A lógica da sociedade racista: "Quanto menos negro, melhor"
A frase de Edilson segue a lógica "quanto menos negro, melhor", de que trata o colorismo. A tentativa de graduar negros de acordo com a tonalidade de sua pele é recorrente em discursos racistas e se dá porque o padrão de beleza da sociedade é baseado em homens e mulheres brancos. Quem se aproxima desse padrão, sofre menos preconceito.
“Aquele que tem mais melanina, menos mistura, que tem o nariz mais largo e lábio mais grosso, é alvo mais explícito de todas as desigualdades próprias do racismo”, analisa o ativista Douglas Belchior. Na visão dele, o Brasil desenvolveu um racismo baseado no fenótipo, diferentemente dos Estados Unidos, em que a origem tem mais peso. Na prática, as pessoas mais visadas pelo preconceito são as que trazem na aparência física as marcas mais explícitas da ancestralidade africana.
O colorismo faz com que muitos negros tentem fugir de suas origens e se assemelhar mais aos brancos. “É tão perverso que isso estabelece vantagem para quem é mais miscigenado ou traz menos marcas da ancestralidade. Algumas pessoas negras poderem escolher que lugar vão ocupar porque ‘se eu posso ter vantagens sociais sendo considerado branco, por que não vou fazer?’. Na família negra brasileira é recorrente pedir para alisar o cabelo, não se vestir como negro, diminuir sua postura... Quanto mais perto disso, menos sofrimento”, diz Belchior.