltou à China nesse mês, conversou com o presidente do clube, Xu Yu Hui, e acredita que pode voltar ao clube no futuro.

Como ele mesmo conta, o problema não foi com o clube, mas com um ex-jogador influente por lá: "Eu não falava chinês, só tinha tradutor. Não tinha convívio com os jogadores. Mas esse ex-jogador tinha. O nome é Le We Fan. Foi ele que me sacaneou".

Luxa conta que ele acabou no meio de um fogo cruzado de empresários. De um lado, os chineses que vieram ao Brasil para contratá-lo. De outro, os chineses que encontrou ao chegar ao futebol do país. Cada um querendo se beneficiar com o trabalho do treinador.

Existe corrupção na China?

Uma das polêmicas que envolveram o treinador foi uma denúncia de corrupção que fez ao voltar ao Brasil. Suas declarações geraram respostas duras, como a de Luiz Felipe Scolari – que disse que as palavras eram “totalmente absurdas”. Em defesa, Luxemburgo lembra da prisão de jogadores envolvidos em apostas dias depois da troca de farpas. "O Felipão ficou bravo, mas depois quatro ou cinco foram presos. Mas não é para generalizar. Os chineses estão trabalhando para mudar isso".

Estão num processo de crescimento do futebol. Existe uma ideia do governo federal lá de investir dentro do futebol. Eles têm 1 bilhão e 300 milhões querendo fazer daquilo lá uma potência do futebol. Vão fazer

Sobre o futuro do futebol chinês

Sobre dívida com Edmundo: "Moralmente, ele sabe que não devo nada"

Não fuja dessa

  • Robério de Ogum

    Ele é forte no que faz e eu o respeito. Tinha a percepção dele, me falava e eu seguia. Agora dizer que eu escalava o time por causa disso? Não existe. Se ele falasse para eu dar a bunda, eu vou dar a bunda? Porra... Desculpa falar assim, mas tem umas coisas que se fala muito.

    Imagem: Reprodução/Site oficial
  • Marcelinho Carioca

    Eu tive algumas situações desconfortáveis com o Marcelinho e tomei a decisão de quem comanda. Depois resolvemos o problema, ficou para trás. Se o vejo, cumprimento normalmente. Só que não tenho contato com ele no dia-a-dia. Tinha muita relação quando estava trabalhando. Ele me perdoou. Isso aí resolve.

    Imagem: UOL Esporte
  • Leão

    Quando voltei do Real, ele achou que eu o derrubei no Santos. Éramos amigos. Leão, por que eu tenho necessidade de derrubar alguém? Nunca mais nos falamos. É que ele é mão de vaca, mas no dia em que quiser pagar um almoço ou um jantar, eu vou comer com ele. Eu tenho a maior admiração por ele. Mas não quer falar comigo, deixa.

    Imagem: Leandro Moraes/UOL
Ed Ferreira/Folhapress Ed Ferreira/Folhapress

Marco Polo del Nero

Se você soubesse que poderia ser preso ao embarcar para qualquer país, você tentaria sair? Ele sabe que pode ser preso. Estou fazendo essa pergunta porque ninguém faz. Ele pode se defender sem se oferecer para ser preso. O problema, aqui, é outro. Ele acha que pode representar o Brasil? Todo mundo acha que não. Então, abdica do cargo de presidente da confederação. A discussão é diferente. Se ele não pode viajar, então tem que se discutir se ele deve ou não sair da CBF. Agora, se é para viajar para ser preso, ninguém viajaria.

Mastrangelo Reino/Folhapress Mastrangelo Reino/Folhapress

"Se eu fosse filho da p..., você acha que eu seria casado há 44 anos?"

Se eu fosse um chefe de família ruim, você acha que eu seria casado há 44 anos? Não sou contra trocar. Se não dá certo tem que trocar. Mas eu estou casado com a mesma mulher há 44 anos. Ela começou comigo quando eu não tinha nada e vai morrer comigo agora que temos tudo

Sobre o casamento com Jô, com quem tem três filhas

O dia em que a filha se escondeu no banheiro com um jogador

Vanderlei Luxemburgo deveria ser ciumento com as filhas. Mas o técnico é um cara tranquilo, se dá bem com os genros e até dá risada de histórias curiosas do passado – incluindo a de um jogador que se escondeu no banheiro de sua casa para que ele não descobrisse o relacionamento com uma de suas filhas.

Eu soube que a Vanuza namorava o Maldonado [jogador chileno que fez sucesso no Brasil] numa entrevista com o Cosme Rímoli, do JT. A conversa foi em um restaurante na Alameda Santos, não lembro o nome. Recebi um telefonema da minha esposa no meio da entrevista.

- Preto, você tá onde?

- Estou aqui na entrevista.

- Então dá um jeito de ir embora. Sua filha está aí com o Maldonado.

- Como assim?

- Ela está namorando com o Maldonado e, quando eles viram você chegando, foi cada um para um canto. Um para o banheiro feminino e outro para o banheiro masculino. Não podem ir embora por causa de você.

Eu disse que iria ficar o tempo todinho no restaurante, para deixar os dois lá. Fiquei sabendo assim.

Juca Varella / Folha Imagem Juca Varella / Folha Imagem

O outro genro jogador

"O Fabiano eu fiquei sabendo pelo Alex, no pré-olímpico. Ele era o capitão do time e eu não sabia que os dois namoravam. E ele falou: ‘Tem um problema aí’. Eu falei: ‘O que é?’. Ai falaram: ‘O Fabiano namora com a tua filha’. Eu falei: ‘Como é que é?’. Mas depois descontrai, faz parte. Eles suavam para caramba com medo”, conta aos risos.

"Eu queria homens, mas ter filhas é muito melhor"

Getty Images Getty Images

A boa vida de Luxa: vinho e pescaria

Aos 64 anos, Luxemburgo faz questão de viver a boa vida. Quando é possível, ele foge para pescar. “Pescaria é o maior lazer que tem. Você se desliga de tudo, fica só concentrado naquele negócio ali. Quando vou para o Pantanal ou para a Amazônia, só vivo aquele momento. Tomo minha cachaça, minha cerveja”.

“Vou para o rio pescar e só penso no peixe. Não tem celular. Você arremessa, prende na árvore. Arremessa, prende no toco. Fica brigando, xingando. Mas aí pega um peixe grandão, arrebenta a porra e tu fica louco da vida. Essa é a maior terapia”, conta.

Outra paixão é o vinho:

“É uma bebida ainda que as pessoas desconhecem. Os brasileiros estão começando a mudar isso, mas eu adoro vinho. Eu venho para o restaurante, trago minha garrafa de vinho e deixo ali para tomar. Eu tomo todo dia”.

Reinaldo Canato/UOL Reinaldo Canato/UOL

Você é viciado em pôquer?

Eu não sou viciado em absolutamente nada. Vício penetra quando você é fraco de cabeça e deixa as coisas penetrarem em você. Eu jogo pôquer e cacheta desde 1968, 1969. Isso está dentro do futebol. Joguei cacheta com o Paulo César Carpegiani, Raul, Zico, com todo mundo. Pôquer e cacheta. Eu libero na concentração até certa hora”.

É nesse clima que ele fala sobre sua relação com o jogo. Ele admite ter uma rotina como jogador: toda segunda-feira se encontra com amigos em um bar. Cada rodada tem apostas “baixas”. Ele ressalta que não há nada de errado nisso.

Apostam cesta básica, almoço, jantar. Com uma família, com outra... O problema é que, só porque era eu, falaram como fosse um ato de contravenção. Jogo toda segunda. Joguinho para ganhar R$ 1500, R$ 2500

Sobre o jogo semanal

Quando tem torneio aqui, todo mundo vai. E eu não posso ir? Sabe quanto custa a entrada do BSOP? R$ 1000. Pô! E os caras falando que isso é vício. Que eu passo a noite toda jogando. Os caras são loucos. Ficam inventando história

Reclamando da marcação da imprensa

O técnico ficou especialmente irritado com uma matéria veiculada na Revista da ESPN ainda em 2010 que ligava sua queda profissional ao vício em pôquer.

Isso foi uma baita de uma covardia. E com uma coisa que hoje é popular. Não tem quem não jogue pôquer hoje. Não tem quem não se divirta com isso. É um baita de um lazer”.

Luxemburgo fala sobre problema com cassino: "Queriam cobrar a mais"

CAIO GUATELLI/Folhapress CAIO GUATELLI/Folhapress

Amigo de Lula, Luxa diz que PT cometeu muitos erros

O técnico não esconde que é petista e amigo pessoal de Lula. Ele foi contra o Impeachment da presidente Dilma Roussef, mas admite que o partido cometeu erros.

“O PT se equivocou, como qualquer um se equivoca. Achei que o impeachment foi uma grande covardia com o país. É o meu pensamento. Foi um golpe para o país. Quem brigou pela democracia não pode admitir que o impeachment seja o caminho”.

Para o técnico, a corrupção está enraizada na cultura do brasileiro. “Acho que esse processo político todo que está acontecendo envolve a corrupção enraizada dentro do país. Independentemente de partidos. A corrupção sempre esteve inserida na política brasileira desde a época da ditadura. É cultural.

Como petista, acho que houve equívocos. Mas foram do PT, do PMDB, do PSDB..."

Houve mudança ideológica ao longo do tempo. O partido foi mudando. As pessoas arrebentaram com o PT, como estão arrebentando com o PMDB, com o PSDB. A Lava-Jato nada mais é que um instrumento para demonstrar isso. Tem que haver uma mudança

Analisando os problemas do PT

Radicalismo não é bom em lugar nenhum e o PT era muito radical. Só que que você governa com conversa. O problema é que o PT mudou seu conceito ideológico para governar e isso está errado. Tinha que manter a raiz, mas sem o radicalismo

E criticando o radicalismo do partido

Alex Silva/Estadão Conteúdo Alex Silva/Estadão Conteúdo

"Lula está passando o que eu passei"

Mesmo com todos as acusações envolvendo o ex-presidente Lula, Luxemburgo acredita que ele tem grandes de se eleger novamente em 2018 – “É o que as pesquisas mostram. E eu acho que tem muitas chances de ser presidente de novo”. E ainda afirma que os dois passaram por processos semelhantes com acusações sem provas.

“Até agora, tudo o que se falou sobre o Lula é igual ao processo que aconteceu comigo. Nunca provaram nada do que falaram de mim. E o que provaram do Lula até agora? Espera aí: se ele fez tudo aquilo, se era o chefe, o líder, tinha que estar preso. Mas uma coisa é falar, outra coisa é provar para prender. Os caras não têm provas para isso”.

Reprodução Reprodução

A mágoa no Bem Amigos

Um dos últimos episódios que o deixaram chateado aconteceu no programa “Bem, Amigos”, do Sportv. Ele discutiu com o comentarista Marco Antonio Rodrigues e com o narrador Cleber Machado. Marco Antonio perguntou se Luxa estava desatualizado, o que para o treinador foi interpretado como uma covardia a maneira como foi indagado.

“Foi desnecessário. Ele sabia muito bem o que estava falando e poderia colocar outra palavra, sem usar aquele termo. Mas ele fez questão de marcar presença. Talvez ele é que fosse ultrapassado para ter que marcar presença com aquela pergunta. Ficou parecendo aquele repórter que avisa: vou fazer a melhor pergunta do mundo".

Já Cleber indagou se Luxemburgo não deveria ter aprendido outras línguas para fazer uma carreira internacional. "Eu falo bem inglês, mas não falo fluente. Se eu ficar na Inglaterra um ano, em um ano eu vou falar fluente, porque eu vivi lá um ano, um ano eu vou aprender as palavras-chaves, o segredinho do futebol que faz diferença. Achei uma baita de uma covardia, mas também já ficou para trás, não vou ficar falando".

"Ficou feio para ele. Para mim, não. Eu chuto o balde mesmo. Todo mundo me conhece. Ficou uma situação desagradável. Foi uma baita de uma covardia. Desnecessária. Mas faz parte. Sou amigo deles”.

 

Curtiu? Compartilhe.

Topo