A nanonave do Starshot pode ter instrumentos para medir sinais de potencial de vida. Se a tecnologia der certo, serão necessários outros 20 anos para superar os mais de 40 trilhões de quilômetros até Proxima b, e quatro para que as fotos e medidas que tirarem sejam enviados de volta à Terra.
Além do Proxima b, nosso objetivo maior com o Starshot é promover uma busca planetária unificada pela exploração e o conhecimento, dando os primeiros passos, como espécie e como planeta, na galáxia.
Enquanto isso, os cientistas aqui continuam a fazer as perguntas universais. O que são aqueles quilômetros de escuridão que a nanonave vai atravessar? O que são esses anos que teremos que esperar? A terceira descoberta feita este ano esclareceu a natureza básica do espaço e do tempo.
Alguns meses antes do anúncio do Breakthrough Starshot, os físicos do Observatório de Ondas Gravitacionais por Interferômetro Laser, nos EUA, disseram ao mundo que, após anos de espera, ouviram um “gorjeio” – ou melhor, um sinal breve indicando a detecção de ondas gravitacionais no espaço, consequência da colisão de dois buracos negros há mais de um bilhão de anos atrás.
Esse ruído confirmou as previsões da teoria geral da relatividade de Albert Einstein, que diz que o espaço e o tempo não são dimensões isoladas, mas estão ligados como uma quarta dimensão de “espaço-tempo” – que não é um cenário estático, mas sim dinâmico, alterado pela presença de corpos imensos. E Einstein também previu que ele pode fluir.
Isso significa que o que as ondas gravitacionais LIGO detectaram não eram ondas de fluido, energia ou qualquer outra substância conhecida; eram ondas de espaço-tempo. Se tudo o que vemos no universo são as pinceladas de uma pintura, uma onda gravitacional pode ser um tremor na própria tela.
Esse ruído também inaugurou o campo da astronomia de onda gravitacional, ou o uso delas como instrumento de observação, reforçando o nosso poder para explorar ainda mais além. Dizem que a descoberta abre uma nova janela no universo, mas ela só revelaria uma visão diferente. Isso parece mais a evolução de um órgão de um sentido totalmente novo, que permitirá aos astrônomos diferenciar eventos ultraviolentos previamente invisíveis a nós – como as colisões entre os buracos negros gigantescos que se escondem no centro da maioria das galáxias. E pode oferecer uma visão do universo como ele era pouco depois do Big Bang.
Nossa curiosidade sobre tudo o que descobrimos este ano estimulará novas conquistas – e o sentimento não é compartilhado somente pelos cientistas na vanguarda da exploração, mas toda a humanidade. Confrontar as questões fundamentais é a maior aventura que já existiu e todos nós – não importa onde moramos ou o que fazemos – podemos investir nelas.