P: Alguns papéis que você escolhe são bem diferentes, como “Sob a Pele”, no qual é uma alienígena predadora que usa a sexualidade masculina contra os próprios homens, embora, na verdade, ela não seja coquete. É importante para você fazer essas experimentações?
Scarlett: Procuro projetos com cineastas dispostos a fazer coisas que dão ao público uma experiência diferente.
P: Parece que você gosta de desafios.
Scarlett: Sempre fui muito competitiva e isso inclui sempre ampliar meus limites –correr riscos e poder viver com a perda que vem de assumi-los.
P: Em seu trabalho como Viúva Negra em “Os Vingadores”, vemos sua habilidade em mostrar vulnerabilidade apesar da força da personagem.
Scarlett: Admitir a própria vulnerabilidade é um lance muito poderoso. Há muito que se dizer de uma personagem que tem força, mas não fica alardeando.
São muitos detalhes contraditórios que compõem a personalidade multifacetada. Dar vida a um personagem significa valorizar e reconhecer sua complexidade, ter consciência de que é possível ser várias coisas ao mesmo tempo, não é preciso ser só preto ou só branco.
P: Você acha que o fato de haver mais mulheres no set de filmagem oferece mais flexibilidade para explorar todas as dimensões da personagem?
Scarlett: Talvez o público esteja mais aberto para essas tramas mais ricas do que antes e, por isso, há mais oportunidades de colocá-las na telona. As pessoas querem ver aquilo que reflete as experiências que estão tendo. Enquanto cultura, talvez estejamos nos tornando mais tolerantes em relação às diferenças e ao espectro complexo que a vida nos oferece.
Quando você vê filmes de 50 anos atrás, percebe que os personagens refletiam aquilo que as pessoas queriam projetar no mundo –ou seja, uma coisa idealista, preto no branco, certinha, sei lá. Não é mais assim. Os longas que fazem mais sucesso hoje em dia são aqueles em que os personagens têm defeitos. E acho que é por isso que [o roteirista e diretor de “Os Vingadores] Joss Whedon vem tendo tanto sucesso nesse aspecto, porque ele adora as imprecisões, faz questão de exaltá-las. Gosta de destacar nossas fraquezas.
P: Quais as experiências que gostaria de criar na tela para sua filha?
Scarlett: Minha filha ainda é muito novinha. No momento, acho que nós duas sonhamos que, um dia, vou encarnar uma princesa Disney, mas acho que não vai rolar. Venho pedindo um papel desses há vinte anos e ninguém nunca me ofereceu nada.