“As pessoas que assistem acham que aquilo é um mar de rosas”. Não é, avisa Milton. “É uma tensão danada. Uma transmissão de televisão deve envolver, por baixo, cerca de 50 pessoas. Você tem o pessoal do caminhão, meia dúzia de câmeras, caboman, o cara do áudio, o cara do vídeo, diretor de TV, coordenador... E eu tenho no meu ouvido ao menos três pessoas falando comigo. É o coordenador do caminhão, o diretor de TV e o cara que está lá no Rio, na central da emissora, recebendo as imagens”, conta.
“Além disso, você coordena dois repórteres, às vezes dois comentaristas, e, além de fazer o meio-campo, você tem de controlar o número de inserções comerciais da transmissão. Tudo isso quem controla é o narrador. Então, é um troço tenso. São três horas de concentração e, além de tudo, tem que prestar atenção no jogo e narrar direito”.
É uma coisa estressante, por isso que de vez em quando o palavrão sai".
Foi assim na Olimpíada do Rio de Janeiro, durante a prova de Thiago Braz, que conquistou a medalha de ouro no salto com vara. Milton Leite acabou soltando um palavrão ao falar com o coordenador do caminhão: “Deixa eu falar, porra”.
Recentemente, um “caralho” vazou. Ele foi chamado para participar do Troca de Passes, mas não estava escutando nada. O narrador conta que aquele episódio foi uma sequência de erros, a começar por um dele mesmo. “O primeiro erro, primordial, foi o meu ao ter falado um palavrão. Mas o coordenador do caminhão não deveria ter deixado a minha imagem ir para o Rio. E o cara do Rio, que recebe o sinal antes de passar para o programa, deveria ter dito ao coordenador que ainda não estava pronto. Já o cara que põe programa no ar deveria ter percebido que não estava pronto”.