"Tem menino de 17 anos vivendo de rap"
Para Projota, uma cilada que os novos MCs podem cair é justamente a tentação de entrar no rap com o foco apenas no sucesso financeiro. “Eu acho delicada essa questão. Se você começar a cantar rap por causa do dinheiro você perde essa pureza que tinha antes. A razão é outra, né? Você pode querer ganhar dinheiro e fazer por amor. Eu também sou assim. Na minha época, como a gente não tinha como crescer financeiramente com o rap, era algo muito visceral e muito puro. Uma gana”.
O rapper não esconde que o caminho trilhado por ele, Emicida e outros pode acabar criando uma ilusão errada da carreira como MC. “A gente tava na lama de verdade. Você tinha que cavar no túnel. Hoje quando um menino começa a cantar rap ele entra no túnel vendo a luz lá no fim e ele vai ter que correr pra chegar lá. A gente não via luz”.
O rap trouxe a liberdade financeira para Projota quando ele tinha entre 23 e 24 anos. Os nomes atuais do trap, e mais aqueles que surgem a todo instante, beiram os vinte anos de idade. “E hoje a gente tem menino de 17 anos vivendo de rap. E vivendo bem. Um dos meninos da 1Kilo fez 18 anos outro dia. E os meninos bombado fazendo show no Brasil inteiro”.
“Eles têm uma vantagem hoje que a cada ano que passa a técnica evolui, a lírica, a forma de criar os flows. Isso dá a oportunidade pra eles de fazer o rap baseado em muitas coisas. Muito mais no que a gente tinha. A gente era baseado em uma geração, e hoje eles têm duas”.
E Projota não se incomoda de carregar essa responsabilidade de ser esse elo entre o rap dos anos 90 com a geração atual. “O que eu fiz, Emicida, Rashid, Flora Matos, Karol Conká, Marechal, Mano Brown, MV Bill, Gabriel O Pensador, Marcelo D2...o que todos esses fizeram permitem que um menino de 15 anos hoje possa viver de rap”.