Renato Maurício Prado casou-se duas vezes, e da última união nasceu Luiza. Há dez anos, ele teve uma enorme surpresa.
Em 1977, em viagem à Colômbia para cobrir as eliminatórias da Copa do Mundo do ano seguinte, o jornalista engatou um rápido relacionamento. “Era um triangular, em Cali. O Brasil ganhou de 8 a 0 da Bolívia, o Zico fez 300 gols, ganhou do Peru com gol do Gil e se classificou. Passei 15 dias em Cali. No primeiro dia, eu conheci uma colombiana modelo, estonteante, e tivemos 15 dias juntos. Estela Luz. Na verdade, Luz Estela. Tenho contato”, descreve.
Ele voltou à Colômbia em 1981 e reencontrou a jovem. Com ela, havia um garoto chamado Michael. Bateu uma dúvida, ele perguntou se era o pai do garoto, e ouviu um “sim”, mas a questão não avançou. “Naquela época não existia teste de DNA, internet, nada. Mundo jurássico”, lamenta.
O tempo passou, e Michael, com 29 anos, resolveu procurá-lo. “Dez anos atrás, ele me mandou e-mail”, detalha. Eles resolveram fazer um teste de DNA, que atestou a paternidade. “Não deu outra. Aí peguei avião, passei uma semana [na Colômbia], trouxe-o para o Brasil, aluguei casa em Búzios [litoral do Rio]. Ele ficou uma semana aqui, conheceu a família toda, e a partir daí vem todo ano passar férias aqui.”
Ainda que desconfiasse que tinha outro filho, descobri-lo já como adulto não deixa de ser um choque de realidade. “Uma coisa é você se preparar para ter filho. A Luiza, por exemplo. Foram nove meses de espera, muita ansiedade, porque a Kátia [ex-mulher] perdeu um antes. Quando nasce, vem aquela explosão de alegria. Agora, de repente, um filho pronto, adulto, um homem. Mas é emocionante para burro também. São sentimentos diferentes, por incrível que... São dois filhos, mas um você criou, sabe tudo, e o outro, por mais que não seja, é um estranho que a gente procura acabar com essa coisa de não ser tão próximo uma vez por ano”, explica.