"O Renascimento do Parto" surgiu quando o cineasta Eduardo Chauvet, sua mulher à época, a doula Érica de Paula, e um amigo tiveram em Brasília a ideia de fazer um documentário sobre o tema. O amigo desistiu, mas Eduardo e Érica foram em frente. Na raça, assinaram quase toda a produção e estrearam em três salas, com ajuda de um crowdfunding para bancar a distribuição.
O burburinho em torno do filme aumentou e o fez a chegar a cerca de 50 cidades. Agora, com "O Renascimento do Parto 2", serão 35 cidades apenas para estreia, incluindo São Paulo, Salvador, Rio, Fortaleza, Recife e Manaus.
"Acabei me reinventando, renascendo também por contar essas histórias. Para mim, foi muito impactante. Não tinha a menor ideia de que ia causar o que causou, de virar essa ferramenta de transformação social. Pensamos: 'Peraí, vamos chacoalhar um pouquinho, vamos pensar um pouco no que está por trás de tanta cesárea'."
Eduardo diz que a base foi colocar tudo sob o microscópio das evidências científicas, algo que nos partos feitos tradicionalmente se perdeu, trocado por protocolos nem sempre necessários nos hospitais. O primeiro filme se baseou principalmente em dar um "bê-a-bá" para os iniciantes no tema. Agora a violência obstétrica é o tema.
Não tem como amenizar. A gente mostra como uma denúncia mesmo. Tem gente que fala que não existe (violência obstétrica). Se não existe, assiste e vem falar comigo depois. Essa opção de mostrar eu nem tive, eu tinha que mostrar. Para ficar claro para as pessoas entenderem seus direitos, e ao que a mulher está sujeita ao entrar num hospital.
O documentário agora aborda exemplos de sucesso no SUS, como o Hospital Sofia Feldman, em Belo Horizonte, e também temas como partos normais de gêmeos -- como o de Fernanda Lima -- e partos pélvicos (quando o bebê está "sentado").
Um dos cuidados é para não demonizar as cesáreas, como explica a obstetriz Ana Cristina Duarte, entrevistada no primeiro filme. "O parto natural é um desejo, mas é possível haver intercorrências e mesmo que a gente evite os procedimentos, é importante que eles estejam disponíveis e as equipes bem treinadas para seu uso diante da necessidade. Isso inclui a cesariana, que quando necessária pode salvar vidas."