De olho no passado para falar do presente
  A fábula fantástica criada por Del Toro, esse mexicano radicado em Los Angeles, tem entre seus heróis duas faxineiras (uma hispânica e muda; a outra, negra em um Estados Unidos ainda segregado), um cinquentão gay impossibilitado de se assumir, e um ser anfíbio que parece ter vindo de outro planeta. O vilão, vivido por Michael Shannon, é um homem branco.
O filme se passa nos anos de 1960 porque trata do hoje e do agora. 
"Eu queria falar de questões étnicas, de gênero, de preconceito de classe social, abuso de poder e ditadura de determinada estética", diz o diretor. "Mas se fosse uma história realista, passada nos dias de hoje, ficaria enfadonho. O que faz o espectador mergulhar nestes temas de forma menos cansativa e mais profunda é justamente o fato de eu estar filmando um conto de fadas".
Del Toro diz que considera "A Forma da Água" seu filme mais íntimo e, ao mesmo tempo, mais delicado. Se trata da solidão dos excluídos, é recheado de romance, delicadeza, e --não é spoiler!-- um final mais para feliz do que melancólico.