À frente do seu tempo

Falcão fala sobre ser melhor do mundo, sua influência no tetra e a decepção no Internacional

Rodolfo Rodrigues Especial para o UOL, em São Paulo
Ernesto Rodrigues/Folhapress

Um rei em busca de consagração

Paulo Roberto Falcão foi um dos maiores jogadores de futebol. Não só do Brasil, mas do mundo inteiro. Quem viu garante: no início dos anos 1980, ninguém jogou tanto. Mas, talvez por ser um homem tão à frente de seu tempo, ele, um sul-americano, chegou ao topo quando apenas europeus podiam receber o título de melhor do mundo.

Na seleção brasileira foi a mesma coisa. Ele era o melhor jogador daquela seleção que encantou o mundo na Copa da Espanha, em 1982. Foi até eleito o segundo melhor jogador daquele mundial, mesmo com o Brasil eliminado antes da semifinal.

Mas, sempre à frente de seu tempo, aquele time não ganhou a Copa. O feito coube à seleção de 1994... E, fiquem avisados: Falcão também teve influência naquela conquista, lançando a base do grupo tetracampeão quando foi treinador da seleção.

Falcão fala ao UOL Esporte sobre as alegrias da carreira, o trabalho como técnico e o equívoco de ter dirigido o Internacional em apenas cinco jogos na campanha do rebaixamento. E, para não esquecer, lembra-se de sua histórica com Tite (e como ele também tem influência na atual reconstrução da seleção).

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"Eu fui o melhor do mundo"

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Prêmio só para europeus

Volante elegante, daqueles que fazem qualquer time jogar um futebol mais bonito, Falcão brilhou em campo brasileiros entre 1971 e 1980. Depois, foi para a Roma e, no futebol italiano, se tornou Rei. E o reinado foi tão supremo que ficou a pergunta: se tivesse um prêmio da Fifa ao melhor jogador do mundo em 1982 ou 1983, você ganharia?

Acho que sim. Muita gente falava sobre isso na época, principalmente quando ganhamos o título italiano, na temporada 1982/83. Mas, na época, não tinha prêmio para os sul-americanos. O principal era a Bola de Ouro, da France Football, mas só para jogadores nascidos na Europa”.

Mas o que ele fez para ter tanta certeza? Na Copa de 1982, mesmo com a eliminação do Brasil antes da semifinal, foi eleito Bola de Prata (dado para o segundo melhor jogador do torneio). Pela Roma, em 1983, foi campeão italiano e levou a equipe ao vice-campeonato da Liga dos Campeões.

Quase fui goleador da Copa. Fiz três gols. Um escândalo para um volante que jogava mais atrás. Era o Cerezo que atuava mais avançado. O Galo (Zico) fez quatro gols. Mas era uma brincadeira o que eu fazia. Para mim, falando de forma muito egoísta, a Copa foi boa. Mas, no futebol, sempre fui muito altruísta e acho que isso não importa muito

Sobre seu desempenho na Copa de 1982

Aquela seleção merecia ter vencido a Copa por tudo o que jogou. Tanto que permanece na história até hoje por ter jogado bem. O resultado é importante? É. Mas você tem que jogar bem. Assim, você permanece na história mesmo não ganhando. Por isso, ter sido o segundo melhor da Copa, com dois jogos a menos do que quem ganhou, é legal

Sobre a Bola de Prata

Falcão, o Rei de Roma

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"A vaidade gosta do Rei de Roma. Mas vaidade não pode superar inteligência"

Lucas Uebel/Vipcomm Lucas Uebel/Vipcomm

Decepção com o Internacional

Revelado no Beira Rio, Falcão jogou como profissional no clube de 1971 a 1980. Sete vezes campeão gaúcho (1971 a 1978) e três vezes campeão Brasileiro (1975, 1976 e 1979), é considerado o maior jogador da história do clube. Como treinador, dirigiu o Inter pela primeira vez em 1993, sem destaque. Voltou em 2011, quando foi campeão gaúcho sobre o Grêmio. Porém, foi demitido após onze jogos no Brasileirão. Já em 2016, substituiu Argel Fucks no final do primeiro turno. Após dois empates e três derrotas, foi dispensado – e ainda não entendeu muito bem o que aconteceu.

“Após essa experiência lamentável no Internacional, fico pensando muito. Sabe, acho inconcebível dirigir um clube por apenas cinco jogos. Tive apenas 12 horas de treinos. Isso é absurdamente errado. E aí eu fico preocupado e me pergunto se tudo isso vale a pena. É uma loucura o que aconteceu. Não tem explicação”. 

Quando resolvi voltar, tinha certeza de que teria tempo para trabalhar, mas foi um equívoco. Se imaginasse que dependeria de resultado em cinco jogos, tendo um segundo turno pela frente, não teria aceitado. Ninguém faz milagre, ainda mais em um time em dificuldade. Jamais aceitaria o convite se não tivesse convicção de que teria tempo

Sobre a demissão

Tenho uma história. Cheguei com 11 anos e saí com 27, quando fui para a Itália. Esperava um pouco mais de paciência. 'Pô, o cara é daqui, cresceu aqui'. Poxa, da outra vez, em 2011, me demitiram 11 jogos depois do título Gaúcho. E tiveram paciência com outros técnicos que não têm a mesma história no clube. Foi um grande erro

Reclamando da falta de paciência

Uma gestão de problemas

Ricardo Duarte/Divulgação SC Internacional Ricardo Duarte/Divulgação SC Internacional

"Dirigi o Inter em cinco jogos. O primeiro contra o Palmeiras, que acabou sendo campeão. Depois veio a Ponte Preta, em Campinas, que é sempre difícil. Pegamos o Corinthians, em casa, com Elias, André e Bruno Henrique, ainda com muita marca do time campeão de 2015 e lutando pela liderança. Aí saí para pegar o Cruzeiro, em Belo Horizonte. O Sóbis fez três gols... Olha as pedreiras!"

Jeremias Wernek/UOL Jeremias Wernek/UOL

"O Inter estava sem ninguém. Não tive Danilo Fernandes, machucado. William e Dourado estavam na seleção olímpica. O Ceará e o Eduardo chegaram depois. Seijas estava machucado. Nico López não estava bem. O time não tinha condições de ganhar um jogo. Era necessária uma programação para que o time crescesse no segundo turno, para evitar a queda. Mas aí houve a demissão..."

Ficou uma mágoa com a diretoria?

Não é bem uma mágoa. É difícil apenas entender ou contextualizar como as coisas são decepcionantes. O Vittorio Piffero e o Carlos Pellegrino falaram comigo sobre a saída, mas sem dar nenhuma explicação. Mas nem quero também

Sobre a demissão

Pedro Martins/Mowapress Pedro Martins/Mowapress

A revolução começou com ele

Quando você vê Tite brilhando na seleção brasileira, dificilmente vai se lembrar de Falcão e seus poucos meses no comando da equipe. Mas saiba que, de forma indireta, ele é um dos responsáveis pelo sucesso do atual do gaúcho.

Para chegar ao fundo da história, é preciso voltar para 2001. Falcão era comentarista da Globo. Tite, um técnico quase desconhecido no interior do Rio Grande do Sul. E o Grêmio buscava um treinador.

Eu estava na TV na época e não era hora de sair. Conversei com a diretoria do Grêmio e eles me pediram uma indicação. Eu brinquei: se vocês têm tanto dinheiro, contratem o Bianchi, campeão da Libertadores pelo Boca Juniors e o melhor da América do Sul

Sobre o convite gremista

Se não, peguem o Tite. Ele tinha ganhado o Campeonato Gaúcho com o time organizadinho no 3-5-2. Deem uma chance. E todas as vezes que encontro alguns diretores do Grêmio eles me agradecem. Afinal, naquele ano, o Tite ganhou a Copa do Brasil pelo clube

Sobre a indicação do futuro técnico da seleção

Mas, com tanta história no Inter, você trabalharia no Grêmio?

"Naquela época, além de trabalhar na Globo, tinha um quadro na TV RBS e uma coluna no jornal Zero Hora, aqui de Porto Alegre. E, com meu histórico de Internacional, ser convidado pelo Grêmio foi a maior demonstração de que, enquanto trabalhei na imprensa, fui totalmente imparcial. Sempre respeitei todos os times. Não só os do Sul. Nunca fui localista".

"Aqui, criaram um termo chamado gangorra. Grêmio bem, Internacional mal. Ou vice-versa. Como está agora. Isso vem desde os anos 70, quando eu jogava. Nunca gostei dessa gangorra. Quero é ver os dois times bem, ganhando títulos importantes na mesma temporada. Não me serve ver um bem e outro mal. Isso valoriza o trabalho de todos no Sul".

Divulgação Divulgação
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A influência no tetra

Logo depois da Copa de 1990, na Itália, em que o Brasil do então técnico Sebastião Lazaroni foi eliminado nas oitavas de final pela Argentina, a seleção brasileira entrou em modo de reconstrução. Aos 36 anos, aposentado há poucos anos do futebol, Falcão foi o escolhido. “A ideia era fazer um laboratório até dezembro. Depois, montar a seleção para a Copa América de 1991, as Eliminatórias e a Copa de 1994”.

No início, procurei chamar jogadores que atuavam aqui no Brasil e dar chance àqueles que ainda não jogavam pela seleção. Na Copa América, por exemplo, o grupo teve apenas quatro jogadores que atuavam no exterior: Taffarel, Mazinho, Branco e o João Paulo. O Júlio César, zagueiro, estava machucado e não pode ir. O Romário, que estava há muito tempo sem férias, pediu dispensa e nós entendemos. Foi uma grande renovação. Fizemos até uma boa Copa América. Fomos vice-campeões e perdemos para a Argentina, que tinha um timão. Não tinha o Maradona, mas era a base da seleção vice-campeã mundial um ano antes”.

Falcão não ficou nem um ano no cargo. Mas seu sucessor, Carlos Alberto Parreira, fez questão de elogiar o trabalho – que acabou no tetracampeonato na Copa de 1994.

Fiquei muito feliz depois, quando o Parreira disse que aquilo que nós tínhamos feito poupou o trabalho de mais de um ano dele na seleção

Sobre o sucessor

Simon Bruty/Getty Images Simon Bruty/Getty Images

Lançou tetracampeões...

"Dentro daquilo que foi proposto, achei o trabalho na seleção brasileira bom. Para mim, foi consagrador ver atletas que chamei sendo campeões do mundo como titulares em 1994. Cafu, Márcio Santos, Leonardo e Mauro Silva, todos foram para a Europa depois".

Mike Hewitt - FIFA/FIFA via Getty Images Mike Hewitt - FIFA/FIFA via Getty Images

...e um carrasco da seleção

"Depois da seleção, treinei o América -MEX. Chegamos na semi no campeonato nacional e, no ano seguinte, o time foi campeão da Concacaf. Revelei três atletas: Lara, Villas e, o mais conhecido, o Blanco [campeão da Copa América de 99 sobre o Brasil]".

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1980 x 2010

Um dos primeiros jogadores brasileiros a chegar ao futebol italiano na década de 1980, Falcão sabe o que é preciso para se destacar nos melhores clubes do futebol mundial. Para ele, a vida dos jogadores hoje é muito mais simples do que naquela época.

“É muito difícil fazer uma comparação. São outros tempos. Tudo no mundo, rigorosamente, mudou. Eu não tinha celular, hoje tem. Não tínhamos tanta facilidade de comunicação como hoje. Não digo que era melhor ou pior. Era diferente”.

Hoje está uma barbada. Se jogar um pouquinho, é fácil [ir para a Europa]. Quero ver o cara jogar muito

Admitindo que, na sua época, era mais difícil deixar o Brasil

Eu saí do Brasil com quase 27 anos, depois de ter sido tricampeão brasileiro pelo Internacional, premiado como o melhor jogador do Brasileirão pela revista Placar e após uma final de Libertadores. Posso dizer que saí pronto pelo o que fiz no Brasil. Mas cheguei no melhor campeonato nacional do mundo na época e tive que recomeçar e provar meu futebol na Itália

Contando como chegou na Europa

Naquela época, não tinha tanto jogo televisionado. Ninguém sabia muito bem como eram os jogadores. E o único grande momento para uma transferência internacional era a Copa do Mundo e eu nem fui chamado para o Mundial de 1978. Hoje, tem campeonatos sub-20 e sub-17 para cá e para lá, jogos sendo transmitidos pelo mundo todo. É mais fácil essa visibilidade do atleta

Analisando o momento atual

Gostaria de jogar hoje em dia?

Não lamento ter jogado naquele período. Mas é evidente que os valores são outros. Lembro que, alguns anos atrás, numa conversa com o Zico e o Magrão [Sócrates], chegamos à conclusão de que ganhávamos, em um ano, o que os caras ganham, hoje, em dez dias. A gente até brincava com isso. Mas, no fundo, nunca tive uma preocupação tão grande em relação a isso. Queria era fazer um trabalho bem feito e ser reconhecido

Admitindo o saudosismo

Reprodição/Internacional Reprodição/Internacional

A Copa de 1978

Revelado pelo Inter em 1971, Falcão disputou as Olimpíadas de Munique em 1972. Na seleção principal, estreou em 1976 e, inexplicavelmente, ficou de fora da Copa do Mundo de 1978, preterido pelo técnico Cláudio Coutinho. “Não sei se foi o pior momento da minha carreira, mas foi difícil”.

Naquele ano, ganhei a Bola de Ouro da Placar como o melhor jogador do Brasileirão. Eu estava muito bem. Tinha me preparado para aquele Copa. Tinha 25 anos e estava no auge".

Essa Copa serviu para 1982: quando perfilamos para cantar o hino, no jogo de estreia, contra a União Soviética, todo o filme do corte me passou pela cabeça

Sobre o efeito do corte em 1978

Eu joguei a Copa de 1982 como se precisasse comprovar a injustiça de não ter ido em 1978. Fiz um momento negativo virar positivo 4 anos depois

Sobre o bom desempenho na Copa seguinte

Wilson Melo/Folhapress Wilson Melo/Folhapress

Copa de 1986: "Não era o mesmo ambiente"

Em 1986, Falcão foi novamente convocado por Telê Santana para uma Copa do Mundo. Longe de sua condição física ideal, pouco rendeu no mundial. Mas a própria seleção brasileira não estava no mesmo nível do Mundial de quatro anos antes.

Não era o mesmo ambiente de 1982. Estava muito confusa a coisa toda".

"Desde a comissão técnica até o grupo. Não gosto de falar que o grupo não era unido. Nem ligo muito para isso. Acho mais importante ter um grupo vencedor. Os jogadores não precisam ser amigos. Precisam se respeitar e lutar para que o time seja favorecido. Pode até haver concorrência, desde que não prejudique o grupo”.

O resultado daquela Copa? O Brasil chegou até as quartas de final antes de ser eliminado, nos pênaltis, para a França.

Em campo, inesquecível. Veja lances

Alexandre Lops/AI Inter/Divulgação Alexandre Lops/AI Inter/Divulgação

"É fantástico trabalhar no Nordeste"

Campeão Gaúcho em 2011 com o Inter, Falcão voltou a dirigir um clube só no ano seguinte, em 2012, quando pegou o Bahia no início da temporada. Lá, levou o clube ao título estadual depois de 11 anos, mas acabou demitido após o começo ruim no Brasileirão daquele ano.

Três anos depois, em 2015, Falcão voltou ao Nordeste para treinar o Sport. No Recife, quase levou o clube à Libertadores pelo Brasileirão. Saiu de lá no início de 2016, antes de pegar o Inter no Brasileirão.

"O Sport ficou muito próximo de ir para a Libertadores. Pegamos um time em baixa e que acabou no sexto lugar. Adorei trabalhar no Sport. Os times do Nordeste são fantásticos para se trabalhar. Pelo carinho das pessoas. Tive a oportunidade de voltar ao Recife depois e é impressionante a maneira como me tratam bem. Isso é o mais importante. Fiz grande amigos em Salvador e Recife. Dois lugares que me encantaram".

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Técnicos segundo Falcão

  • Carlo Ancelotti, ex-companheiro de Roma

    É um cara que eu admiro muito. Não perdeu nada do que era antes. Sujeito simples, extremamente dedicado profissionalmente. E é um treinador que não estressa o time dele. Ele transmite muita calma.

    Imagem: REUTERS/Maxim Shemetov
  • Nils Liedholm, seu técnico na Roma

    Para mim, foi fundamental. Primeiro porque ele era uma figura acima da média. Treinador excepcional. Liderança fleumática absurda. Foi também um ótimo jogador. Fez o gol contra o Brasil na Copa de 1958. Era também profundo conhecedor do futebol brasileiro. Me ajudou muito para uma adaptação rápida.

    Imagem: Reprodução
  • Arrigo Sacchi, técnico do Milan nos anos 80/90

    Aperfeiçoou a marcação por zona e criou a marcação sob pressão. O Milan foi bicampeão europeu em 1988/89 e tinha aquele timaço com Van Basten e Gullit. Encontrei o Sacchi em 2014 e ele disse: "Paulo, vim do Parma e demorei sete ou oito jogos para vencer no Milan. Mas Berlusconi me bancou". No Brasil, você acha que ele teria continuado? Difícil. Mas o Milan tinha gente que entendia de gestão e viu crescimento.

    Imagem: Claudio Villa/Getty Images
  • Luiz Felipe Scolari e o 7 a 1

    Felipão é um cara por quem tenho um respeito muito grande e profunda admiração. Quando ele perdeu [na Copa de 2014], nós perdemos. Eu liguei para o assessor dele e mandei uma mensagem. Sabia que estava difícil, mas mandei um abraço. O Felipão tem tanta história que não é o 7 a 1 que vai atrapalhar tudo o que ele conseguiu. E, no final, todo mundo erra e acerta.

    Imagem: AFP PHOTO / VANDERLEI ALMEIDAAFP PHOTO / VANDERLEI ALMEIDA

Felipão é um cara muito decente. Temos relação desde a época em que jogávamos. Gosto muito dele. É um cara que se expõe nas declarações, não é político como eu. É autêntico. Depois que me indicou ao Palmeiras, me disse brincando: "Pega, rapaz, pega! Depois, se cair para a Série B, diz que a culpa é minha". Achei genial por parte dele

Sobre ter sido indicado para assumir o Palmeiras, em 2012, O amigo deixou o clube para assumir a seleção brasileira

Reprodução Reprodução

Técnico pela 1ª vez

A primeira vez em que Falcão mudou um jogo como fazem os treinadores foi em 1984. E ele ainda era jogador. O episódio aconteceu durante o confronto semifinal entre Roma e Dundee United, da Escócia, pela Copa dos Campeões da Uefa. Lesionado, o meio-campista não jogou na derrota por 2 a 0 na Escócia e jogou a volta, graças a uma infiltração no joelho. Seu time precisava vencer por 3 a 0.

“No vestiário, esperei todo mundo sair para conversar com o Nils [Liedholm, seu técnico na Roma]. Ele perguntou: ‘O que está acontecendo, Paulo?’. Eu disse que o time deles jogava muito fechado e que precisávamos de jogadas de linha de fundo. Ele deveria colocar um ponta na equipe”, conta falcão.

Durante o jogo, o treinador sueco colocou o italiano Odoacre Chierico e a Roma venceu por 3 a 0. Quando os repórteres começaram a elogiar a decisão, Liedholm admitiu: “Não fui eu que fiz. Foi o Paulo. Conversei com ele no vestiário e ele me sugeriu. Como ele tem leitura dentro de campo, achei que tinha que ser feito”.

Imagina quem teria coragem de assumir isso hoje em dia? Ele foi muito grande. Esse era o cara".

O Evaristo de Macedo disse uma vez, brincando, que o vestiário é muito grande para se ter na mão. Não dá. Vestiário é do jogador. É o lugar deles, onde são íntimos e conversam, sacaneiam, brincam... O treinador tem que ter o controle do time, de como ele joga. Do periférico, não precisa. É o mesmo caso do treinador que fica gritando na beira do campo. Acho que isso é mais uma necessidade dele do que do time

Sobre um clichê do trabalho de treinador

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Música, pizza, carpaccio e... TV

Antes de se tornar um dos comentaristas mais respeitados do país, trabalhar na Globo e dividir transmissões com Galvão Bueno, a carreira de Falcão como comunicador teve um início bem diferente. Ele falou sobre música na rádio italiana e, no Brasil, estreou ensinando a preparar pizza napolitana e a fatiar carpaccio.

Comecei em um programa de rádio. Falava só 10% de futebol. O resto era música brasileira. Isso me ajudava muito a falar o italiano. Nunca fui de atuar calado e isso foi fundamental para minha adaptação. Depois, participei de um dos principais programas da TV italiana, o Domenica In, falando de futebol e também fazendo entrevistas

Sobre seu primeiro emprego na imprensa

Era um programa para mostrar o país para quem quisesse viajar e conhecer a Itália, não somente para acompanhar o futebol durante a Copa. Foi legal. Mostrava como era feita a pizza napolitana, onde e como era feito o carpaccio. Gostei bastante. Depois, fui comentarista, também, durante a Copa do Mundo, pela Manchete

Sobre sua estreia na TV brasileira, pela Manchete

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