As histórias do Oscar

"A Forma da Água" se consagra em festa marcada por diversidade, política e algumas esquisitices

Do UOL, em São Paulo
Reuters

Em um ano em que as mulheres de Hollywood se uniram para denunciar abusos e assédios, a Academia resolveu ampliar a discussão e transformou a representatividade como a grande protagonista da festa do Oscar.

Assim, nada mais natural que o prêmio de melhor filme tenha ido para "A Forma da Água", uma fantasia de amor entre uma mulher muda e uma criatura aquática, dirigida por um mexicano, Guillermo del Toro. 

O momento mais marcante, entretanto, veio um pouco antes, com um discurso inflamado de Frances McDormand, escolhida como melhor atriz por "Três Anúncios para um Crime". Ela pediu que todas as mulheres indicadas se levantassem e depois conclamou os poderosos de Hollywood a colocarem a inclusão como um dos pilares da indústria.

Além disso, o Oscar premiou pela primeira vez um negro com o roteiro original (Jordan Peele, por "Corra!") e um filme com uma protagonista transsexual (o chileno "Uma Mulher Fantástica", na categoria de língua estrangeira).

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Discursos poderosos

Acho que a melhor coisa da nossa indústria é apagar as linhas na areia. Nós devemos continuar fazendo isso à medida que o mundo tenta deixá-las mais profundas.
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Guillermo del Toro

Guillermo del Toro, ao receber o prêmio de melhor diretor por "A Forma da Água"

Todas nós temos histórias para contar e projetos que precisam ser financiados. Não falem conosco sobre isso nas festas de hoje à noite. Nos convidem para ir aos seus escritórios em alguns dias, ou vocês podem vir aos nossos escritórios.
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Frances McDormand

Frances McDormand, vencedora de melhor atriz por "Três Anúncios para um Crime"

É claro e simples: Thomas Bach (presidente do Comitê Olímpico Internacional) precisa renunciar. Ele é um criminoso e o que mostrou para o planeta Terra e para qualquer atleta que acredita no espírito olímpico é não confiar nisso e não confiar nestas palavras.
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Bryan Fogel

Bryan Fogel, diretor de "Ícaro", escolhido como o melhor documentário

REUTERS/Mike Blake REUTERS/Mike Blake

Astro do esporte premiado

A cerimônia de 2018 teve uma estrela incomum. Kobe Bryant, um dos maiores nomes da história do basquete, agora pode juntar um Oscar à sua coleção de prêmios, que tem duas medalhas olímpicas e cinco títulos da NBA. 

Ele ganhou o prêmio de curta de animação por "Dear Baskteball", que é a representação visual do poema que escreveu quando se aposentou das quadras, em 2016. 

Como jogadores de basquete nós só deveríamos driblar e arremessar. Eu estou orgulhoso de conseguir fazer um pouco mais do que isso.

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Não deu para o Brasil

O Brasil segue sem um Oscar para chamar de seu. Carlos Saldanha, que concorria na categoria melhor animação por "O Touro Ferdinando", não conseguiu superar o favoritismo de "Viva: A Vida é Uma Festa". O filme da Pixar ainda levou outra estatueta para casa, de melhor canção original, por "Remember Me".

Quem também ficou sem o prêmio foi o produtor Rodrigo Teixeira. Apesar de seu nome não ter sido incluído na lista dos indicados, ele participou da realização de "Me Chame pelo Seu Nome". O filme, entretanto, perdeu o prêmio principal da noite para "A Forma da Água".

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Ganhou um Oscar e um jet ski

Talvez a pessoa mais feliz da noite na cerimônia do Oscar tenha sido Mark Bridges. Além de ganhar a estatueta dourada pelo figurino por "Trama Fantasma", ele levou para casa um jet ski. E ainda deu carona para a premiada atriz Helen Mirren.

Logo no começo da cerimônia o apresentador Jimmy Kimmel revelou que quem fizesse o discurso mais rápido da noite ficaria com o jet ski. E Bridges foi o ligeirinho, agradecendo o seu prêmio em apenas 36 segundos.

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Michael Buckner/AFP Michael Buckner/AFP

Sem memória

Vira e mexe a escolha dos nomes que aparecem no "In Memoriam", que homenageia quem morreu no último ano, gera discussão. E não foi diferente em 2018. A ausência do diretor Tobe Hopper, de clássicos de terror como "O Massacre da Serra Elétrica" e "Poltergeist", provocou uma onda de protestos dos fãs nas redes sociais.

A revolta foi ainda maior porque, durante um dos vídeos apresentados na cerimônia, uma cena de "O Massacre da Serra Elétrica" original, de 1974, foi exibida.

Hopper morreu em agosto do ano passado, aos 74 anos.

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O fim da maldição

Roger Deakins venceu o Oscar de fotografia por "Blade Runner 2049" depois de sair com as mãos abanando de 14 indicações consecutivas -- quebrando o maior recorde "negativo" da cerimônia. 

Alguns dos melhores trabalhos nunca são reconhecidos, então, pelo meu ponto de vista, é ótimo ser reconhecido pelos anos.

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Reprodução/Twitter Reprodução/Twitter

Gente como a gente

Desde quando levou um tombo ao receber o Oscar de melhor atriz por "O Lado Bom da Vida", Jennifer Lawrence parece se sentir em casa no Oscar. No domingo, ela não teve a menor cerimônia para achar o seu lugar. Com uma taçam de vinho na mão, a estrela de "Jogos Vorazes" literalmente passou por cima das cadeiras do luxuoso teatro de Los Angeles.

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Jordan Strauss/Invision/AP Jordan Strauss/Invision/AP

Todas as cores

As estrelas de Hollywood deixaram de lado o pretinho básico usado como protesto nas outras premiações do ano, como o Globo de Ouro e o Bafta. Apesar do apoio ao movimento "Time's Up" continuar forte, atrizes, atores e personalidades do cinema escolheram um visual multicolorido na premiação.

Assim, o tapete vermelho teve o tradicional desfile de looks e flashs de marcas famosas e estilos ousados. E virou novamente um prato cheio para os comentaristas da transmissão na televisão.

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Os estilos do Oscar

Richard Shotwell/Invision/AP Richard Shotwell/Invision/AP

A ousada

Blanca Blanco, que furou o protesto das atrizes no Globo de Ouro, causou novamente no tapete vermelho do Oscar com um ousado decote.

Kevin Winter/Getty Images Kevin Winter/Getty Images

Opinião: O Oscar acertou o tom

Roberto Sadovski

"A Forma da Água" levou o Oscar de melhor filme, mas os grandes vencedores foram as centenas de artistas, à frente e atrás das câmeras, que nos últimos anos tem lutado para que o cinemão se torne um lugar mais plural, mais diverso e mais representativo. 

O movimento que culminou com a vitória de Moonlight ano passado parecia, na falta de uma palavra melhor, fake. Era uma instituição antiga tentando, sem muito sucesso, andar no ritmo dos novos tempos. A festa de 2018, entretanto, finalmente acertou o tom. Sem que, para isso, tivesse de entregar estatuetas para agradar um ou outro grupo: foi a vitória do talento!

A festa de 2018 pareceu mais rápida (mesmo batendo em quase quatro horas de transmissão, a mais longa desde 2007) e mais dinâmica, equilibrando humor, política (claro) e mensagens de esperança. Sim, porque a vitória de A Forma da Água, como del Toro pontuou, é inspiração para jovens cineastas que apostam em filmes de gênero como sua entrada no cinema.

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