São quase 60 anos de profissão, trabalhando ao lado de diretores das mais diferentes inclinações cinematográficas: Wim Wenders, Michael Bay, Gus Van Sant, Quentin Tarantino, Dario Argento ou Lars von Triers. O currículo generoso já contém mais de 250 filmes, e abrange gêneros tão distintos como o drama, o erótico, a aventura, a comédia, a ficção científica e filmes de terror. Mas a verdade é que o alemão Udo Kier sempre será lembrado pelos vilões e os tipos de aparência excêntrica que vem interpretando ao longo da prolífera carreira.
"As gerações mais velhas me reconhecem de 'Carne de Frankenstein' (1973) ou 'Sangue de Drácula' (1970), que fiz com o Paul Morrissey. Quando estou nos Estados Unidos, onde moro há 20 anos, os mais jovens se aproximam para perguntar: 'Você é o vampiro de 'Blade - O Caçador de Vampiros', não é?'. Os vilões sempre me pareceram mais divertidos de fazer", conta ao UOL o ator de 73 anos, que foi homenageado na segunda edição do Festival de Macau, em dezembro, onde recebeu um prêmio honorário pelo conjunto carreira e acompanhar a exibição de "Confronto no Pavilhão 99", um dos seus trabalhos mais recentes.
As feições exóticas e os olhos azuis penetrantes são marca registrada do incansável ator nascido na cidade de Colônia, que tem pelo menos dez novos filmes para lançar ainda este ano. Entre eles está o drama familiar "Famiglia Mia", da diretora italiana Laura Gusman, um dos títulos da competição do Festival de Berlim. O outro é a fantasia "Pequena Grande Vida", de Alexander Payne, que chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (22).
Neste último, faz dupla com o austríaco Christoph Waltz, de "Bastardos Inglórios" (2008), outro ator marcado por tipos vilanescos. No filme, eles interpretam, respectivamente, Dusan e Konrad, playboys europeus que gostam de promover festas regadas a muita bebida e mulheres bonitas. São eles que introduzem o pacato Paul (Matt Damon) no submundo de uma comunidade em miniatura, parte de um projeto científico para tornar os seres humanos econômica e ecologicamente mais viáveis.
"Christoph e eu temos a mesma técnica de interpretação. Não fazemos aqueles bandidos exagerados, que saem gritando: 'Vou te matar!'. Prefiro um método mais sutil, fazendo o tipo tranquilo que limpa os dedos calmamente enquanto fala sem sobressaltos: 'Sabe, quando eu terminar aqui, vou te matar'. E bang!. É brutal e surpreendente", diverte-se Kier, interpretando com os olhares e as mãos uma cena imaginária.