Em junho de 2018, pouco antes do início da campanha eleitoral para presidente da República, um número assombroso consolidou uma das principais preocupações dos brasileiros nesta eleição: o Brasil bateu novo recorde de homicídios em 2016. Foram 62.517 mortes violentas, segundo o Atlas da Violência 2018 divulgado pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Entre 2005 e 2016, houve mais mortes violentas no Brasil do que na Síria, país em guerra há sete anos. As estatísticas, no entanto, dificilmente poderão medir a exaustão da população com latrocínios, balas perdidas, arrastões, crime organizado, assaltos, guerra de facções e achaque de milícias.
As propostas de soluções são sazonais e recorrentes: a cada quatro anos, ressurgem promessas de investir no aparelhamento das polícias, unificar os sistemas de inteligência, endurecer o combate ao tráfico de drogas, construir novos presídios e adotar uma política nacional de segurança. Nas últimas cinco eleições presidenciais, todos os candidatos que receberam no mínimo 10% dos votos válidos prometeram criar um ministério da segurança pública e construir mais presídios.
Esta reportagem integra uma série da eder content em parceria com o UOL sobre promessas de campanha. Leia também os capítulos sobre política, corrupção e saúde.
O ministério saiu do papel no começo deste ano, após o governo federal decretar intervenção federal no Rio de Janeiro em meio a uma onda crescente de crimes na cidade. Na sequência, uma nova lei criou a PNSP (Política Nacional de Segurança Pública) e instituiu o SUSP (Sistema Único de Segurança Pública).
Enviado ao Congresso em 2007 pelo governo Lula, o projeto de criação do SUSP "dormiu" por vários anos nas gavetas do Legislativo. Em 2012, foi desmembrado e apresentado pelo governo Dilma Rousseff em regime de urgência. Mesmo assim, levou mais de quatro anos para sair da Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado, da Câmara, em dezembro de 2016. Só entrou na agenda do Senado em fevereiro deste ano, na abertura do ano legislativo de 2018, em meio à escalada de violência urbana no Rio de Janeiro e à morte de nove presos durante uma rebelião no Complexo Penitenciário de Aparecida de Goiânia no primeiro dia do ano.