A gente se acostumou a crescer na sombra dele. Eu era o terceiro goleiro do São Paulo; você, o quarto. Naquele dia, encontramos o Rogério e o Lugano conversando depois do treino e eles nos convidaram para o show do U2. A gente nunca foi muito de U2, mas era de graça e era no Morumbi. “Eu levo vocês, mas depois vocês dão um jeito de voltar, tá?”, disse o Rogério.
Você diria não ao Rogério?
Entramos no carro, fomos à casa dele e encontramos sua esposa. Ele se disfarçou de gente comum, venceu a multidão incólume e foi até o camarote das estrelas do time. Como nós éramos só os goleiros reservas, avisaram que teríamos que nos separar porque nossos ingressos eram de arquibancada.
O Rogério não se conformou e mandou a gente voltar. “Hoje vocês ficam com a gente”, e nos puxou para o camarote. Algumas pessoas têm uma imagem errada do cara. Mas eu e você sabemos como ele sempre nos tratou durante os anos em que crescemos debaixo de seus braços.
Antes de conhecermos o maior jogador da história do São Paulo, éramos apenas moleques que não gostavam de estudar e sonhavam em ser jogador de futebol.