Eu sou mercenário?

Assis construiu um dos maiores jogadores do mundo, mas teve de conviver com má fama no meio do caminho

Brunno Carvalho e Luiza Oliveira Do UOL, em São Paulo
Paulo Camilo/UOL

Quando clubes me procuram, eu sou mercenário? Eu não procurei ninguém. Todo mundo me procurou. Todo mundo achou meu número. Todo mundo me ligou. E eu sou culpado. Sempre foi assim”.

Roberto de Assis, irmão e agente de Ronaldinho Gaúcho.

Cara a tapa

Roberto de Assis não gosta de holofotes, é discreto e, quando fala, não altera o tom de voz. Até abriu mão da própria carreira, que incluía grandes clubes e chances de convocação para a seleção brasileira, para deixar o irmão brilhar. Projetando seus sonhos no caçula da família, virou quase um "artesão".

Foi ele quem moldou Ronaldinho Gaúcho em um dos maiores jogadores da história recente do esporte, sinônimo de futebol-arte. Por trás de um dos últimos gênios da bola antes de Messi e Cristiano Ronaldo, estava um empresário estrategista e meticuloso que deu a própria cara a tapa.

Assis assumiu responsabilidade em negociações polêmicas, acumulou desafetos e aceitou a má fama que tudo isso gerou. Foi taxado de mau caráter e mercenário. Ele nunca se importou em virar vilão para proteger o irmão. Sabia que eram ossos do ofício. A seguir, ele se defende das críticas e relata a trajetória que levou Ronaldinho rumo às duas Bolas de Ouro.

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"Minha função é ser escudo do Ronaldo"

Há quem veja Ronaldinho Gaúcho como fantoche do irmão, um eterno adolescente que brilha com as bolas nos pés e não liga muito para as decisões da beira do campo. Assis diz que o quadro é bem diferente, que o craque sempre teve voz ativa quando o assunto foi sua carreira e até tomou algumas decisões a contragosto do irmão-empresário.

“Óbvio que ele sempre decidiu junto. A gente nunca decidiu por ele”, garante. “Eu posso expressar o que penso, mas ele decide. Assim como ele decidiu algumas vezes por um determinado clube que não era aquele que eu achava que deveria ir. A decisão é dele”, conta.

Assis, porém, sempre assumiu a responsabilidade de qualquer decisão. É dele o papel de escudo, para que nada prejudique a imagem do irmão craque. Ele nunca reclamou desse ônus. “Essa é minha função. Ele tinha de estar tranquilo para fazer o que tem que fazer, que é jogar. Como representante, como irmão mais velho, sempre dei a minha a minha cara a tapa. A responsabilidade era minha. Sempre assumi isso em nome de todos da família”.

Ele reconhece isso quando a gente conversa. Inúmeras vezes ele diz: "É verdade. Bah.. se tivesse ouvido". Várias vezes... Ele sabe exatamente quando fez boas escolhas e quando fez más escolhas

Assis, ao ser perguntado se Ronaldinho já se arrependeu por não ouvi-lo

Vinícius Costa/ Preview.com Vinícius Costa/ Preview.com

A polêmica saída do Grêmio: "Assinei porque podia"

O episódio mais polêmico da carreira de Ronaldinho Gaúcho foi a saída do Grêmio em 2001, que até hoje dá o que falar. O meia negociava uma renovação com o time gaúcho, mas assinou um pré-contrato com o PSG sem informar o time tricolor. Assis virou o vilão da história e ouviu pela primeira vez a acusação de “mercenário”.

Sua defesa é que agiu dentro da lei. “Ué... assinei porque podia. Fiz alguma coisa que não podia? Eles tiveram quatro anos para fazer [a renovação]. Quando eu fiz, não servia mais. É sempre assim”, diz.

Quando a polêmica aconteceu, a lei do passe, a regra que permitia aos atletas fechar com outro clube seis meses antes do fim do contrato, ainda era nova. A grande questão é que o Grêmio acreditava que ficaria com o jogador. Já tinha até descartado uma boa proposta do Leeds, da Inglaterra. No fim das contas, acabou sem o jogador e sem dinheiro.

Assis acredita que essa história ficou para trás e nega que a torcida do Grêmio seja hostil a ele. “Vamos deixar bem claro aqui. Eu moro em Porto Alegre, ando por todo lado e canso de encontrar torcedores. Sou tratado com muito carinho”.

A verdade sobre a escolha pelo Flamengo sobre o Grêmio

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Por que Assis não queria Ronaldo no Flamengo

Assis foi taxado de ‘mercenário’ mais uma vez quando Ronaldinho Gaúcho voltou ao Brasil, em 2011. O torcedor gremista se encheu de expectativa para vê-lo com a camisa tricolor, mas ele fechou com o Flamengo. Assis foi crucificado pela traição, mas nunca quis Ronaldinho na Gávea.

“Nas opções que nós tínhamos, o Flamengo era a última escolha para mim, Roberto”, conta. “Mas o Ronaldo decidiu ir para o Flamengo pelo filho dele, que morava no Rio. Ele queria voltar ao Brasil, queria voltar ao Rio, estava pensando em outras coisas. E o Flamengo fez uma proposta bacana, entendeu? Estou falando que como escolha profissional não era a minha escolha”.

Para ele, o momento estrutural do Flamengo sinalizava dificuldades futuras. “O clube vivia um momento complicado. Uma diretoria nova, toda uma história nova. O Palmeiras foi primeiro [a tentar contratar Ronaldinho], mas encontramos a Patrícia [Amorim, ex-presidente do Flamengo] numa churrascaria e ela brincou: ‘quem sabe o Flamengo?’ No dia em que ela assumiu, realmente nos procurou e a coisa começou”.

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Bonde do Mengão sem freio

Ronaldinho chegou ao Flamengo cheio de pompas para integrar o “bonde do Mengão sem freio”. A empolgação na apresentação para 40 mil flamenguistas na Gávea logo se transformou em uma relação conturbada. Entre vaias e aplausos da torcida, Ronaldinho sofreu com salários atrasados e viveu um confronto com o técnico Vanderlei Luxemburgo.

“Do que a gente tinha combinado, nada se cumpriu. Ronaldinho chegou a ter seis meses de salário atrasado. O Flamengo falhou muito neste processo. E fica sempre culpando a Traffic (parceira da época), o que não é verdade. Estava lá e vi. O Flamengo tem muita culpa no que aconteceu”.

A passagem chegou ao final em meados de 2012, depois de 74 jogos e 28 gols. Da relação restou um processo na Justiça por salários e direitos de imagem atrasados. Em 2017, o Flamengo quitou os R$ 17 milhões que devia ao jogador.

Ronaldinho poderia ter ganhado mais Bolas de Ouro

O empresário estrategista

Roberto de Assis viu o potencial do irmão desde pequeno. Sempre soube que era Ronaldo, e não Roberto, o filho que tinha mais chances de levar a família Assis ao topo do mundo. Por isso, traçou um plano meticuloso: analisou a trajetória de outros craques, como Ronaldo Fenômeno e Rivaldo, e decidiu que era mais adequado ir para um centro menor da Europa antes de desembarcar em Barcelona.

“Tinha certeza que podia chegar lá. Os dois primeiros anos de Paris eram o primeiro passo para ser um grande na Europa. A gente tinha essa consciência. Vimos inúmeros exemplos de como chegar ao topo. O próprio Ronaldo foi para a Holanda e depois para o Barcelona. O Rivaldo foi para La Coruña antes de Barcelona”.

“E eu tinha deixado uma cláusula de contrato, uma janela de saída, para o segundo ano. Só por isso ele tinha essa possibilidade de saída. Eu sabia exatamente o que queria. A gente tinha o caminho. ‘São esses dois anos de aprendizado e vamos embora’. Sabia que ele ia chegar”.

Sempre tive claro o tamanho do Ronaldo. Nada foi surpresa para mim. Consigo reconhecer talento por ter jogado muitos anos e ter vivido isso dele desde pequeno. Não tinha jeito. Estava escrito

Sobre o destino do irmão

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Dizer não é difícil

Assis planejou muito, mas isso não quer dizer que o caminho tenha sido fácil. Pelo contrário. Os desafios de agenciar um dos maiores jogadores do mundo são enormes. E o mais difícil talvez seja dizer ‘não’ para as infinitas ofertas que aparecem. De propostas milionárias até amigos, baladas e mulheres.

“O futebol propicia coisas incríveis e você tem que dizer não: ‘Hoje não posso, não dá’. O problema é que depois não serve. É difícil até hoje (risos)”, admite. “É como ter uma coisa que você gostaria muito de ter, mas que hoje não dá. E você tem que decidir, já que amanhã não tem mais. Entender que este não é importante é difícil. Tiveram várias ocasiões. O Ronaldo chegou a um nível em que vinha tudo ao mesmo tempo. Tudo que vem com o sucesso”.

Outra função importante (e não menos difícil) é manter a motivação alta do jogador. “A gente sabe que o grande desafio quando você chega neste alto nível é motivação. De estar ali o tempo todo, querer mais, buscar. O futebol de alto nível requer concentração muito grande”, conta. “É preciso entender o atleta. E atleta não é fácil. Tem jogo quarta e domingo. E, vamos lá, tem jogo de novo, outra historinha para contar. E vamos lá. É todo dia”.

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Quem nunca chegou atrasado ao treino?

Ronaldinho Gaúcho adora curtir a vida. Já deu festas que duravam dias em sua casa. E causou burburinho nas redes sociais com fotos de mulheres de biquíni. Toda essa boemia é natural para Assis. “Você não tem como segurar um jovem que joga num grande clube brasileiro”.

O agente defende o irmão até dos excessos. “Quem nunca chegou atrasado ao treino? Não vou nem lembrar histórias do Corinthians da minha época, né? Nego chega de helicóptero, outro atrasa treino em uma hora. No Grêmio, na minha época, seguravam para não ter multa. Pô, sempre existiu isso no futebol, mas para o Ronaldo não pode. No Rio, com aquele trânsito, aquela confusão, tudo vira uma história do tamanho... Gente, calma aí... Todo mundo conviveu com a caixinha. Faz parte do futebol”.

Assis afirma, ainda, que no caso de Ronaldinho tudo sempre tomou uma proporção muito maior do que devia. “Ele nunca chegou atrasado à apresentação dos clubes. Na Europa, em dez anos, alguma vez ele se apresentou, como muitos faziam, um mês depois? Nunca fez isso. Nunca teve atos de indisciplina. Ninguém consegue chegar neste nível fazendo isso. Não existe”.

Reprodução/Instagram Reprodução/Instagram

Parou para tomar conta do irmão

Assis ainda era jogador de futebol quando começou a agenciar a carreira de Ronaldinho. Os dois até chegaram a se enfrentar em um duelo entre Montpellier e PSG na temporada 2001/2002.  Mas Assis já sentia a necessidade de parar. Além de não ser mais o mesmo em campo, chegava a hora de priorizar a carreira do caçula.

“Tinha dias em que saía de Montpellier e ia a Paris resolver coisa do Ronaldo. Tu deixou de ter teu foco 100% naquilo ali. A cabeça começou a dividir a atenção e tive que tomar uma decisão”, conta. “Quando fui conversar com Ronaldo, eu disse: ‘Velho, vou largar essa porra. Vou largar’. E ele: ‘Cara, não para. Vamos jogar juntos’. Ele não queria que eu parasse de maneira nenhuma. Só que eu já tinha tomado a decisão”

O meia habilidoso se aposentou dos campos aos 32 anos, após passagens por Grêmio, Vasco, Fluminense e Corinthians, além de passagens de sucesso pelo futebol europeu. “Falam que eu parei cedo. Cara, eu joguei 15 anos no futebol profissional, graças a Deus. Tá legal”, fala. “Sempre fui a referência nos clubes em que passei. Na maioria das vezes, fui titular. Mas no último ano, entrou aquela fase do ‘tu é importante para o grupo’. Pô, não sou animador de grupo. Queria estar no auge, voando”.

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A passagem pelo Corinthians: "uma confusão danada"

Muita gente pode não lembrar, mas Assis foi jogador do Corinthians. A passagem foi relâmpago: dois meses, apenas 35 minutos em campo e o surpreendente número de três técnicos. Ele chegou com Vadão no comando, trabalhou pouco tempo com Candinho e foi dispensado por Dario Pereyra, em dezembro de 2000.

“Foi aquela coisa bem Brasil: fui contratado quando o Vadão era técnico. Deu duas semanas e não era mais ele. O clube passava por muitas mudanças e não quis entrar em conflito. Falaram: ‘vamos rescindir’. E eu disse: ‘vamos, sem problema nenhum’. Era Citadini (Antonio Roque, vice-presidente a partir de 2001) e companhia entrando. Era uma confusão danada aquele Corinthians”.

O Corinthians foi o último time brasileiro na carreira de Assis. Do Parque São Jorge, ele partiu para o Montpellier, da França, onde se aposentou pouco tempo depois.

"Não tive um Assis na minha carreira"

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Nunca me senti pai do Ronaldinho

João, o patriarca da família Assis Moreira, morreu em 1988. Assis já era uma estrela do Grêmio, com direito a casa de presente pela renovação de contrato. “Lógico que o sofrimento era de todos, mas eu achava que para mim era muito mais. Sempre tive claro na minha cabeça o tamanho da necessidade do meu pai. E aquilo foi... Caraca, bicho. Mudou tudo, a vida toda.”

Ronaldinho tinha apenas oito anos quando perdeu o pai. Foi Assis quem deu a notícia para o caçula. Mesmo tendo assumido o papel de tutor da carreira do irmão mais novo, Assis não se vê como figura paterna. “Sempre me vi como o irmão mais velho. Minha mãe foi quem assumiu essa posição quando meu pai morreu. Eu estava fazendo o que tinha que fazer”.

E “fazer o que tinha que fazer” na relação dos dois passava por lidar com conflitos de ideias. “Temos uma relação muito legal, de respeito, mas tenho que falar o que penso, o que é verdade. Posso estar equivocado, ouvir o lado dele. Mas quando vem alguma coisa, sempre tivemos a liberdade de falar, nada fica para amanhã”.

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Vivendo o sonho (pelos pés de Ronaldinho)

“Aquilo que eu não conquistei [como jogador], conquistei junto ao Ronaldo. Ao viver o sonho com ele. Aquilo realmente me completou. Ele realmente foi a um nível de excelência que pouquíssimos conseguiram. Acho que tudo isso foi pelo esforço de família. As pessoas, às vezes, não entendem o quanto você precisa ser dedicado, perseverante e ter disciplina para chegar neste nível”.

Assis é bem resolvido com seus 15 anos como jogador. Mas admite que não foi uma carreira completa: faltou a seleção brasileira. “Voltei ao Brasil porque queria seleção brasileira, tinha o sonho. Mas infelizmente as coisas não aconteceram”, lembra o então jogador do Vasco em 1996. “Perdemos o Carioca para o Flamengo e era um momento muito difícil do clube economicamente. Uma catástrofe, na verdade. Enfim. Não rolou. Mas tentei”.

Mas Assis não é de lamentar. “Graças a Deus acho que fiz uma boa carreira. A gente sempre acha que poderia ter feito muito mais, algo maior, mas sou muito bem resolvido e muito feliz. No nosso país tudo é muito cruel. As cobranças, a maneira como as pessoas olham para o sucesso, o que é ter sucesso”.

A emoção de ver o irmão como melhor do mundo

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Guardiola não queria saída de Ronaldinho

A autonomia de Ronaldinho sobre a própria carreira foi testada em outro momento importante: a saída do Barcelona. Assis conta que foi o atleta quem escolheu fechar com o Milan em 2008. Na visão do agente, ele poderia ter continuado na Catalunha. “Particularmente, acho que ele não precisava sair do Barcelona. Poderia ter continuado. A gente ia passar por aquele tormento da escolha presidencial. Mas ele preferiu sair”.

Ronaldinho ficou incomodado quando se viu no meio da guerra entre Sandro Rosell e Joan Laporta, que disputavam a presidência do Barcelona. A saída foi sua maneira de se afastar da política do clube. O técnico Pep Guardiola chegou a pedir a permanência do craque, sem sucesso.

“O Pep Guardiola nos chamou para conversar. Queria que o Ronaldo ficasse, mas o Ronaldo decidiu sair”, lembra. “O Sandro era vice-presidente do clube, mas virou oposição e estava brigando nas eleições. O problema é que, de uma maneira ou de outra, o Ronaldo era a referência de contratação feita pelo Sandro Rosell. Então, como maior referência do time naquele momento, ele estava no meio de um problema político. E, obviamente, cada um o usava de uma maneira”.

AP Photo/Juan Karita AP Photo/Juan Karita

Os problemas com Luxemburgo

Vanderlei Luxemburgo foi demitido do Flamengo em 2012 logo após classificar a equipe para a fase de grupos da Libertadores. O treinador sempre culpou Ronaldinho Gaúcho por sua saída da equipe carioca. A relação dos dois foi de constante atrito, com auge na pré-temporada daquele ano em Londrina: Luxemburgo acusou Ronaldinho de dormir com uma mulher no hotel. O jogador se justificou dizendo que errou de andar.

“Não tinha nenhuma relação com o Luxemburgo. Sou agente do atleta, não do treinador. Se eu falar o que penso dele... as pessoas sabem”.

A confusão teria feito Luxemburgo pedir a saída do jogador do Flamengo, algo que não foi aceito pela diretoria. Mais tarde, o clube usou a filmagem do hotel na defesa do processo trabalhista movido por Ronaldinho, de acordo com o “Estadão”. “Aquela fita foi montada, uma sacanagem, e provamos isso. Então, sem palavras”.

Atlético-MG trocou Juninho por Ronaldinho Gaúcho

Aposentadoria rendeu duas propostas para jogar a Libertadores

Ronaldinho não faz um jogo profissional desde 2015, mas demorou três anos para anunciar a aposentadoria: em meados de janeiro, Assis confirmou que o irmão não desejava mais atuar profissionalmente. “Não chegou nem a ser um anúncio. Nossa programação era anunciar apenas em março, mas comentei com algumas pessoas e a notícia saiu. A decisão já havia sido tomada há bastante tempo”.

E foi só anunciar que a carreira de Ronaldinho havia terminado para alguns times perceberem que queriam o jogador. “Vieram duas propostas para a disputar a Libertadores depois do anúncio. O fato de não ter assinado com ninguém não foi porque não havia proposta, mas porque queríamos um tempo para anunciar a aposentadoria”.

O mês de março deve definir os próximos passos de Ronaldinho. Assis ainda não chegou a um acordo para as partidas de despedida. “Estamos pensando em muitos formatos: jogos com dois clubes de cada país, seleção”.

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Infarto e a nova vida

Assis foi internado no final de 2017 após sofrer um infarto em Porto Alegre. O empresário passou por uma operação para a implantação de um stent. O susto foi visto por Assis como um sinal para colocar o pé no freio.

“É uma junção de coisas: vida agitada, muitas viagens, sem horário para comer. Foi um susto para equilibrar”.

Assis tem 47 anos e não pensa em aposentadoria. “Sinto-me tão jovem”. Na verdade, o que o empresário quer agora é “mais uns 20 anos de trabalho”. “É uma vida nova depois do infarto. Estou me curtindo”.

Vida política: "por que não?"

O futuro da família Assis Moreira pode ser a política. Ronaldinho recebeu uma sondagem recente do Podemos, antigo PTN, que conta com os ex-jogadores de futebol Marcelinho Carioca e Romário. A ideia do partido é ter Ronaldinho como candidato ao Senado pelo Distrito Federal nas eleições deste ano. “Tudo isso começou com o Romário, que abriu as portas. Ele ouviu dizer que o Ronaldo se interessaria pela política e se manifestou. A gente disse que ia pensar, mas tudo para depois de março”.

Ronaldinho não é o único da família a se interessar pela política. O próprio Assis não descarta ingressar na vida pública no futuro: “Why not? Acho que o esporte precisa de muito apoio. A gente tem muita coisa para brigar, ajudar os atletas que precisam de apoio. A vida do atleta é muito curta e temos que dar a possibilidade de eles terem uma vida após o futebol”.

Assis não revela seu voto para as eleições presidenciais, mas vê em Jair Bolsonaro uma referência para o futuro. “Gosto do discurso dele. É um cara que mostra que quer mudança, que quer mudar a cara do Brasil”.

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