Livre para informar

"Petralhas" x "tucanos", polêmica com Kaká, peladas da Playboy e outras histórias do jornalista Juca Kfouri

Bruno Freitas e Vinicius Mesquita, com colaboração especial de Daniel Lisboa Do UOL, em São Paulo
UOL

Em mais de quatro décadas em importantes redações do país, Juca Kfouri viu um pouco de tudo. O jornalista testemunhou a dramática transição da ditadura à democracia, por exemplo. Mais do que escrevendo, o brasileiro de São Paulo foi às ruas para combater o regime como podia, dirigindo automóveis para servir ao engajamento contra a opressão militar.

Depois de passar pelas Diretas Já e pelo impeachment de Dilma, Juca hoje se vê no meio da era do ódio, em voga principalmente na internet. Identificado no passado como um simpatizante do PSDB, Kfouri hoje é classificado como um amigo do petismo – mas o jornalista diz que não é uma coisa nem outra. Neste clima, pela primeira vez desde a ditadura, o homem que fala sobre esporte e poder na imprensa afirma que teme pela integridade física quando sai de casa.        

No primeiro plano do jornalismo desde os anos 70, Juca colecionou casos com praticamente todas personalidades importantes do Brasil no período, de conversas privadas com presidentes da República a negociações para ensaios nus com algumas das mais belas mulheres do país. "Só não conheci o Doutor Ulysses", diz.

Na entrevista abaixo, veremos Juca visitar um rol de casos de bastidores com gente como Pelé, FHC, Galvão Bueno, Glória Pires, Sócrates e Kaká. Do plano menos conhecido do jornalista, ainda surgem faces como a do corintiano que provocou a fúria da Fiel e a do pai que peitou a rotina das redações para criar os filhos de perto.

Petralha ou tucano?

Arquivo pessoal Arquivo pessoal

Tirou gente do país na ditadura

José Carlos Amaral Kfouri era um jovem estudante de Ciências Sociais na USP quando engrossou a militância contra a ditadura militar no Brasil. Ao mesmo tempo em que iniciava sua vida como jornalista, ajudava a ALN (Ação Libertadora Nacional). Jamais pegou em armas, mas atuou como um hábil motorista, responsável por tirar do país "subversivos" perseguidos pelo regime.

"Alguns a gente tirou. A Editora Abril tinha um esquema, tinha um deles oficial do Exército, que era o chefe da segurança da Abril, cujo trabalho era permitir que quem fosse ser buscado pela polícia política na Abril saísse por uma saída pelos fundos e não fosse preso. A Abril se orgulhava de nunca ter um jornalista seu sido preso lá, e diversos foram procurados. Diversos", relatou.

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A saída da militância

Juca Kfouri atuou como motorista e quebra-galhos de Joaquim Câmara Ferreira, conhecido como o Comandante Toledo, um dos parceiros de Carlos Marighella na direção da ALN. Foi o famoso militante que ajudou o jornalista a deixar o engajamento tempos depois.

"Fui cobrir um ponto. Aquela coisa, você vai encontrar um cara com alguma coisa debaixo do braço. Na esquina da Paulista, quase no Paraíso. E eu cheguei um pouco antes. Eu olhei para aqueles prédios todos, estavam construindo um banco desses multinacionais. Eu olhei: 'Puta merda, isso nunca vai ser uma colônia de férias de um trabalhador. Nós não estamos em Cuba, isso aqui não é uma fazenda, o capitalismo está arraigado, que loucura que estamos fazendo, não vamos poder com essa gente, vão dizimar a gente'", relembrou.

Roberto Stuckert/Folhapress Roberto Stuckert/Folhapress

Copa de 70: torcer ou não torcer?

Louco por futebol desde criança, Juca não poderia perder nenhum jogo da seleção na Copa de 70. No entanto, um professor na faculdade de Ciências Sociais marcou uma prova justo na hora de Brasil x Romênia. O aluno resolveu pedir uma transferência de datas, na frente da classe, e acabou levando uma vaia coletiva. Afinal, para muitas cabeças de esquerda, apoiar o "escrete canarinho" significava endossar a ditadura.   

"Ao sair da sala eu peguei ele pelo braço e falei: 'Professor, eu não venho fazer a prova, eu vou ver o jogo'. Foi a única vez que eu vi ele irritado, ele me disse: 'tudo bem, você faz aí na sexta-feira, sozinho numa sala'. A minha classe passou a me tratar como um alienado (...) e eu brigava na minha sala, que eu achava que os caras estavam permitindo que a ditadura roubasse aquilo que tínhamos de mais íntimo", relatou.

Eu dizia: 'eu continuo me comovendo quando ouço o hino do Brasil, eu não permito que eles usurpem meus sentimentos, a bandeira do Brasil não é deles. O futebol não é deles'", acrescentou.

 

A morte do amigo Norberto

O terror de um regime totalitário é mais palpável para quem perdeu gente querida no período. Casado com uma prima de Juca, Norberto Nehring era uma espécie de ídolo do jovem jornalista. Economista e professor da USP, foi integrante da ALN. O militante acabou preso, torturado e morto pelos serviços de opressão da ditadura. A notícia de sua morte chegou durante uma partida do Brasil na Copa de 70.

"E aí, está jogando Brasil e Tchecoslováquia, toca o telefone lá da minha casa, estávamos todos, meu pai, meus irmãos, amigos, vendo o jogo. Ainda me lembro do meu pai falando: 'quem é o alienado que está ligando para cá?'. Minha mãe atende e fala com tom grave para o meu pai: 'Carlos, é o Nede'. Nede era o meu tio, pai da Maria Lygia, mulher do Norberto (...) e aí acaba o jogo, meu pai me pega pelo braço e fala assim: 'Juca, vamos para casa do seu tio, o Norberto foi achado morto num hotel da zona da boca do lixo'. Eu fui e, no caminho, gente na rua festejando. E eu tive ódio, ódio do futebol", contou.

"Mas, enfim, felizmente, por minha saúde mental, eu consegui comemorar a vitória do Brasil contra a Itália, eu consegui separar as coisas, que sempre foi uma coisa que eu fiz, que eu consegui fazer", afirmou. 

 

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Ajudou Pelé a virar ministro de FHC

Em um certo dia de 1994, Juca recebe um aviso: "o presidente vai te telefonar, esteja perto do telefone". Ex-aluno de Dona Ruth Cardoso na USP, o jornalista tinha proximidade com FHC e ouviu uma surpreendente sondagem para assumir a Secretaria do Esporte (que depois viraria Ministério Extraordinário). Kfouri recusou, argumentando que não sobreviveria na convivência com a cartolagem da época. No entanto, deixou ao chefe da nação a sugestão de que Pelé fosse a cartada.  

Elo entre a presidência e o "Rei", Juca abrigou uma inesperada reunião de convite em seu antigo apartamento em São Paulo, na Vila Nova Conceição. Pelé chegou ao local escondido dentro do porta-malas do carro do jornalista, para despistar a imprensa que se aglomerava na frente do prédio. O rumor era de que Kfouri seria convidado para o Ministério.

Não para de tocar o interfone. Eles conversaram, o Pelé aceitou e o Fernando Henrique foi embora. Quando chegou no saguão do prédio, ele (o presidente) falou: 'agora você doma esse pessoal aí, porque eu vou embora'. Desceu para a garagem, foi embora

Juca Kfouri, jornalista

E eu fui falar com os jornalistas. 'Veio te convidar, né?'. Eu estava trabalhando na Globo e falei: 'não, não veio me convidar, eu sei que pode não parecer verossímil, mas eu não ia mentir para vocês, jamais faria isso. Não tem nenhum convite'

Juca Kfouri, jornalista

Acredite você ou não, eu tive que ir embora para a Abril sozinho, o Pelé ficou, a Ledinha, minha mulher, saiu com o Pelé com o carro dela, no banco de trás, ele coberto, porque uma moça do SBT ficou até eu sair e foi atrás de mim

Juca Kfouri, jornalista

Decepção: "O Edson traiu o Pelé"

Após uma histórica entrevista de Pelé para Juca na Playboy, na década de 90, ambos desenvolveram uma amizade especial. Em 2001, o jornalista trabalhava numa biografia do ídolo, quando foi consultado sobre uma decisão polêmica. O "Rei" estava prestes a assinar um acordo denominado de "pacto da bola", que propunha um novo calendário ao futebol nacional. Mas, atrás da manobra estava uma jogada para melhorar a situação de Ricardo Teixeira, então implicado na CPI do Futebol.

Juca desaconselhou o ex-jogador a entrar no acordo, mas o ídolo não acatou, pois entendia que o gesto poderia representar "a salvação do futebol brasileiro". Neste período, os amigos tiveram um telefonema tenso, de 40 minutos, em que o jornalista disse que só prosseguiria na biografia se pudesse incluir um capítulo de título: "O dia em que Edson traiu Pelé". O livro não saiu, e a amizade esfriou.

 

Não dá para não gostar dele (Pelé). Eu gosto muito dele. Tenho guardado até hoje, um dia ele me mandou um bilhete: 'irmãos não brigam, fazem as pazes'. Mas ficou uma coisa, aquele negócio do cristal. A gente se viu muito pouco depois disso. Eu lastimo muito esse momento e sei que o outro lado solta rojões até hoje dizendo que uma das melhores façanhas deles foi conseguir nos afastar

Juca Kfouri

Juca Kfouri, jornalista

"Eu não perdoo o Kaká"

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Na Globo: carta "quase" branca

Com surpresa, Juca recebeu a ligação de Armando Nogueira com o convite para se juntar ao time da Globo, em 1988. O diretor de jornalismo da emissora desejava contar com o chefe de redação da Placar como um colunista no noticiário noturno.

"Armando, estou estranhando, eu sou um cara muito crítico, vivo batendo em cartola", disse Juca na negociação, ouvindo de volta a promessa de falar o que quiser. A única recomendação era poupar João Havelange, já que o então presidente da Fifa era muito amigo do Roberto Marinho, dono da Globo.

Juca trabalhou com independência na emissora, eventualmente criticando Ricardo Teixeira e Eduardo José Farah, então presidente da Federação Paulista de Futebol. Jamais foi repreendido pelo comando do jornalismo, mas chegou a ser punido pela chefia de esportes. Certa vez, ao rebater um comentário de Farah, de que o Paulistão era mais importante que a final do Mundial, Kfouri foi substituído por Raul Plassmann na transmissão da decisão do Estadual.   

Apesar de se sentir à vontade na emissora, formando uma parceria entrosada com Lillian Witte Fibe no Jornal da Globo, Juca Kfouri pediu para sair em meados da década de 90. Uma nova fase editorial de Placar inviabilizava a conciliação entre as duas redações. 

Embate com Galvão

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Senna pediu para tirar Galisteu da Playboy

De 1991 a 1994, Juca Kfouri chefiou uma das maiores grifes do mundo editorial, a edição brasileira de Playboy. Esta fase contou com façanhas jornalísticas como a revelação da identidade do cartunista erótico Carlos Zéfiro, uma lenda do catecismo sexual dos jovens na década de 50. Mas nem tudo foi às páginas da revista.

Um dia, em seu escritório na Editora Abril, Juca recebeu um telefonema inesperado de Ayrton Senna, então no auge na F-1. O piloto pedia para que a revista não publicasse o ensaio já produzido com uma modelo ainda desconhecida, dessas que trabalham em circuitos segurando guarda-sol. O campeão mundial estava apaixonado e não queria que a Playboy expusesse a jovem Adriane Galisteu.

O ídolo foi prontamente atendido. Senna quis pagar pelas fotos, mas Juca não aceitou, fazendo "caridade com o chapéu alheio" – no caso, o da Abril. "Me deu o endereço, tomei nota, coloquei todo o material dentro e mandei para ele. Não sei que fim ele deu para aquele material", disse. 

 

Glória Pires não quis tirar a roupa

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A alma da Placar

Muito antes da internet, a Placar educou algumas gerações de torcedores brasileiros sobre a paixão por futebol. Para Juca, pessoalmente, a redação da revista foi mais do que isso. O jornalista entrou na Abril com 20 anos, virou chefe de reportagem com 24 e, finalmente, um precoce editor aos 29.

"Eu entrei na Abril com 20 anos de idade e saí com 45. Durante 25 anos fiquei na Abril todos os dias. Quando eu saí da empresa, eu tinha de Abril mais tempo do que eu tinha de vida quando entrei na empresa", relembrou.

Um dos grandes marcos na gestão de Juca Kfouri à frente da Placar foi reportagem que descortinou a Máfia da Loteria Esportiva, em 1982. Resultado de um ano de investigações, a matéria provocou enorme repercussão no futebol nacional. A Abril foi alvo de 30 processos judiciais por causa deste trabalho, mas venceu todos.

Bandeira contra o "merchan"

Quem acompanha Juca Kfouri nas mídias em que atua conhece seu pensamento sobre combinar propaganda com jornalismo no mesmo espaço. "É a coisa de tentar defender a profissão da gente. Eu não tenho nada contra publicitário. Ou você faz uma coisa, ou você faz outra. Não dá para misturar (...) imagine um grande jornalista que você respeite fazer propaganda. Não existe", opinou.

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Adeus à RedeTV

O jornalista apresentou o "Bola na Rede" de 2000 a 2003, até o dia em que um diretor tentou emplacar propagandas dentro do programa. "Um belo dia me falaram: 'todos os programas fazem merchandising, menos o nosso. Como que a gente resolve? Eu quero fazer merchandising, o que eu faço?' Eu digo: 'você rompe o contrato comigo e começa a fazer merchandising A televisão não é minha, é tua, eu não vou fazer'".

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Olivetto propôs comercial

A questão ideológica jornalismo vs. propaganda um dia chegou a esquentar o clima da amizade entre Juca e Washington Olivetto. O premiado publicitário tentou convencer o amigo a mudar de opinião com uma ideia para um comercial de cerveja, mas sem sucesso. "Tentou, se você quer saber. Nem deveria contar. E era uma coisa brilhante, como as coisas dele (...) eu disse: 'compadre, quer romper relações comigo?'", relatou.

Um "escravo" do blog

Desde 2005 Juca Kfouri responde por um blog no UOL. O que começou com uma atividade de pouca pretensão logo virou um dos espaços do gênero mais influentes da imprensa brasileira. Mas não sem um custo. A numerosa legião de leitores pressiona o autor a publicar constantemente e comentar quase de tudo.   

"Não, refém, não. É escravo mesmo (...) e aí me dei conta que no fim de semana tinha jogo para burro. Vejo o jogo e ia comentando. Passei a fazer seis, sete notas por dia. No sábado e domingo, mais ainda. Eu comecei a perguntar assim para mim: 'o que você faz na vida? Eu sou blogueiro. Não sou jornalista, eu sou blogueiro'. Isso é uma máquina de fazer doidos", comentou. 

Porque tem a coisa da interatividade permanente. Apesar de você descobrir também os tais dos odientos, essa coisa covarde na internet. Ao mesmo tempo, é uma fábrica de pauta, você toma temperatura do que a sociedade está pensando. Eu sei de muita gente que desistiu de fazer blog por se sentir muito agredido

Juca Kfouri

Juca Kfouri, jornalista

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Um arrependimento:

"Não tem o que conserte isso"

Numa carreira extensa é difícil acertar todas, ainda mais para quem, além de informar, tem a missão de opinar. Para Juca Kfouri, ficou um arrependimento sobre uma coluna que tratava de ídolo do esporte.  

"Eu publiquei uma vez uma nota para explicar porque um grande atleta brasileiro tinha caído tanto de desempenho. Porque ele tinha tido a notícia que sobrinhos dele tinham um defeito congênito, e esqueci que esses sobrinhos tinham um pai e uma mãe, que não gostariam nem um pouco de ver seus filhos expostos desse jeito para justificar porque um atleta estava jogando mal", relatou.

"Tempos depois eu encontrei com essa mãe, que me deu uma verdadeira lição sobre o tamanho do erro que eu tinha cometido. Eu não vivo para me arrepender disso. E não tem o que conserte isso", concluiu.

Quase apanhou da torcida do Corinthians?

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Sócrates: "saudade"

O histórico camisa 8 do Corinthians foi o único "objeto do trabalho" de Juca que acabou virando um amigo. A Democracia Corintiana ergueu uma relação que uniu as duas famílias, os filhos e motivou até férias com todos juntos. Mas nada que interferisse na convivência profissional, como atesta a crítica do jornalista à cobrança de pênalti perdida por "Magrão" na Copa de 1986 – comentário que gerou um leve atrito entre ambos.   

"Gozado, eu sinto muita saudade dele. Mas tenho para mim que era meio claro que ele não seria um cara que viveria muito. O Magro era um cara do século 19, era um moleque dos poetas. A coisa do tenho que viver apaixonado, tenho que viver permanentemente com o prazer. Se tiver que me tirar o prazer, melhor não continuar a viver", disse Juca, em reflexão sobre o amigo.

Sócrates morreu em 4 de dezembro de 2011, horas antes da última rodada do Campeonato Brasileiro, em que o Corinthians confirmaria o título. Juca Kfouri é um homem cético, mas sentiu naquele dia que nada tiraria a taça do Parque São Jorge.

"Eu chorei muito. É o dia feliz mais triste da história do Corinthians. Eu vi aquele jogo meio anestesiado. Eu que não acredito em nada, com a absoluta certeza de que o Corinthians ia ser campeão. Não ia acontecer de o Corinthians ainda perder esse título. Vai ser um 0 a 0, jogado sem grandes emoções. E acabou sendo, não foi um grande jogo. Parece que o Palmeiras percebeu também que não ficava bem. Sei lá, que não ia poder ter abraço de gol, porque estava aquele clima", recorda o jornalista sobre a data.

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O filho que virou jornalista

Pai de quatro filhos, Juca não esperava que um deles pudesse seguir o seu caminho profissional. Mas o primogênito André dava sinais de ter a veia jornalística já na infância, quando num final de semana dentro da redação de Placar salvou a equipe de um branco criativo. O garoto sugeriu uma manchete original para a estreia de um ídolo da seleção no Tricolor: "São Paulo Roberto Falcão".   

Ótimo aluno na escola, André inicialmente escolheu fazer vestibular para Direito, para a alegria do avô, formado no Largo São Francisco. Mas, para espanto da família, o jovem Kfouri não passou na prova. Então o pai teve um diálogo decisivo com o futuro repórter e apresentador dos canais ESPN.   

Juca: Foi fazer o vestibular de salto alto, né?

André: Eu não sei se foi salto alto ou se eu realmente queria mesmo era não entrar. Eu mudei de ideia, eu vou fazer Jornalismo.

Juca: Meu, você está de sacanagem, brincadeira. Não faça isso. Você vai herdar todos os meus inimigos, nenhum dos meus amigos vai te ajudar, como eu não ajudo filho de nenhum amigo meu. E você vai ser o filho do Juca, não é legal.

André: Pai, você é feliz no que você faz, né?

Juca: Você sabe que eu sou.

André: Então me deixa ser feliz também. 

Para mim não tem essa conversa, eu vi meus filhos crescerem. Eu vi todas as gracinhas que eles fizeram. E o tempo que eu não tive com eles, era o tempo que era impossível estar com eles. Esse tempo é impossível para jornalista, para médico, para advogado, para engenheiro, para motorista de praça. Você tem que se programar para não ser ausente e não deixar na conta da mãe, da babá, ou de quem quer que seja

Juca Kfouri

Juca Kfouri, jornalista

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