Engraçados sem querer

Amigão e Antero falam da parceria na ESPN, futebol, política e televisão. E conseguem segurar a risada

Leandro Carneiro e Luiza Oliveira Do UOL, em São Paulo
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O Sportscenter, da ESPN, não foi pensado para ser, exatamente, engraçado. Mas Paulo Soares não consegue segurar as risadas e Antero Greco tem a língua afiada para trocadilhos. Então, quando os dois se juntaram em 2000 para apresentar o programa, era questão de tempo para o bom humor aflorar.

Gargalhadas com Milton Caraglio, Luis Picamoles ou o veadinho que atropelou um skatista fizeram a alegria dos telespectadores e criaram uma multidão de seguidores para a dupla. Poucas duplas de telejornais são tão lembradas pelo bom humor quanto os dois. "Na primeira vez, achamos que seríamos demitidos. Chegamos no camarim e dissemos: é hoje", lembra Amigão. "Mas aí já avisaram que o Trajano tinha gostado", completa Antero. "Foi engraçado", brinca, imitando a voz do ex-chefe.

Dar risada, aliás, era algo comum entre os dois. Amigos desde os anos 80, os dois faziam a alegria de técnicos desde 1994, quando a ESPN ainda nem mesmo se chamava ESPN. "Uma vez, fizemos três jogos no mesmo dia. Era início da TV, cabinezinha pequena, operador de áudio, eu e ele: a gente começou a fazer e começou a rir. Um saía, outro ficava, um ficava, outro saía. Fizemos o primeiro jogo, o segundo. Isso já era 11 da noite. Tinha o terceiro jogo, que ficaria para o dia seguinte. Falei: já estamos aqui, vamos fazer esse também. Aí fizemos, mas nem sabia mais o que tava falando. Ria pra caramba. As gravações terminavam 2h, 3 da manhã”, lembra Antero.

Em quase três horas de conversa com o UOL, Antero e Amigão relembraram as histórias da parceria, falaram de futebol, política e televisão. E, ao contrário do que você vê na TV, não tiveram de segurar as risadas para chegar ao final.

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Antero queria ser padre

Com mais de 40 anos de jornalismo nas costas, Antero Greco é o lado provocador da dupla. Bem-humorado, tem sempre uma piada ou um trocadilho para compartilhar com o companheiro. O inusitado da situação? Antes do jornalismo, ele queria ser padre. "Queria, de fato. Talvez tivesse seguido e depois abandonado porque era muito contestador pros padrões salesianos, que eram os padres que eu frequentava na escola em que estudei, o Liceu Coração de Jesus. Fiquei um mês em Campinas, no seminário", conta. "Aí lembro minha mãe, italiana, que fez um drama. Mas cresci, me interessei por algumas meninas da escola e abandonei a ideia de ser padre. Mas acho bacana, é uma vida de dedicação, difícil. Eu admiro. E conheci padres muito bons".

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Amigão x redes sociais

E, se Antero é o lado provocador, a vítima Paulo Soares tem o sorriso solto. Com quase 40 anos de carreira, o próprio apelido mostra isso: Amigão surgiu como Amigão da Galera, homenagem de Oswaldo Paschoal (hoje na Fox) para o narrador que estava sempre fazendo amizades na redação. Ironicamente, na era das redes sociais, Amigão não consegue se relacionar com tanta proximidade com seu público. "Minha relação com pessoas nas redes sociais ainda é bem reduzida, seja no Instagram ou no Twitter. Uso o Twitter mais pra buscar informação, não costumo ficar dialogando. Gostaria muito, mas penso assim: entraram 200 pessoas fazendo pergunta. Eu preferia que as 200 estivessem aqui. Não cada um sentado em frente ao seu computador".

As gargalhadas famosas

O empurrão do CQC para o sucesso na TV Aberta

Antero e Amigão superaram os limites da TV por assinatura e, como a dupla gosta de lembrar, é reconhecida na rua até por quem não é assinante da ESPN. O culpado por isso é o CQC, da Band, e o quadro Top Five. Muitos dos vídeos aí em cima apareceram no programa comandado por Marcelo Tas.

“Quando acontecia alguma coisa, a gente ia para o camarim pensando: amanhã vem a demissão. Mas aí veio o CQC e aquilo transcendeu, foi para a TV aberta”, lembra Amigão. “A  gente ia aos lugares e o pessoal falava do CQC. Pô, te vi no CQC. Olha lá o cara do CQC. TV aberta te dá essa visibilidade maior”.

O início da relação, porém, não foi tão fácil. “No começo, a gente não entendia. Achava pejorativo. Nas primeiras vezes, perguntavam o que a gente estava fumando. Eu respondia que a alegria é espontânea, não precisa aditivo. Mas depois percebi o espírito do programa dos caras”, admite Antero. “Depois ficamos muito amigos do pessoal do CQC. Fizemos vários quadros pra eles. Quando a gente se encontrava nos bares da Vila [Madalena], mandava água para eles”, diz Amigão.

Até gringo deu OK

Uma vez, os americanos estavam aqui. Veio a mulher da grana, a Mrs. Katrin. Nisso apontaram: "Esse cara faz o Sportscenter". E ela: "I know". Falaram também que a gente era engraçado. Ela: "We know. No Sportscenter pode". Aí eu falei: "Ah, se os caras que são donos da bola autorizaram..."

Antero

Nós que fizemos o primeiro Sportscenter do Brasil. Mas vem da ideia do americano, que é o Sportscenter leve, bem-humorado, descontraído e com muita informação. Então, trouxemos muito isso de lá. E sabemos o quanto gostam da gente

Amigão

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O choro ao vivo sem querer

Se as crises de risadas vêm quando menos se espera, com o choro também é assim. Amigão e Antero são emotivos por natureza, como eles mesmos admitem. “Controlar emoção também é um exercício. Lembro uma vez, veio uma reportagem maravilhosa da ESPN americana, de um rapaz com paralisia cerebral, que estava na universidade. Era uma prova de cross-country. Chegou em último, mas foi uma vitória pra ele”, relembra Antero.

O apresentador, naquele momento, era Rogério Vaughn. “Eu começo olhando de rabo de olho, conversando algo com o Vaughan. Percebi que era legal e falei: ‘não vou prestar atenção, não vou prestar atenção’. Quando voltou, eu estava chorando. Falei, gente... Que bobeira gente, tanta coisa na vida olha que história linda”.

Amigão parou de voar após tragédia da Chapecoense

Amigão contou para Rubens Barrichello da morte de Senna

Outra história que abalou Amigão aconteceu em 1ª de maio de 1994. Paulo Soares era o coordenador da Rádio Globo, passou na padaria para comprar pães como de costume em dia de corrida de F-1. Era o GP de San Marino em que Ayrton Senna morreu.

“Senna bate. Batida forte. Aí você toma um susto. Todo mundo para, vê a imagem da TV Globo, aumenta o som do Galvão Bueno, do Luis Roberto e tal. Informações não chegam. Vem a notícia duas e pouco. Luis Roberto entra de lá e dá a notícia da enfermeira: Senna está morto. Tem a pancada da morte do Senna, mas precisa trabalhar”, lembra.

E trabalhar, no caso, incluiu contar sobre o acidente a Rubens Barrichello, que tinha sofrido um acidente na mesma pista dois dias antes. O brasileiro estava em sua casa em Londres:

- Barrichello, aqui é da Rádio Globo de São Paulo.

- Pois não.

- Você pode entrar no ar pra falar da morte do Senna?

- Como assim morte do Senna?

- Você não tá sabendo?

- Não, não tô sabendo.

- Poxa, o Senna acabou de morrer.

- Não, não é possível. Eu que tinha que morrer. Como que o Ayrton morreu?

“Ele começou a chorar e ficou aquela coisa. Ele entrou no ar com a gente. É o outro lado, do desespero”.

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Na TV é preciso sorrir. Mesmo com sua mãe no hospital

Como as histórias de Amigão mostram, nem sempre é possível manter o bom humor em todos os programas. Antero sabe bem disso. Um dia, ele não se lembra exatamente por que fez um programa de cara fechada.

“Provavelmente foi uma bobagem e estraguei aquele programa. Quase não abri a boca, não falei. Quando acabou, o editor-chefe Wagner Patti veio falar comigo. Foi um diálogo meio ríspido. Falei que ele tinha toda razão. Quem está me vendo não tem que saber se vim feliz, triste, ou se algo me aborreceu. Isso é desrespeitar quem faz e quem acompanha. Foi mais uma lição. É todo dia aprendendo”, conta.

“Ano passado, minha mãe ficou um período enorme de agonia. Deixei de trabalhar dois dias. Muitas vezes, estava triste, com vontade de chorar, mas fui e fiz. Saía de lá do programa e ia para o hospital. Mas porque tenho que ter respeito com as pessoas que estão vendo e com quem preparou o jornal. Às vezes, no rádio você fala, ou escreve no site, mas está com a cara amarrada. Mas ninguém vê. No vídeo, sobretudo, é preciso ter a consciência de que se não estiver bem, e aprendi isso também, é melhor ficar fora”.

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Relação com Twitter quase virou caso de polícia

Enquanto Amigão admite que tem dificuldade com as redes sociais, Antero Greco está em outro patamar. Com mais de 500 mil seguidores, ele é ativo no Twitter e costuma promover discussões não só sobre esporte, mas sobre política.

O momento mais tenso dessa relação quase virou caso de polícia. “Uma vez, um cara tava me xingando, xingando, xingando, e eu dando corda. Aí entrou um terceiro e disse para parar de me xingar. E ele falou: ‘Respeitar o quê? Pego você também, te encho de porrada’. Comecei a conversar com este terceiro e, papo vem, vai, e ele disse que a maioria desses caras era inofensiva, mas ‘você não sabe se algum dia pode topar com algum doido’”, lembra Antero.

O terceiro envolvido na situação era policial e tinha descoberto a identidade do troll que ameaçava Antero. Perguntou se o jornalista queria mandar um policial para onde morava o agressor. “Eu disse: ‘Não, pelo amor de Deus! Deixa pra lá’. Mas colocamos ali, aberto. O cara se assustou e caiu fora”.

Eu tenho uma relação muito intensa no Twitter. Avanço e recuo, avanço e recuo. Muitas vezes coloquei um tema para provocar, para ver o que as pessoas diziam. Até para elaborar comentários, crônicas pro jornal. Muitas vezes fingi que tava bravo. Tava não... Tava blefando

Antero

Uma vez me afastei do Twitter quando vi uma pessoa graduada, que deveria cuidar da Justiça, chegar e dizer que eu era leviano, que levava grana para defender uma posição. Falei pra minha mulher: preciso disso? Não preciso. Caí fora. Fiquei quase um ano fora

Também Antero

Aos poucos, fui voltando a fazer as pessoas refletirem não só sobre esporte, mas sobre o momento delicado que elas vivem. Essa volta de um olhar mais conservador, pra usar um termo delicado. Mas, mais uma vez, estou de novo num momento de recuo. Porque vem outra fase, a fase das pessoas que pegam pesado, ameaçam. Os xingamentos

Antero

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Celebridades nas ruas

"O Jô Soares falou uma coisa que eu acho interessante: nós não somos celebridades. Talvez personalidades. Eu nem me incluo nesse grupo", ressalta Amigão. Os dois são reconhecidos na rua, tiram fotos, conversam. "Se você está em trânsito, normalmente é jogo rápido. O cara vem, pede uma selfie. Se você está parado, num restaurante, num bar, num supermercado, começam a te acompanhar, conversam. Comigo é tudo supertranquilo. Sem problema. Pessoal vem, tira foto, conversa. E em cada vez em mais lugares", completa.

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Antero tietava artistas

Antero Greco admite que era "comunicador" desde pequeno. Conversava com quem encontrasse na rua e não tinha vergonha de tietar. "Era garoto e ia na porta da antiga TV Excelsior esperar artista, jornalista. Tinha o Peirão de Castro, o Rubens Petis. Pedia autógrafo, eram jornalistas. Fiori Gigliotti! Nossa, o dia que eu conheci Fiori Gigliotti na Bandeirantes... Eu guardei durante anos um papel escrito assim: 'Ao amiguinho Antero, com carinho, Fiori Gigliotti'. Já adulto, jornalista, mostrei pra ele e ele ficou emocionado".

Quando será a próxima risada?

É engraçado. Você chega nos lugares, mesmo na TV, e dizem: "Hoje tem risada? O que vai ter?" A gente não está nem pensando isso. Vem naturalmente. Mas as pessoas na calçada perguntam quando a gente vai rir

Amigão

É bacana ver carinho das pessoas, mas às vezes bate certa preocupação. A gente faz um programa sério, aborda tanta coisa importante sobre futebol, esporte, vida e passa batido. Aí faz uma bobagenzinha e é aquilo que marca

Antero

Amigão e Antero fora da ESPN? É difícil...

Xinhua/Imago/ZUMAPRESS

Um dia vamos ver festa na Paulista para título do Barcelona

Antero Greco foi um dos primeiros repórteres a se dedicar ao futebol internacional em um grande jornal brasileiro. No Estadão, era especialista em futebol italiano desde o fim dos anos 80. Mesmo assim, é um crítico à internacionalização atual que os jovens vivem no esporte.

“É uma coisa curiosa. No fim dos anos 70 e começo dos 80, fui eu que mandei brasa no futebol internacional. Eu via como uma coisa importante. Até participei das primeiras transmissões na Bandeirantes. Gosto de futebol internacional, fiz o Futebol no Mundo por muito tempo.

Eu sempre disse que gosto da Roma porque o Falcão jogava lá. Gosto do Napoli pela origem família. Gosto. Mas torcer eu torço para um time só.  Na minha cabeça, toda geração tem um time. Um time só. Acabou. Seja aqui, no Japão, na China. Um time só.

Mas entendo essa meninada hoje e o fascínio de ver grandes jogadores. A facilidade de acompanhar esses campeonatos torna fácil se afeiçoar a estes times. Talvez quando eu era garoto... Não, quando eu era garoto tinha Santos de Pelé, que era extraordinário. E o Palmeiras, que encarava o Santos. Mas, talvez, naquela época, se tivesse os jogos de Milan, Benfica, Peñarol, Real Madrid, quem sabe desde garoto alguém torcesse, sei lá, para o Peñarol.

Vejo como reflexo das poucas referências nas equipes do Brasil. Vamos cair sempre nos mesmos: Rogério Ceni, Marcos, Marcelinho Carioca, Zico, que é de 30 anos atrás. Então, para o garoto, sobretudo, é imprescindível ter referência. O menino torce pelo ídolo que vai ver por anos e anos.

Quando o Santos segurou o Neymar um pouquinho, eu pensei: Nossa, que bacana, o que o Santos vai ganhar com aquilo... Mas depois foi um desastre. Mas mantém o Neymar quatro, cinco anos aqui. Cresce a torcida, tem a referência. A meninada fica fascinada por Neymar, Messi, Cristiano Ronaldo. E hoje, com a facilidade de ver esses caras no exterior, acabam torcendo. É uma mudança, uma nova realidade. Um dia vamos ver festa na Paulista da conquista de algum time estrangeiro. Isso é fato.”

O futebol no Brasil é muito fraco. Não tem mais formação de time. Os meninos vão embora, não tem ídolos, não tem talentos. Eu vi futebol nos anos 70, 80, 90 e comecinho de 2000. Hoje, o futebol brasileiro é muito chato. Tirando as decisões, é muito chato. Prefiro ver Campeonato Inglês, Alemão, Francês, Italiano, Espanhol. Prefiro ver Barcelona e Las Palmas que Palmeiras e um time C brasileiro

Amigão

Divulgação/SBT Divulgação/SBT

Sportscenter no SBT: "Eu gosto do Gordinho", diz Silvio Santos

Já pensou em assistir aos principais programas da ESPN na TV aberta? Isso quase aconteceu. “Teve uma época lá atrás, na Copa de 2002, talvez. Falava-se em levar o Sportscenter pro SBT. Havia uma possibilidade de parceria pra levar Linha de Passe e Sportscenter para o SBT. Não sei direito o que rolou e não foi pra frente”, lembra Amigão. “Mas, que tal, Silvio? Ainda dá tempo de ter o Sportscenter à noite no SBT?”, brinca.

A negociação não foi à frente, mas Antero lembra que Sílvio Santos era fã de Amigão: “Ele falava: ‘Eu gosto do gordinho’. Mas só daria certo na TV aberta se pudesse fazer o que se faz na ESPN. Não só bom humor, mas com opinião independente. Aí sim”.

A língua da TV

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Amigão aprendeu a "falar com a família" no SBT

Em 1998, Amigão estava no SBT. Foi lá que entendeu como falar em TV aberta. "No SBT, aprendi que falava pra família. Quando ia transmitir futebol, falavam: 'Paulo, fala para a família. Pro avô, pro pai, pro filho, mas fala também pra namorada, mulher, avó, mãe'. E desde o começo eu acho isso da ESPN: falar pra família. Não é só homem que vê futebol. Às vezes tem que ser didático. Não custa nada falar Abel Braga, técnico do Fluminense. A mulher que não sabe que Abel é o técnico. Fica sabendo".

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"É um momento de busca de caminhos", diz Antero

"A televisão tem sofrido um processo de mudança muito grande. A TV mais formal foi se descontraindo. Hoje tem um monte de TV oficial, de youtubers, de não sei o quê... As TVs estão buscando que linguagem adotar. Vejo na ESPN. Pelo DNA, informação e opinião são pedras básicas. Agora, como essas vigas mestras serão veiculadas em dois ou três anos? Sinceramente, não sei. Ainda confio que informação de qualidade e opinião embasada, honesta, coerente, isenta, transparente e independente vão prevalecer".

Antero x Mauro Cezar

No sofá do Bate-Bola, às vezes a discussão esquenta. Como o debate acalorado entre Antero Greco e Mauro Cezar Pereira em 2016, depois de um Palmeiras 1 x 0 Internacional. Os dois não se entenderam ao vivo.

“Foi o seguinte: o Palmeiras tinha ganhado do Internacional por 1 a 0, jogo difícil, tenso, aqui no Allianz Parque, e naquele resultado ficou sensação de que o Palmeiras seria campeão. A gente começou o programa de domingo e o Tirone falou algo assim: ‘Palmeiras muito bem, indo pro título’. Eu falei parabéns. Entraram entrevistas. Quando voltou, o Mauro fez uma observação e não concordei e a gente começou a contestar”.

Mauro afirmou que o companheiro de emissora estava equivocado: “Ele falava que era importante entender aquele momento, eu estava me colocando até no papel do cara que estava no estádio, momento de alegria, time explodindo, um pé no título. O tom que se estava dando parecia um tom crítico, que talvez fosse interessante, mas para um pouco mais tarde. Mas a gente conversa, a gente é amigo, troca mensagem, não tem problema nenhum. Às vezes até uma questão de aprendizado ou de como falar. É bom que há respeito, há carinho”.

Nos bastidores, rolou um pedido de desculpas. “As pessoas imaginam que esses caras são inimigos. Imagina. Falei no intervalo desculpa Mauro. O torcedor do Palmeiras vai pegar no seu pé. E ele ‘não, Antero, tudo bem, é do jogo’. As pessoas se gostam, se respeitam e se desentendem, o que é muito bom”.

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A briga com o peso de Amigão

Paulo Soares ficou 6 meses afastado e 21 dias de férias, como o amigo Antero fez questão de contar. Foi um período longe da TV para cuidar da saúde. Ficou em um Spa em Sorocaba, emagreceu 15 kg e voltou em agosto à ESPN.

Nas conversas com Amigão, o assunto “peso” é recorrente e levado na brincadeira. “Fui pro Spa. E Spa é ótimo. Eu brinco. ‘Você sabe que sou bariátrico, né?’ Falo pro médico: ‘Você tirou o pulmão. Errou’. E ele responde: ‘Pô, Amigão, você me tira da curva, da estatística’. E o spa é tão bom que vou desde 2000. Tô sempre assim, vale a pena”.

 A briga com o peso e os remédios que tomava para emagrecer contribuíram para o episódio marcante do Linha de Passe, no qual Amigão se irrita, levanta e deixa o programa em que José Trajano e Juca Kfouri também participavam.

“Eu tomava muito remédio pra emagrecer, tanto que estava mais magro.  Eu vinha muito estressado, muito zureta, muito pelo remédio... Naquela segunda eu estava tão cansado e, de repente, falei que ia embora dali. E fui embora. Mas credito muito ao remédio. Eu estava realmente alterado”.

O dia que Amigão deixou a bancada do Linha de Passe

Muita gente fala do Trajano e é uma pena, porque ficou pra ele essa marca. As pessoas não sabem o quanto a gente é amigo e se gosta. E o quanto a gente se respeita. Como sou super amigo do Juca, do Calazans, do Marcio e do PVC, que estavam no programa. Considerei um acidente e eles também

Amigão

Quem quer saber se Antero torce para Palmeiras ou Corinthians?

Mateus Bonomi/Folhapress Mateus Bonomi/Folhapress

Antero, a militância política e a entrevista com Lula

Por ter opiniões fortes e se expor nas redes sociais, Antero Greco é taxado como militante político. Ele contou que até aparece em lista de um site como militante de extrema-esquerda, o que o incomoda.

“Logo eu, que nunca fui nem em grêmio acadêmico de ginásio, de colégio, de nada. Nunca pertenci a centro acadêmico ou fiz militância política. Acho falha, acho errado, sou de uma geração castrada pelos 21 anos de ditadura, que cresceu com medo da política”.

Incomodado, fez questão de aparecer de cara fechada quando foi convidado por José Trajano para entrevistar o ex-presidente Lula. “Passei a entrevista toda sisudo. Sisudo mesmo, porque achei que tinha ser assim. Tanto que o entrevistado percebeu e, depois, perguntou. Falei que é meu jeito. Fiz perguntas que repercutiram em sites, jornais e com candidatos que ele citou. Juca, a mesma coisa. Agora, tem muita gente que odeia o Lula e eu entendo. Só que acha que tem que chegar e falar ‘seu safado, ladrão, sem vergonha’”.

Eu já entrevistei Havelange, cobri visita do Papa, entrevistei general na época da ditadura, entrevistei Blatter, Platini, Pelé, o garçom, entrevistei caras idolatrados e execrados. Porque minha profissão é jornalismo. Entrevistaria o Doria, Alckmin, Bolsonaro, a Erundina, qualquer um que me chamassem. Fui convidado para este programa

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"Quando há crise, se olha para o próprio umbigo"

Criticado, Antero defende a liberdade para se expressar, a democracia, o direito ao voto e acha absurdo que alguns peçam a volta do regime militar. Para o comentarista, o voto popular é soberano, mesmo que o eleito “seja um terror”.

“A vida é feita de ciclos. Hoje o ciclo é mais conservador. Quando há crise econômica e política, a pessoa tende a olhar pro próprio umbigo, se fecha e entra o egoísmo. Agora, vem um momento de descrédito com a classe política, que é uma pena. A política é importante, fundamental, imprescindível. Assim é a vida. Prefiro muito mais democracia com defeitos e falhas, mas em que pode acontecer a discussão, do que uma ditadura perfeita, porque aí não se pode falar”.

“Olhe os anos 70. Quanta gente apanhou, foi torturado, preso? Quanto jornal foi censurado? O cara pedindo pra voltar uma coisa dessa não faz sentido. Deixa política pro político. A nossa classe política é péssima, mas é reflexo do nosso dia a dia. Nós somos [péssimos] também. Quando nós melhorarmos, talvez tenha políticos melhores. Agora, ano que vem, acho que vai ser uma votação para o conservador. Gostando ou não. Você pode falar ‘Pô, mas aí vem Bolsonaro, um terror’. Mas muda-se com voto em quatro anos. Muda com voto, sociedade faz pressão. Mesmo que vença candidato que eu abomine, ganhou no voto”.

Amigão desanimou com a política: "é a maior tristeza da minha vida"

O que posso dizer é que não gosto de falar de política hoje. Eu vou voltar a falar de política quando tiver esclarecido, entende? Quando tudo tiver definido. Se você perguntar em quem vou votar, eu não sei. Você quer votar? Não. Política é a maior frustração, maior tristeza de minha vida

Amigão

Fui muito envolvido com centro acadêmico, passeatas, ia para rua. Corria da polícia, de bombas. Era época de ditadura militar no auge, mas tinha sonho de um país diferente. Uma pena tudo o que aconteceu, mas é importante que responsáveis sejam punidos e que isso possa abrir um novo caminho

Também Amigão

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