O major reformado do Exército Fernando Bezerra de Castro era capitão no 6º RC Mec entre 1964 e 1970.
Aos 90 anos, o militar recebeu a reportagem em sua casa, em Alegrete.
Questionado se conheceu Paulo Malhães, debruçou-se sobre uma edição do Almanaque do Exército de 1981 e passou a procurar registros do oficial do Centro de Informações do Exército (CIE).
Com o livro que registra a evolução na carreira militar e a memória tinindo, garante que Malhães não esteve na cidade: "Não, não, não tinha por quê".
Em 1964, o 6º RC Mec recebeu ordens para interrogar pessoas da cidade por suspeita de comunismo.
O então capitão Bezerra de Castro foi responsável pelo Inquérito Policial Militar do meio estudantil na cidade, cujo papel ele minimiza. "Eles tinham uns rolos, claro, eram jovens, mas era tudo desorganizado."
Apesar da mobilização da oposição, o militar sustenta que Alegrete não teve registro de organizações de luta armada e tampouco houve prisões de opositores do regime. "A cidade sempre foi muito pacífica."
Oriundo do movimento estudantil, o advogado Elehú Rosa de Menezes era um dos nomes monitorados pelos serviços de inteligência da ditadura no município. "Nessa época eu tinha vinculações com todo o universo da esquerda aqui, seja o Partido Comunista ou os setores de esquerda do partido trabalhista", conta.
Logo após o golpe militar, em 64, passou duas semanas detido. "Fiquei 15 dias no 6º RC Mec, foi um terror, mas não sofri tortura, absolutamente nada", diz.