Se por um lado as mães-influenciadoras são alvo de admiração, mas também de julgamentos, as mães anônimas nutrem sentimentos ambíguos em relação às celebridades e seus pimpolhos na rede.
A psicanalista Marcia Neder, autora do livro "Os Filhos da Mãe - Como Viver a Maternidade Sem Culpa e Sem o Mito da Perfeição", explica que as redes sociais podem proteger as mulheres da solidão que as acompanha nos primeiros meses da maternidade.
Por mais que se tenha ajuda, boa parte do puerpério é uma experiência solitária com o bebê. As redes sociais fazem com que as mães se sintam novamente parte de algo"
Se por um lado a conectividade proporciona troca, por outro, esse novo nicho de exposição das celebridades pode ser também um tormento. As mães que formam a massa da "vida como ela é" se deparam com as mães-maravilha da internet e viram alvo fácil de frustração, principalmente nos primeiros meses do bebê.
Afinal, que mulher em pleno puerpério se sente bem ao ver passando pela sua timeline aquela ex-bbb, que também acabou de parir, linda e com a barriga chapada na selfie em frente ao espelho?
"Mulher no pós-parto fica suscetível. Ela está se adaptando a um novo corpo, a novas relações, rotina... Se existe uma glamorização e você compara a sua vida à da top model que está magérrima após ter um bebê, vira mais uma sobrecarga", defende Anna Mehoudar, psicanalista do Grupo de Apoio à Maternidade e Paternidade (Gamp21), que já atendeu mais de 4 mil mulheres no pós-parto.
Thais Fersoza tem um canal sobre maternidade no YouTube e diz que "se sente responsável" por tudo o que posta. "Dei muita sorte, tive duas gestações tranquilas. Mas o que é perrengue também mostro. É legal as pessoas verem que nós também passamos por situações difíceis", explica a atriz, embora costume aparecer nas fotos impecavelmente maquiada e com vestidos justinhos, em plena reta final da gravidez.