A gigante sensível

Bicampeã olímpica, Thaisa previu atentado e tsunami, mas não escapou do bullying e da inveja de companheiras

Guilherme Costa e Leandro Carneiro Do UOL, em São Paulo
Thaisa dá entrevista para o UOL

Há duas facetas marcantes na bicampeã olímpica de vôlei Thaisa Daher de Menezes, 30. A primeira, mais conhecida do grande público, é a jogadora forte, explosiva e irascível. Esse ímpeto, contudo, é uma couraça desenvolvida durante anos.

Vítima de bullying na infância e na adolescência, Thaisa aprendeu a reagir fisicamente ao que considera injusto e deixou menos evidente um lado extremamente sensível: ela sonha com a maternidade, trabalha assiduamente sua espiritualidade e faz de tudo para agradar os pais. Ou melhor, quase tudo, como você lerá um pouco mais abaixo.

Em uma longa entrevista ao UOL Esporte, ela mostrou os dois lados. O da jogadora que hoje sofre para voltar a jogar. E o da mulher que sofreu para (ou seria por?) crescer. De quebra, ainda mostrou um lado vidente que pode impressionar. Divirta-se!

As previsões de Thaisa

Yasin Akgul/ AFP Yasin Akgul/ AFP

Turquia: atentado no Reveillon

"Sou assim desde criança: sonho com muita coisa, e muitos acontecem. Nessa noite, estava com meus sogros e meu marido - jantamos juntos, coisa de fim de ano. Quando estávamos esperando o carro, o Guilherme ficou feliz da vida: 'Vamos ao Reina! Vai ter uma festa de fim de ano e vai ser muito legal'. Na hora me deu uma sensação ruim, uma coisa pesada... Falei que achava que era o palco perfeito para um atentado. Guilherme ficou com um bico deste tamanho. No dia seguinte, a primeira mensagem é da Sheillinha: 'Me diz que você não foi pro Reina'. Antes de responder, eu falei: 'Amor, aconteceu alguma coisa'. Ele ficou com o olho cheio de lágrima. Ficamos em choque. Caramba, a gente podia estar lá".

Pornchai Kittiwongsakul/AFP Pornchai Kittiwongsakul/AFP

Tsunami de 2004

"Quando aconteceu o tsunami, na noite anterior eu sonhei com vários detalhes, como se estivesse lá. Vi exatamente algumas cenas que depois foram mostradas na TV. Inclusive, sonhei que eu e a Nina, amiga que jogou vôlei comigo muitos anos atrás, só nos salvávamos da água subindo num telhado. Depois, vi que dois amigos só se salvaram por conta disso. Contei para minha mãe. Costumo fazer isso quando sonhos me fazem mal. Ela me disse para ficar tranquila, mas fiquei com aquela sensação ruim. No fim da tarde, horas depois, minha mãe me chamou. Estava apavorada, pálida. Quando olhei, estavam falando do tsunami. Era exatamente o sonho... Era do meu ponto de vista, mas eu vi aquilo acontecendo".

Divulgação Divulgação

Lesão veio após um pedido para Deus

"No jogo em que eu machuquei meu pé, ajoelhei dentro do banheiro antes de ir para a quadra e fiz uma oração. Sempre faço isso antes das partidas, mas normalmente faço mentalmente. Nesse dia eu estava no limite. Eu nem treinava mais, há dois meses. Só entrava para jogar. Então ajoelhei e falei assim: 'Deus, eu estou fazendo o máximo que posso e sinto dor mesmo com muito remédio. Então, que seja feita Sua vontade, porque eu não sei se estou piorando meu joelho. Se for da Sua vontade que eu continue tentando e fazendo, que seja feito; se não, me pare de alguma forma'".

"Meu Deus, fraturou. Fiquei procurando sangue"

Reprodução/GShow Reprodução/GShow

Da dor ao ócio: como Thaisa ficou viciada em novela

As mãos que cobriam parte do rosto não eram suficientes para esconder a expressão de desespero. Caída na quadra, com ligamentos do tornozelo esfacelados e o pé pendurado, Thaisa chorava por uma lesão sofrida em partida da Liga dos Campeões. Naquele momento, em abril de 2017, havia saído totalmente de cena a faceta forte e impositiva que ela normalmente demonstra no ambiente de trabalho. A rara exposição de fragilidade é uma boa medida de quanto o episódio foi difícil para a bicampeã olímpica. A contusão foi a manifestação física de dores que ela carregava havia meses, levou Thaisa da quadra para o hospital e a impôs uma longa – e maçante – rotina de recuperação.

Foram quatro meses sem pisar no chão ou fazer musculação, atividade cara à jogadora. De cama, Thaisa acabou adquirindo um novo hobby: normalmente pouco afeita a passar horas em frente à TV, acabou viciada em “A Força do Querer”, novela das 21h na TV Globo.

Ficava sozinha no quarto, vendo séries e coisas para passar o tempo. A novela foi o que me pegou

Sobre o novo vício

Eu costumo comentar com a minha mãe que as pessoas costumam ver atleta como 'uma potência, um herói. Machuca, mas volta tão rápido e volta melhor ainda'. Mas ninguém vê a fase no meio disso, da cirurgia até a recuperação. Chega um momento em que você tem que ficar sentada no sofá, deitada na cama, sem poder tocar o pé no chão. Uma pessoa que nunca gostou de ver TV conhece toda a programação, de um dia pro outro. Foi difícil

Sobre a fase de recuperação

Os dois primeiros meses foram bem complicados, com altos e baixos de humor, de autoestima, de tudo o que você pode imaginar. Coitado do meu marido, sofreu no começo. Agora, comecei a fazer um trabalho com o meu... não digo psicólogo ou psiquiatra porque ele não é nada disso. É um amigo que ajuda nessa parte emocional, de conseguir o meu melhor desempenho pra tudo. É o Rodrigo Batalha. Ele me ajudou muito a trabalhar esse lado

Sobre o trabalho mental para aguentar o período

Reprodução Reprodução

Thaisa ignorou avisos do corpo

A lesão foi o epíteto de um sofrimento que Thaisa carregou durante meses e serviu de mote para sua última previsão. Antes de sofrer com o tornozelo, a bicampeã olímpica lutava com um problema no joelho. Dez dias antes da fratura, escreveu em redes sociais que seu corpo era “uma bomba relógio”.

A princípio, eu não sabia que não podia jogar. Sentia muita dor, mas o médico não me passou o quadro. Viu o exame, conversou com alguém que falou que com dez ou 15 dias eu voltaria. Eu acreditei. Óbvio, não sou médica, não sou fisioterapeuta. Achei que podia ser alguma coisa que voltaria, mas não sabia que desde essa época, em janeiro, eu já teria de ter feito uma artroscopia. Se tivesse operado, nada disso teria acontecido. Ia botar tudo no lugar, ficar ok em quatro ou seis semanas e voltaria jogando. Só que esse médico não me passou isso e eu fui forçando.

Aguentei até o jogo que era importante, que o time queria que eu jogasse. Nesse momento piorou muito a situação, porque pegou a cartilagem. Foi quando eu não aguentei mais, disse que não dava, que eu nem saía do chão e já sentia muita dor. Foi quando ele falou que eu precisava de cirurgia. Nesse meio tempo, mandei o mesmo exame pro meu médico, que estava nos EUA, e pro médico da Kosheleva, na Alemanha. Todos falaram que eu precisava de cirurgia.

O outro médico disseque não tinham passado para ele em janeiro que eu tinha de ter feito a cirurgia. Aí eu falei: “Oi?” Ele disse que ninguém tinha passado, que tinha sido uma “decisão deles lá”. Eu questionei: “Como assim, decisão deles?”. Porque é o meu joelho, a minha saúde. Como alguém decide sem me informar? Foi o momento em que eu fiquei bem chateada, fui pra cima dos dirigentes. Eles também não sabiam, não foi passado pra eles. Foi uma decisão de uma pessoa.

O médico falou: 'Se você não fizer direito essa recuperação e não respeitar exatamente o que eu estou falando, você pode não voltar a jogar'. Era meu maior medo

Sobre os temores pós-operatórios

Thaisa dá entrevista para o UOL Thaisa dá entrevista para o UOL

Injeção para jogar a impede de ser mãe

A dicotomia representada por Thaisa apareceu fortemente no momento das dores e da limitação física. Um médico apresentou à jogadora uma opção de tratamento alternativo: uma injeção que aceleraria a regeneração dos tecidos do joelho, que a central aceitou tomar sem sequer saber se era doping. Foi uma decisão perigosa em outro aspecto: por causa do remédio, ela terá de passar mais de dois anos sem engravidar pelo risco de má formação do feto.

 “Com atleta multicampeão, que está sempre com dor, que está sempre querendo chegar ao seu máximo, sempre querendo mostrar o que você puder e ajudar o seu clube, não adianta dar essa opção. O atleta vai tentar. Se o vôlei, realmente, correr na veia, ele vai tentar. Foi o que aconteceu comigo. Tomei um monte de injeção. Agora preciso ficar dois anos e meio sem engravidar. Foi uma decisão em conjunto com meu marido, que ficou muito bravo porque quer ser pai. Eu também quero muito ser mãe. Foi uma decisão muito difícil porque meu sonho é ser mãe. Acabou que a injeção não ajudou em nada”.

“Sinceramente, não sei se essa injeção é doping, mas é muito usada por idosos. É para osteoporose. Acho que uma jogadora turca, não lembro quem, tomou uma vez porque teve uma fratura feia no pé. Mas deixa eu falar: me arrependo amargamente. Fiquei uns três dias na cama com febre, com dor, com tudo que você pode imaginar de pior. Nunca senti tanta dor no meu corpo na vida. Eu falei pro Guilherme que me arrependo amargamente de ter tomado esse troço”.

Divulgação/FIVB Divulgação/FIVB

Decepção com jogadoras brasileiras

A injeção, porém, não foi a única consequência ruim da temporada de Thaisa. O problema físico também deflagrou na jogadora um processo de reavaliação do entorno. Em meio a um momento de dificuldade, ela disse ter ficado decepcionada com o comportamento e com a falta de cuidado de algumas companheiras brasileiras.

“Muitas meninas da Turquia e de outras nacionalidades me mandaram mensagens. Vira e mexe perguntam como estou. Quem está sempre mandando mensagem é a Tatiana Kosheleva [ponteira russa do Vitra] e a Maja Ognjenovi [levantadora sérvia do Vitra]. São as que estão mais próximas. A Hande Baladin, da Turquia, também. Outras, sempre que podem, uma vez na semana, lembram e querem saber como estou. Elas são muito mais presentes até do que muitas brasileiras, que se dizem amigas e parceiras, dizem que torcem. Lá, do outro lado do mundo, são muito mais parceiras e estão muito mais próximas do que as que estão aqui perto de mim”.

Ficou decepcionada? “Bastante, bastante. Nessas horas a gente vê quem é sua amiga de verdade, quem torce e quer ver seu bem. Não foi só nessa cirurgia. Na outra foi pior ainda. E é aí que a gente percebe quem está do lado. Quando você está boa para ir jantar, para ir a uma festa, pra viajar, você é superbacana, parceira e tal. Agora, quando precisa de apoio numa dificuldade, uma pessoa para falar 'Como você tá? Vim aqui te dar um abraço'... Isso aí faz uma megadiferença: você vê que a pessoa se importa com você”.

Não sei se é cultura, se não gostam realmente de mim, mas faltou bastante [apoio]. Foram pouquíssimas pessoas que vieram me visitar

Sobre a falta que sentiu de manifestações de apoio de atletas brasileiras

Rodrigo Capote/UOL Rodrigo Capote/UOL

Plásticas causaram mal-estar na seleção

Não foi a primeira decepção de Thaisa com jogadoras brasileiras de vôlei. Em 2015, quando ficou afastada da seleção porque operou os dois joelhos, a central soube que foi assunto no grupo. E não por causa do desempenho em quadra.

“Elas não falam pra mim, né? Falam entre elas e as minhas amigas, obviamente, vêm contar. 'Thaisa, você acredita que a fulana falou isso, isso e isso?'. Quando fiz cirurgia no joelho, o povo não me manda mensagem pra saber como eu estou, mas o assunto lá [seleção] sou eu. Ficam falando da minha bunda, do meu peito, da minha boca, da minha bochecha... Gente, manda uma mensagem para saber se a minha cirurgia foi bem, se eu estou me recuperando. Melhor se preocupar em jogar vôlei e ganhar do que ficar falando de mim... Só que muitas vezes isso não acontece, né? Eu não sei, eu devo incomodar. Não é possível”.

“A gente não tem problema. Isso é fofoca de mulher mesmo, sabe? Não é um problema de relacionamento porque a gente se dava superbem. Era muita vaidade, fofoquinha de mulher. Mulher é f… Complicada. Juntou um grupinho, fala de outra. Não tem jeito. Mas tem umas que falam coisas totalmente desnecessárias. Em vez de gastar energia pra perguntar como é que eu estava, gastavam energia pra falar se eu fiz bichectomia [cirurgia para afinar o rosto], se minha bunda tava maior ou menor. Eu acho que é totalmente desnecessário, ainda mais sendo uma jogadora que voltaria ao grupo, que estava triste e tentando se reabilitar. Sei lá, acho que esse aí é um mal de mulher. Sinceramente, mulher gosta de uma fofoquinha”.

Rodrigo Capote/UOL Rodrigo Capote/UOL

Silicone nos seios causou dúvidas

Thaisa já estava acostumada a ver seu corpo virar assunto, e não apenas na seleção. Quando a central colocou próteses de silicone nos seios, muitos questionaram: poderia afetar os movimentos no vôlei?

A jogadora não tem problema de falar sobre o assunto. O que ela não suporta é que inventem procedimentos não realizados. “O povo se preocupa demais com a vida alheia. Se botei silicone. Meu Deus! 'Está muito grande, está muito pequeno, porque está isso, porque está aquilo'. Não jogou bem porque botou silicone... Aí o povo fala que eu fiz lipo: nunca fiz lipo na minha vida. O povo fala que eu fiz bichectomia, nunca fiz isso”.

“Eu já fiz botox na testa, fiz rinoplastia. E qual é o problema? Eu acho que se a mulher tem vontade, se acha que vai ficar melhor, qual é o problema de fazer? Só que o povo critica como se isso fosse ruim. Eu acho que se você vai se sentir mais bonita, vai se sentir melhor, isso não vai te atrapalhar dentro de quadra. Pelo contrário, você vai estar com a autoestima elevada e vai ficar mais feliz, vai fazer as coisas melhor”.

Divulgação FIVB Divulgação FIVB

Thaisa "Bateu-Levou"

Thaisa não leva desaforo para casa. Se você quiser provocá-la ou ofendê-la nas redes sociais, saiba que vai arrumar confusão - ou pelo menos uma bela invertida da jogadora e de seu marido.

Foi assim quando ela mostrou o resultado de uma micropigmentação que fez nos lábios. Após receber alguns comentários criticando como tinha ficado a boca, a atleta respondeu. Uma situação semelhante aconteceu quando ela mostrou a tatuagem do olho do marido que havia feito no braço.

“Ah, mas com certeza eu respondo. O povo pode falar e eu não posso responder? E eu que sou a mal-educada, né? As pessoas acham que têm o direito de falar o que querem, mas aí não querem ouvir. A partir do momento em que o meu perfil é aberto, a pessoa pode falar ou dar a opinião que quiser, porque eu deixei aberto para o público. As pessoas agem dessa forma, acham que podem falar o que querem. Beleza, quer falar o que quer? Pode, mas também esteja preparado para ouvir o que não quer. E eu falo, não estou nem aí”.

REUTERS/Ivan Alvarado

Do bullying na infância ao sonho olímpico

A Thaisa intempestiva e verborrágica não é uma novidade. A faceta “bateu, levou” da bicampeã olímpica é a combinação da personalidade forte com anos sofrendo bullying.

“Eu sofria demais! Essa coisa de bullying não existia na minha época, era zoação e OK. Hoje em dia tem nome. Mas era pra tudo. Eu era muito grande, muito magra. Tinha dias em que eu não queria sair de casa. Tinha vergonha. Eu tinha 11 anos e devia ter mais de 1,80m. Eu era gigantesca!”

“Gente, eu chorava tanto! Porque eu queria o negócio da Barbie, o negócio rosa, o tênis rosinha de criança. Mas meu pé era 38. Como é que eu ia botar um troço de bebê, de criancinha? Não tinha coisa de criança pra mim. Só coisa de adulto. Eu chorava, queria uma calça rosa, porque tudo meu era rosa, e ficava curto. Como é que vai explicar para uma criança que ela não pode ter?”

“Aí eu queria entrar no brinquedo da lanchonete e não podia, porque eu era muito maior do que permitiam. Às vezes, eu era até mais nova do que as outras crianças. Uma vez, me proibiram de entrar em um brinquedo porque eu era muito alta. Mas eu só tinha seis anos e tinha criança de oito entrando... Foi difícil para os meus pais administrarem isso. Eu tinha muito complexo”.

Thaisa dá entrevista para o UOL Thaisa dá entrevista para o UOL

Thaisa poderia ser modelo, mas virou jogadora de vôlei

Foi por causa do biotipo alto e magro que Thaisa recebeu, no início da adolescência, um convite para ser modelo. O pai, que trabalhava como bombeiro e era extremamente rígido na criação dos filhos, vetou. Como compensação, levou a filha para o vôlei.

“Foi a melhor coisa que poderia acontecer. Encontrei meninas mais altas. Não tanto quanto eu, mas mais próximas. E comecei a me sentir melhor. Antes, eu andava toda torta, parecia o Corcunda de Notre Dame. Tinha vergonha da minha altura, queria parecer mais baixa. No vôlei, foi o contrário: todo mundo começou a falar que queria ser alta como eu para jogar. Eu já comecei a me mostrar um pouquinho mais, esticar o corpo. Para mim, a melhor coisa foi conviver com pessoas da minha altura. Isso me deu um ânimo muito grande para continuar”.

Bullying até no vôlei

No vôlei, mesmo com a valorização da estatura, o bullying prosseguiu. O problema passou a ser a qualidade técnica de Thaisa, menos coordenada do que as garotas da mesma faixa etária.

“Como eu não sabia jogar, tinha jogadora que não queria aquecer comigo. ‘Ela é muito ruim’. Aí vinha o pai de outra criança e falava: 'Vai botar essa menina pra jogar? Ela é muito ruim'. Eu era uma criança, gente! O povo é muito ruim, eu vou falar... Meu Deus do céu...”

“Depois de um desses casos, parei no meio da quadra e falei: 'Vocês que ficam rindo de mim vão pedir autógrafo. Podem desdenhar agora porque eu não sei jogar, mas eu vou aprender e vocês vão bater palma pra mim'. Minha mãe estava na arquibancada, olhou pra minha cara e fez 'meu Deus do céu'... Mas isso marcou”.

Fabio Rubinato/AGF/Divulgação Fabio Rubinato/AGF/Divulgação

"Meu pai dizia que eu era abusada em quadra"

A cena aí em cima é um divisor relevante na trajetória da atleta. Quando criança, a central era excessivamente envergonhada. Depois, por causa da altura, a timidez virou um complexo de inferioridade. Naquele dia, ao reagir às críticas, deixava isso para trás: Thaisa pode seguir sendo uma pessoa comedida na intimidade, mas encontrou na quadra um espaço para expor uma personalidade muito mais assertiva.

“Essa atitude ajudou a crescer no esporte. Depois de um tempo, meu pai dizia que eu era abusada. Fiquei abusada”, admitiu a central. “Eu puxei muito o meu pai com relação a isso. Esse meu jeito”, completou.

“Teve uma fase em que eu batia em todo mundo porque comecei a ficar forte. Riam de mim, eu batia. Dava mesmo! Aí começaram a me respeitar. Foi na marra. Era encrenqueira desde a adolescência, mas só quando mexiam comigo. Eu tive uma fase muito envergonhada, me escondia na saia da minha mãe, não fazia nada. Depois de um tempo, comecei a tomar atitude. Não vão montar em cima de mim e ficar rindo”.

Thaisa dá entrevista para o UOL Thaisa dá entrevista para o UOL

Tatuagens fizeram o pai chorar

A “atitude” de Thaisa também foi assunto na família. Quando assumiu de vez a atitude desenvolvida nas quadras, a central também se sentiu confortável para escolher caminhos que nem sempre eram condizentes com o estilo conservador de seus pais. As tatuagens, por exemplo.

“Ele é muito de boa com algumas coisas, mas com outras é muito conservador. Tatuagem ele despreza. Na primeira vez em que eu tatuei e botei piercing, ele chorou. Escondido, minha mãe que contou. Ele sempre fala que me admira demais por tudo que eu conquistei, mas é muito conservador”.

“Quando era novinha, ele não deixava ir pra matinê, essas coisas. Esquece... Nem pra casa dos outros. Só dentro de casa. A primeira vez em que eu fui para uma festinha foi quando comecei a jogar. Era uma festa junina à noite. Ele resistiu e só deixou porque meu irmão foi comigo. Foi a primeira vez em que ele me deixou sair pra alguma coisa. E eu já tinha 13 pra 14 anos. Com as crianças adolescentes de hoje, sair a primeira vez com 14 anos é muito tarde, né? Mas antes até pra ir na padaria era com o meu irmão”, contou Thaisa.

Fiz tudo na minha vida pensando em não decepcionar meus pais. Mas sabia que em certas coisas eu decepcionaria. Até hoje penso na reação deles quando faço uma tatuagem

Sobre sua relação com os pais

"Sempre fui muito tranquila e respeitei muito os meus pais. Era daquelas crianças que respeitam na base do medo de apanhar. Naquela época, tomar umas palmadas do pai não era agressão, era formação de caráter, sabe? Eu tomei muita palmada. Hoje, se você dá uma, está errado... Comecei a aprontar um pouquinho mais quando fui morar em Minas, sozinha, com 14 anos. As meninas começavam a sair, iam pra baladinha. Não era escondido. Eu só não contava para os meus pais. Eles não sabiam, não proibiam. Então, eu não estava fazendo nada errado"

Sobre suas primeiras baladinhas

"Já experimentei cerveja e odiei. Quando era novinha. Hoje, tomo vinho, a minha bebida é essa. Muito de vez em quando, bebo uma caipirinha de saquê, mas não gosto. Eu sou muito fraca. Drogas, não: meu pai sempre conversou comigo e com meu irmão em relação a isso: 'Não vai acrescentar nada. Se seu objetivo é o vôlei, tem de preservar seu corpo, seu instrumento de trabalho'. Isso sempre ficou na minha cabeça. Já aconteceu em casa de atleta, em festa, de oferecerem droga. Eu saía da roda, disfarçava, não queria nem estar perto. Era uma coisa desprezível na minha religião"

Sobre sua relação com álcool e drogas

Thaisa vem de família adventista que não trabalha aos sábados

 A família de Thaisa frequenta a Igreja Adventista do Sétimo Dia. Em muitos aspectos, isso gerou questionamentos para a jogadora. A despeito de conservar uma relação muito presente com fé e espiritualidade, ela precisou fazer concessões em relação a alguns dogmas. Trabalhar aos sábados, por exemplo.

“Eu estou bem afastada. Tenho tatuagem, brinco, essas coisas. Mas tento seguir a parte espiritual, minha relação com Deus, o mais próximo que posso. O problema sempre foi o sábado, porque na minha religião não dá para trabalhar no sábado. Muitas vezes eu tinha que jogar, treinar, viajar. E isso foi uma questão pra mim e para os meus pais, principalmente”.

“Eu estava me divertindo, era legal pra caramba, mas os meus pais achavam chato eu não conseguir ir à igreja e fazer as coisas. Eu tive que me adaptar a isso. E eles também. Essa foi a parte que pesou. Mas, sinceramente, eu ainda tento levar. Acho que tenho uma parte espiritual bem forte e tento preservar o máximo que posso. Nasci e fui criada na igreja”.

Rodrigo Capote/UOL Rodrigo Capote/UOL

Em 2013 tive alguma proposta para posar nua. Pelo amor de Deus, não brinca com isso não, gente... Imagina meu filho vendo um troço desse? Vai que nasce homem. Pior ainda...

"Em todo grupo que participei tinha relacionamentos homossexuais"

Reprodução/Instagram Reprodução/Instagram

Casamento começou por Instagram e teve pedido em quadra

Thaisa casou-se antes dos Jogos Olímpicos de 2016 com o jornalista esportivo Guilherme Pallesi. Os dois se conheceram pelo Instagram e engataram um namoro que rapidamente se tornou em noivado, com direito a pedido de casamento em quadra.

“Ele estava se separando. Eu acho que curti uma foto em que ele estava com um conhecido meu, marcado na foto. Alguma coisa assim. Ele viu a curtida e já mandou inbox. Eu vi depois de quatro dias. Um dia, estava no salão fazendo o cabelo, não tinha mais o que fazer. Vi aquele laranjinha e perguntei o que era. Tinha a mensagem dele. ‘Nossa, quem é esse menino?’”.

“Ele disse que queria me convidar para ir ao programa dele. Passei o número da minha assessora, ele entrou em contato e tal. Depois, ele falou: 'Mas eu queria também te fazer um outro convite: queria te chamar para comer alguma coisa, tomar um suco e tal'. Eu já estava solteira, né? Vamos, não custa nada. Depois fui ver quem que era. Quando eu entrei no Instagram, tinha um monte de foto com a mulher dele. Que merda é essa? Como ele me chama pra sair e é casado?. Vi a aliança”.

João Neto/Fotojump João Neto/Fotojump

Pé no peito: "Você é um safado!"

Eu já entrei em contato com o pé no peito: “Você é um safado, você é casado!”. Aí ele me explicou: “Eu não tirei ainda porque estou no processo de separação. Não me separei ainda, mas já está na Justiça. Para não ter complicação, por ela ser uma pessoa muito ciumenta, eu não quis tirar tudo de uma vez”.

Eu fiquei meio assim, mas entendi. Eu acreditei, vi que ele não gaguejou nem nada. E eu ia ter o programa primeiro, ia ver na cara dele e pegar algumas coisas com os amigos que estariam lá. Fui no programa. Todo mundo falando que ele não estava sendo ele, que ele é muito palhaço, muito brincalhão, tira onda com todo mundo. Falou de mulher ele vai pra cima, como se fosse o galanteador e tal.

Os meninos perguntaram o que estava acontecendo com o Guipa, que ele estava quieto. Disseram que ele já falava de mim antes mesmo de me conhecer, falava que eu era a musa dele. Até quando era casado. Olha só que menino safado... Depois, realmente, vi que ele realmente estava separando, me mostrou o que estava acontecendo, e a gente saiu. Aí começou. A gente nunca mais deixou de se ver”.

Thaisa dá entrevista para o UOL Thaisa dá entrevista para o UOL

O olho no braço é do marido

"Ele sofreu críticas e era chamado de marido de atleta"

Reprodução/Instagram Reprodução/Instagram

"A Turquia é mais segura do que o Brasil"

Thaisa e o marido hoje vivem em Istambul, na Turquia – ela viajou para lá a trabalho para defender o Eczacibasi Vitra, time em que conquistou o Mundial de clubes 2016/2017. Profissional desde o início dos anos 2000, a brasileira nunca havia morado fora do país. A surpresa com a adaptação fácil foi grande.

“Eu me sinto mais segura, mesmo tendo atentado, até porque eu não ficava saindo muito e indo em lugares muito cheios. Aqui, tenho muito mais medo. Uso carro blindado e tenho medo de sair sozinha. Às vezes até com o meu marido eu tenho medo. Se o cara vem com uma arma pra te assaltar, você vai fazer o quê? Pode estar com quem for, vão levar. Lá a gente não tinha isso. Eu falo que vivo com muito mais medo aqui, porque é o medo diário. Todo dia você para no sinal e vê uma moto chegando, uma pessoa estranha chegando perto de você à noite, então eu acho que a gente vive um terror muito mais diário”.

Roupas chocaram os turcos

Matt Rourke/AP Photo Matt Rourke/AP Photo

Frustração na Rio-2016

Thaisa foi campeã olímpica em Pequim-2008 e Londres-2012. No ano passado, no Rio de Janeiro, teve a chance de defender em casa a supremacia no vôlei mundial. Apresentou-se com problemas físicos e os Jogos viraram uma grande decepção. O Brasil parou nas quartas de final.

“Nos primeiros jogos não dava. Eu ainda estava sentindo um pouco de dor. Comecei treinando do lado das reservas para ganhar ritmo. Quando comecei a fazer treinos inteiros e ganhei condição de jogar, por opção, continuei fora. Ele [José Roberto Guimarães] diz que era porque estava preocupado em piorar a lesão ou ter algo mais grave. Ele segurou. No total, contando sets em que eu entrei, foram dois jogos no total. Não foi nada, praticamente”

“Hoje eu sei que poderia ter tentado, ter entrado mais, mas por opção ele achou que eu não deveria e está tudo bem. Hoje eu aceito melhor. Na época, fiquei bem chateada porque sabia que podia jogar. Mas tudo bem”.

Eu fiquei sem dormir, frustrada pra caramba. Principalmente pelo fato de não ter jogado muito e saber que poderia fazer mais. Fiquei muito triste. A China foi praticamente o que o Brasil foi em Londres. Não foi tão bem na primeira fase, quase não se classificou e quando chegou no mata-mata, fez o que tinha que fazer. Foi um jogo duro, mas tinha que ganhar e foi campeã

Comparando Brasil e China

Foi um jogo muito difícil. É frustrante. Eu sabia que a gente podia ganhar. Seria difícil, óbvio, porque a China estava voando com meninas jovens, mas a gente tinha condições de ganhar. A técnica mudou a estratégia, foi esperta. Mudou o esquema e a gente não conseguiu se adaptar a essa mudança de jogadoras. Pelo menos no pódio eu acho que a gente conseguia chegar

Lembrando do jogo contra as chinesas

AP AP

Aposentadoria da seleção ainda não é certa

Desde os Jogos, Thaisa não foi mais convocada. Aos 30 anos, a central chegou a cogitar o fim de sua trajetória na seleção. Pesou para isso até a injeção tomada na Turquia. Afinal, faça as contas: ela terá de passar dois anos e meio sem engravidar, o que joga os planos para (no mínimo) o segundo semestre de 2019. Portanto, na reta final de preparação para as Olimpíadas de Tóquio.

“O meu marido me faz pensar, sinceramente. Ele tem me enchido a paciência [para voltar à seleção]. Todo dia fala sobre isso. Eu não sei ainda. Se eu voltar muito bem da recuperação, estiver voando, quem sabe… Mas se estiver mais ou menos, não”.

A também central Fabiana e a oposto Sheilla, suas duas maiores amigas na seleção, deixaram a equipe nacional após a Rio-2016. Isso pesa nos planos de Thaisa: “Balança, né? Porque você fica pensando que elas não vão estar lá. Mas não totalmente, porque também vai chegar o momento em que eu vou sair e outra vai me substituir”.

Maternidade ou Olimpíada?

São praticamente três anos. Tem que calcular o tempo de clube pra voltar. Meu, aí vai ser meio complicado. Eu não sei se vou estar na seleção, não sei se vou aguentar, se vou estar em alto nível ou não. Se for o caso, a gente consegue esperar para ter o filho. Até porque a gente já vai ter esperado dois anos e meio...

Fazendo as contas sobre ser mãe e ir para as Olimpíadas de 2020

Nos próximos dois anos e meio, vou respeitar à risca. Eu até conseguiria engravidar, mas o bebê poderia nascer com má formação óssea, com problemas. Então a gente realmente tem que evitar total. Mas é uma coisa que a gente quer muito e deixou na mão de Deus. Se tiver que vir, vai vir

Admitindo que, quando terminar o período de proibição da injeção, pode engravidar

Divulgação/CBV Divulgação/CBV

A seleção atual, segundo Thaisa

Mesmo longe das convocações, Thaisa não deixou de acompanhar a seleção. A central ainda não está convencida sobre o desempenho da levantadora Roberta, por exemplo. “Acho que a Roberta ainda fica um pouquinho tensa, nervosa, e é natural, mas eu acho que ela podia usar um pouco mais as centrais”.

“Mesmo com centrais um pouco mais baixas, elas estão se virando superbem, fazendo os pontinhos delas, principalmente no bloqueio. É um caminho. O Brasil sempre teve essa característica de jogar com o meio nessa geração. Quando o meio foi efetivo, o jogo fica bem mais fácil”.

O uso das centrais, aliás, é um dos principais argumentos a favor de Thaisa na história do vôlei. Ela e Fabiana construíram uma dupla que se destaca pela força física, reduziram a importância dos ataques de ponteiras e foram pilares de uma geração extremamente vencedora.

A gente mudou a característica do jogo. A gente tem velocidade, mas é muito mais força física e explosão. Força de ataque e potência. Em muitos jogos, eu e a Fabi éramos a bola de segurança na rede. Óbvio que a gente tinha a Sheilla, a Natália, a Fê Garay, um megatime. Mas, muitas vezes, a gente saía de quadra como as maiores pontuadoras e isso ajudava para caramba. As meninas ficavam mais livres

Sobre o efeito que ela e Fabiana tiveram na mudança do estilo de jogo da seleção

Crítica ao vôlei do Blog do Menon

Depois da decisão da Liga Mundial masculina de vôlei deste ano, vencida pela França, o Blog do Menon, do UOL, fez um post explicando as razões pelas quais não gostava da modalidade. Pelas redes sociais, ele foi fortemente rebatido pelos fãs de vôlei e também pelos atletas. Thaisa foi uma delas:

Vergonha de dirigentes do vôlei e políticos

Até por toda a relevância que tem na história da modalidade, Thaisa é uma voz fundamental sobre a gestão da CBV (Confederação Brasileira de Vôlei). Entretanto, a central não adotou postura incisiva quando a entidade esteve envolta em denúncias. Preferiu a vergonha resignada.

“Em alguns momentos a gente pensou em não jogar. Não só por conta de corrupção. Mas é muito complicado, porque a gente pode se prejudicar. Mas, sinceramente, é uma vergonha. Até começar a vazar esse tipo de coisa, a gente nem cogitava. Quando apareceu, juro, é coisa de abaixar a cabeça e falar 'pelo amor de Deus, até aqui'. Eu não gosto de falar muito dessas coisas. A única coisa que eu tenho que falar aqui é vergonha”

 O sentimento é o mesmo que Thaisa mantém sobre a situação política do país. “Eu tento ficar de fora, porque tenho uma visão tão… É corrupto, tem que estar fora. E o Brasil só tem corrupção. Tá difícil de ver um que esteja correto e tenha feito tudo direito. Pra mim, todo mundo ali dentro é uma grande bosta, os caras só fazem merda, não fazem nada em prol do país. Pelo contrário: fazem tudo contra, só enchendo o bolso de dinheiro, sem fazer algo pelo país. Sinceramente, eu acho que tinha que fazer uma limpeza total, tirar todos esses corruptos”.

Segue ou bloqueia?

  • Zé Roberto

    Sigo, com certeza. Eu acho que depois da Olimpíada eu bloqueava, mas agora que a gente conversou. Passa aquela emoção, aquela coisa do momento e os ânimos se acalmam. O cara é tricampeão olímpico, tem mais o que falar? Eu passei 11 anos trabalhando com ele na seleção, tem mais é que seguir mesmo.

    Imagem: Divulgação/FIVB
  • Bernardinho

    Sigo, com certeza. É o que eu falo: 80% ou 90% do que eu sei foi ele que me ensinou. Foi um cara que me libertou dentro de quadra pra ser quem eu sempre fui. Esse meu jeito mais aguerrido, vibrante, sanguíneo. Ele me motivava a ser assim porque ele também é. Quando achava que eu passava do limite, que eu fazia algo que não era legal, me chamava atenção e brigava. Mas isso me fez crescer muito também, então é um cara que eu sigo, com certeza.

    Imagem: Buda Mendes/Getty Images
  • Sheilla

    Opa! Sigo. Será que foi a maior de todos os tempos? Eu acho que foi a Fofão. Mas a Sheilla também. A gente admira. Como a gente jogou junto e teve muitos anos de convívio, eu acho que a Fofão, por ser mais velha e ter parado antes, está acima. Mas a Sheilla, com certeza, também é um exemplo dentro de quadra. Fora dela também. Superinteligente e parceira, muito engraçada. Você morre de rir com ela. Não parece, mas ela é muito engraçada. Esse jeito natural dela já é engraçado. A gente sente falta.

    Imagem: REUTERS/Marcelo Del Pozo
  • Fabizinha

    Sigo também. Fabizinha é sensacional, uma pessoa alto astral, brincando o tempo todo, arrumando um jeito de fazer a gente rir. Líder dentro de quadra ? liderança é o nome dela. Eu sinto muita falta também dela em quadra. Estava sempre falando lá atrás e eu estava ouvindo quando ia bloquear, atacar, sempre ouvindo a voz dela. Uma líder nata.

    Imagem: Alexandre Arruda/CBV
  • Jaqueline

    Ai, gente, sigo. É uma pessoa carinhosa demais, excelente jogadora e pessoa. Tem o jeito dela, como cada uma tem o seu. Eu tenho esse meu jeito assim, o dela é outro, o da Sheilla é outro. Cada uma com sua característica. Eu aprendi que você tem que respeitar o jeito de cada uma. Ela é sossegada e brincalhona. Eu adoro, é uma pessoa muito sincera e verdadeira em tudo o que se propõe. E tem o dom, é aquela menina que nasceu com ele, cara. Ela fecha o olho e passa, uma coisa que eu vou levar um milhão de anos pra aprender, ela faz com uma facilidade?

    Imagem: MARCELO DEL POZO/Reuters
  • Ary Graça

    Ai? Acho que se for uma coisa de rede social, a gente só passa, olha, lê e deixa passar.

    Imagem: Divulgação / FIVB

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