Mentir na política não é algo novo. Porém, esta eleição foi marcada pela avalanche de mentiras produzidas em escala industrial e distribuídas em massa com apenas um clique. O objetivo é confundir o eleitor, segundo o diretor da ONG SaferNet, Tiago Tavares.
A caixa-preta é o WhatsApp. O aplicativo tornou-se o principal canal para divulgar informações fraudulentas, tanto para favorecer um candidato ou partido quanto para prejudicar outros. Mas outras redes sociais, como Facebook e Twitter, não ficaram de fora. A divulgação via esse tipo de mensagens, verdadeiras ou fakes, foi adotada tanto pela direita como pela esquerda.
Além das fake news em forma de textos, imagens, memes e vídeos, compartilhados com milhões de usuários, há também outras formas de manipulação: venda de comentários em redes sociais para influenciar debates e fóruns, robôs que se passam por seres humanos para curtir e comentar, além da venda de bancos de dados com milhares de números do WhatsApp.
Por trás dessa campanha de enganação, estão não só indivíduos, mas também empresas, esquemas profissionais, sistemas de distribuição organizada e massiva de mensagens. Reportagem da Folha de S.Paulo denunciou que empresas compraram pacotes de disparo em massa de mensagens contra o PT no WhatsApp, prática que é considerada doação ilegal para campanha. O TSE abriu investigação.
Até as urnas eletrônicas foram alvo de notícias falsas. A confiabilidade do sistema eletrônico de votação foi questionada diversas vezes, inclusive por Bolsonaro. O TSE chegou a aprovar ter 30 mil urnas com voto impresso, mas a decisão foi derrubada pelo STF.
A má notícia: a maioria dos eleitores brasileiros não percebe que recebe notícias falsas de política, segundo pesquisa. As próprias redes sociais lançaram campanhas para coibir a divulgação de fake news.
Houve dificuldade do TSE de se posicionar em relação ao combate às fake news
Carlos Melo, cientista político da UFMG
A Justiça Eleitoral criou um conselho contra fake news para as eleições de 2018, mas pouco foi feito de concreto, e o TSE admite não saber o que fazer com esse problema da vida moderna.
Quando as autoridades não dão uma resposta para uma situação de violência, seja ela física ou verbal, propaganda pela internet ou não, a sensação que passa é de impunidade
Fabiana Fabiana Severo, presidente do CNDH (Conselho Nacional de Direitos Humanos)
A imprensa, agências e projetos de checagem tentam ajudar a combater esse mal: 24 empresas brasileiras de mídia, por exemplo, se juntaram no projeto Comprova, para investigar e explicar os rumores. Mas é papel de cada pessoa checar se uma informação é verdadeira antes de passar para frente. Quer dicas?