Declaração do artista:
Trabalhar no mar é totalmente diferente; é outro ambiente. A arte pública tradicional geralmente envolve metais e/ou trabalho de fundição, mas tive que investir um tempão na evolução dos materiais, de modo que se se tornassem adequados para a região submarina e não causassem danos. Na verdade, eles promovem e sustentam vida.
Muita gente diz: "Mas você fez umas esculturas incríveis para jogar no mar? Elas se perderam, vão ser esquecidas." Minha intenção foi mudar esse conceito e fazer o público descobrir que o fundo do mar é, na verdade, um local precioso, verdadeiramente sagrado, que devemos pensar em proteger e valorizar. Colocando obras de arte ali, acho que ajudamos a mudar esse sistema de valores.
O que me chocou de verdade foi a rapidez com que as coisas se desenvolveram. Acho que a biomassa marinha do local aumentou uns 200%. Agora há cardumes com milhares de sardinhas, squatinas raras e raias-borboletas. Uma cadeia inteira de espécies se mudou para uma área que estava praticamente deserta há uns dois anos.
Esponjas laranja imensas praticamente engoliram algumas das esculturas. Surgiram várias espécies diferentes de algas, algumas muito bonitas, vermelhas e verdes, que se movem ao sabor da correnteza.
A figura humana está gravada na nossa psique e, portanto, pode mudar como for, mas sempre será reconhecível. Acho que nos identificamos mais com as coisas que consideramos parte de nós mesmos. Quero que a obra seja um elemento de conexão. O mundo subaquático, profundo, parece um lugar completamente estranho, isolado de nós mesmos. Eu quis poder usá-la para permitir uma conexão com o espaço.