50 anos de crush

As definições de romance foram atualizadas. Mas esses casais seguem apaixonados como no primeiro match

Helena Bertho Do UOL, em São Paulo

Não havia aplicativos que facilitavam a pegação e o sexo era cercado de (muito mais) tabus quando a professora Adélia, 78, e o administrador Décio, 80, se apaixonaram. Era 1958 e, se o casamento se revelasse uma cilada, o divórcio era uma alternativa que nem ao menos existia por lei.

Mesmo com tantas mudanças nas últimas décadas, o casal preserva o brilho no olhar do primeiro match. Ou melhor, do tempo em que a paquera acontecia recatadamente, sob o olhar vigilante dos pais.

Aqui, Adélia, Décio e outros "bodas de ouro" falam das alegrias que compartilharam, revelam como as DRs e as fases barra pesada os tornaram inseparáveis e contam como comemorarão, vitoriosos, mais um Dia dos Namorados. 

Do namoro às bodas de ouro: como o amor resiste ao tempo

Dificuldade para ter filhos os tornou inseparáveis

O primeiro date 
O administrador Décio Galiani, 80, e a professora Adélia Galiani, 78, se apaixonaram no verão de 1958, na Praia Grande (SP). Mas o namoro só começou para valer depois de uma sessão de cinema. "Não acreditei quando o vi todo chique, de terno, me esperando na bilheteria", recorda ela. "Quando a vi de vestido foi estranho... Toda vez que a havia encontrado, ela estava de maiô!".

O obstáculo da relação
Ter filhos foi, durante muito tempo, um sonho impossível. Por 13 anos, Adélia sofreu com tratamentos de fertilização sem resultados. O desejo de aumentar a família só se deu por meio da adoção - os filhos Décio e Érica têm 45 e 41 anos. "Transformamos o drama em cumplicidade", avalia ela. "Nunca precisamos de ajuda para resolver nossas crises".

Detalhes tão pequenos deles dois
Adélia e Décio andam sempre de mãos dadas. "Não tenho condições de viver sem ela".

Nesse Dia dos Namorados, nós vamos...
"Jantar em um restaurante com clima bem romântico", promete Décio.

Hideyo foi deserdado ao escolher se casar com Hosana

Romeu e Julieta, versão oriental
Primogênito de uma das famílias mais abastadas da colônia japonesa em SP, o engenheiro Hideyo Kato, 81, tinha seu destino traçado. Os pais chegaram a lhe impor uma lista com as "dez moças dignas de casar" com ele. Mas ao conhecer a arquiteta Hosana Kato, três anos mais velha e vinda de família humilde, rompeu com tudo para viver seu amor. Foi deserdado, mas garante nunca se arrepender da escolha, feita há 64 anos. 

O que mais me encanta nele é...
"Hideyo me acompanha em tudo! Como eu gosto de ir ao karaokê, foi fazer aulas de canto só para me agradar", conta Hosana.

O ritual da paquera
"Eu chegava meia hora mais cedo nas aulas do cursinho e guardava um lugar para ela ao meu lado. Depois de tanto tempo sentando ao lado dela na escola, achava que aquilo já era uma forma de compromisso".

A maior conquista do casal
"Nossa família", responde Hosana, citando os três filhos e quatro netos. Depois pensa um pouco e completa: "Nossa primeira viagem ao Japão!"

Nesse Dia dos Namorados nós vamos...
"Preparar um jantar especial só para nós dois aqui em casa", entrega Hosana. 

Ela perdeu a perna. Mas ainda é a rainha do baile para ele

À mestra, com carinho
Arlete Fraga, 75, era professora de português e Roberto Fraga, 74 seu aluno. "Ele me pediu aulas particulares por malandragem. Queria mesmo era se aproximar", lembra ela. "Nos bailes do clube da nossa cidade, Paraguaçu (SP), a Arlete era a rainha", completa o marido.

O divisor de águas da relação
Em 1970, quando estavam casados há três anos, a professora e o corretor de imóveis sofreram um trágico acidente de carro. Por dois anos ela não pode andar, até que, por decisão médica, teve a perna esquerda amputada. "Nossa casa tinha muitas escadas, e meu marido, incansável, me carregava no colo para cima e para baixo", recorda. "Sempre esteve ao meu lado, me encorajando".

A volta por cima
Quando Arlete engravidou pela segunda vez, sete anos após o acidente. "Estávamos desistindo da ideia. Um dia, voltei do trabalho, e ela me deu a notícia que estava grávida. Foi uma das maiores felicidades que vivi", diz Roberto.

Nesse Dia dos Namorados, nós vamos...
"Ainda não sabemos. Mas é certo que ganharei um perfume. Todos os perfumes que ganhei até hoje, foi o Roberto quem deu". 

Regina e Hamilton largaram os noivos para ficarem juntos

Concorrência em jogo
Quando se conheceram, há 51 anos, a dona de casa Regina, 74, e o advogado Hamilton Chacon, 78, eram noivos de outras pessoas. Bem que tentaram continuar assim, mas... "Chegou um dia resolvemos parar de fingir que não havia nada rolando entre nós. Nos casamos em seis meses". 

O maior desafio do relacionamento
A grana. "Me casei com um vestido de noiva emprestado. Dizem que dá azar... Para mim não deu!", diverte-se Regina. 

A coisa mais romântica que ela já falou para ele 
"Fiz uma cirurgia de coração e, um pouco antes de entrar na sala de operação, ela me disse: 'queria estar no seu lugar'".

Qual o segredo para o amor durar tanto tempo?
"É saber que nem sempre os dias serão bons. E mesmo assim, você vai querer estar ao lado da sua esposa em todos eles", diz Hamilton.

Nesse Dia dos Namorados...
"Espero ser surpreendida!" 

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