Todo mundo sabe que a arbitragem não é profissionalizada no Brasil. As pessoas que fazem este trabalho não têm carteira assinada e benefícios, por exemplo, e recebem apenas cachês por suas atuações em partidas. Só que o não cumprimento das leis trabalhistas está longe de ser o único problema da classe, como identifica Carlos Eugênio Simon em tom crítico.
"Não é possível um negócio que envolve bilhões e bilhões de dólares, em que os jogadores têm um aparato por trás, com médicos, fisioterapeutas, psicólogos, manter o árbitro como aquela figura solitária. Profissionalização não quer dizer só salário, quer dizer criar condições para os caras exercerem a sua profissão na plenitude, com reuniões, encontros de árbitros, encontro com os instrutores, psicólogos médicos, fisioterapeutas. Hoje o árbitro se machuca é igual à minha época, vai procurar um médico amigo dele para fazer exames. Não evoluímos em nada", conta o comentarista.
Em 2017, a CBF contratou um seguro de vida e de acidentes pessoais em favor dos árbitros, mas somente quando no exercício de suas atividades e se o problema causa incapacidade temporária. Esta medida faz parte de um pacote recente de novidades promovido pela entidade, que realiza cursos de aperfeiçoamento periódicos para os árbitros e aumentou a cobrança por alto desempenho com um novo centro de pesquisa e análise da arbitragem - inclusive de seus erros, que são divulgados em relatório.
O árbitro de vídeo (VAR, na sigla em inglês) também faz parte deste processo para corrigir erros que, de acordo com o presidente da Comissão de Arbitragem da CBF, Marcos Marinho, "ocorrem menos por incapacidade, mas por impossibilidade humana de percepção de alguns fatos."