Dissolvendo a ira

"Personal traficante", ménages, interdição e recuperação. Nasi repassa altos e baixos de sua vida de filme

Maurício Dehò Do UOL, em São Paulo
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"Vocês precisam de escândalo... Rock tem que ter escândalo!”. Marcos Valadão ouviu este conselho no início de sua carreira como vocalista do Ira!, quando já tinha a semente de inquietude em seu sangue meio italiano e meio árabe, mas estava longe de ser o roqueiro doidão que ganharia manchetes por suas brigas, romances, abusos de drogas e uma tentativa de interdição.

A imagem ficou. Estereotipada, diz o vocalista. O Nasi de hoje, com 56 anos, casado e com duas filhas, é outro. Entrar em sua casa no bairro do Butantã, em São Paulo, é chegar a uma espécie de templo de paz. Cheiro de incenso, barulho de água corrente, muitas plantas visíveis pela janela, um aquário com uma tartaruga, decoração com máscaras de tradição africana que remetem à sua fé nos orixás e a gatinha Sofia passeando durante a entrevista à vontade. “Ela adora uma câmera”.

Os cigarros continuam -- inclusive durante a entrevista -- e o gosto pela bebida também. Mas nada de cocaína desde 1997. A maconha também ficou de lado, há 11 anos. O peso, que chegou a 118 kg, foi reduzido após uma redução de estômago há uns quatro anos. E o temperamento impulsivo foi suavizado, “dissolvido gota a gota” durante os últimos anos. Fruto de sua imersão na religiosidade, do perdão que deu e concedeu ao irmão e ao guitarrista Edgard Scandurra após a separação do Ira!, em 2007, e também da idade.

Não que Nasi seja um roqueiro arrependido ou que oculte suas peripécias. Do traficante que o acompanhava vestido de médico aos casos de amor com Marisa Monte e Marisa Orth, ele não tem filtros para revisitar o passado e dizer que o Marcos da adolescência curtiria ouvir as histórias que o Nasi adulto viveu. Histórias estas que ganham as telas nesta segunda-feira: o documentário "Você Não Sabe Quem Eu Sou", dirigido por Alexandre Petillo, será exibido pela primeira vez, como parte do festival In-Edit, em São Paulo. 

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O Nasi paz e amor

“Minha última briga?”, tenta lembrar Nasi. “Tô até com saudade”, ri o cantor. Apesar de um episódio tragicômico em outubro de 2017 quando deu “PT” (o famoso “perda total”, por conta de bebida), não pôde subir ao palco e culpou uma picada de escorpião, foram poucas as confusões envolvendo Nasi nos últimos anos. Além de ter a cabeça mais fria, a inserção na religiosidade faz com que ele tenha mais zelo pela imagem. O cantor há dez anos frequenta mais fielmente a religião iorubá – que tem ligações com o candomblé – e segue os ensinamentos de seu guru, Babá King.

“Hoje estou dentro de um contexto religioso, espiritual, que é meu desenvolvimento dentro do orixá. São dois pontos. O ponto litúrgico, mágico, que são as iniciações, que vão jogando água no seu fogo. E o lado pessoal. Um é reflexo do outro. O desenvolvimento de orixá foi fazendo com que eu desse importância mais aos meus conflitos internos, que os externos", explica Nasi.

Fui entendendo que preciso me proteger espiritualmente, mais que atacar. Assim como me envolvi num ciclo vicioso de briga, de raiva, de rancor, eu inverti num ciclo virtuoso, que foram as reconciliações. Isso vai apaziguando sua alma.

Vagner Garcia, executivo de gravadoras que já morreu, certa vez disse, na presença de Nasi, que ele “é assim, dentro e fora do palco". E no novo contexto em que ele está inserido, o episódio do escorpião acabou lhe marcando.

“Hoje eu faço parte de uma comunidade espiritual. Para esses, eu tenho uma responsabilidade muito grande. No caso do escorpião, o que me envergonhou não foi o que os fãs pensam sobre mim, afinal, eu sou o Nasi, o doidão que sempre fui -- pelo menos sempre compraram esse produto (risos). Eu até brinco com o Babá: ‘Babá, roqueiro não pode ser muito bonzinho, senão não vende. Mas sou representante deles, quero que as pessoas me vejam e pensem: 'Aquele lugar é bacana, faz bem pro cara. Pode fazer bem para mim'. Então, é um deslize, sou humano, acontece, não me deixo crucificar por rede social”.

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De onde veio o Nasi "doidão"?

Além de botar a conta no sangue de origem calabrês e árabe, “dois povos ‘brigantes’”, Nasi conta uma história de sua infância para falar de seu jeito impulsivo. Aos quatro anos de idade, a mãe o proibiu de ir ver um primo. O garoto simplesmente saiu andando pela rua, deixando os familiares pensando que ele havia sumido.

Por eu ser uma pessoa meio temperamental, algumas vezes eu meti os pés pelas mãos. Sempre fui uma pessoa bastante atirada. Eu hoje não consigo imaginar como fiz aquilo. Não acho que seja rebeldia, agressividade. Talvez seja uma impulsividade que sempre tive, que se refletiu em compulsão, transtornos compulsivos obsessivos, dependência química... Tudo isso faz parte de um pacote.

Um caso de hepatite na infância fez seus pais lhe darem sua primeira vitrola, iniciando seu amor pelo rock. A princípio, ele comprou uma bateria. Foi só com uma sugestão de Edgard que Marcos virou vocalista. O apelido Nasi veio em parte pelo nariz, em parte pelo fato de ser briguento e ser chamado, de fato, de nazista

Nasi, na verdade, teve de aprender a brigar para proteger o irmão, Airton, “porque ele era menorzinho, folgado”. Como Nasi conta sobre o conselho do executivo André Midani, sobre a falta de “escândalos” do Ira!, demorou um pouco para ele entrar nesse turbilhão de sucessos e polêmicas. Já no segundo disco, a banda conseguiu colocar uma música na novela "O Outro", com “Flores em Você”. Com dinheiro e iniciado nas drogas – a partir dos seus 21 anos – criou-se o “roqueiro doidão”.

Diretor do documentário, Alexandre Petillo dá seu testemunho: “O Nasi é um cara que o lance da personalidade é de um cara de justiça muito extrema. Se ele acha que tá certo ou que vai defender uma visão de mundo dele, ele defende, não importam as consequências. Se não concordava com um jornalista, ele ia na redação com um taco de beisebol. Uma época que ele tinha um 'personal traficante'. Ele era muito acima de qualquer doideira que se possa imaginar, mas foi mudando com os anos”.

A visão de Nasi não difere. “Minha vida sempre fui de altos e baixos, por questões emocionais que a gente passa, mesmo, separação de banda, separação de romances, de pessoas, fracassos, sucessos -- que também tem seu preço. Sem dúvida contribui muito pra isso”. Apesar da fama, Nasi diz que nunca ligou.

Tem um episódio dos Simpsons que eu adoro, que eles vão para um spa de roqueiros e o Homer fala: ‘Também quero ser roqueiro. É a única profissão em que você ganha dinheiro para fazer as coisas que todas as outras pessoas poderiam ser presas se fizessem' (risos).

O personal traficante

Cantor fala de drogas e do traficante vestido de médico que "viciou meia MTV"

Divulgação Divulgação

Drogas: "Demorei para chegar, mas cheguei chegando"

Comparado a alguns conhecidos que com 14 anos já fumavam maconha, Nasi demorou a entrar nesse mundo. Achava chata a obrigação de usar algo. A iniciação foi aos 21 anos, com Gaspa, que foi baixista do Ira. “Ele nunca me ofereceu. Então, por nunca ter me enchido o saco, um dia eu falei: ‘Deixa eu fumar’. Aí comecei. Mas, como sou compulsivo, comecei a fumar pra caralho.”

A época pré-fama, sem dinheiro, era de farras mais leves. Mas, quando a grana veio... “Conheci tudo de uma vez: heroína, anfetamina, cocaína. Com o sucesso, óbvio que você tem meios de consumir mais e acabei, como uma pessoa compulsiva, metendo o pé na jaca”. Um acidente de carro que causou uma “rehab” tirou Nasi do pó. O cantor continuou na maconha, e só voltou à cocaína quando passou a discotecar na noite de São Paulo, em 1991.

Aí fui como uma avalanche. Por quase 7 anos eu cheirei todo dia. Minha casa virou uma meca. Eu arranjei um dealer (traficante) que era o único que atendia por bipe. Ele se vestia de médico e andava de táxi. Ele foi até em gravação do Ira!. Meu irmão, inocente: ‘quem é esse médico?’ (risos).

O traficante em questão é até famoso, pelas histórias de drogas dos anos 90. “Foi uma desgraceira. Acho que esse cara, através de mim, viciou quase toda a MTV”. Com dinheiro, Nasi era paparicado. Sem, disse que era humilhado por ele.

“Sabe aquele papo que você acha que é papo de pai: ‘traficante é assim, quando você tem dinheiro, ele é seu amigão... quando não tiver...’ Achei que era puta papo de careta, de quem nunca usou. Enquanto tive dinheiro, o cara às vezes não deixava nem eu pagar. Depois, claro, minha vida pessoal e profissional foi pro saco, aí depois aconteceu o quê? Ele começou a humilhar”, diz Nasi.

Quase o caso acabou em tragédia. “Um dia eu peguei uma arma e fui pra casa dele. Ainda bem que ele não estava. O cara era barra pesada”.

Nasi admite que deveria ter procurado ajuda mais cedo, mas diz que, em 1997, conseguiu ter força para se internar em uma clínica, sair recuperado e ainda poder retomar a carreira nos palcos. “Por tudo isso que passei, não era para eu ter sobrevivido”.

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Serviço de proteção de testemunhas

Certa vez, Nasi quase sumiu do mapa. E poderia ser definitivamente, deixando o Ira! e tudo o que fez para trás. Ele conta que uma de suas namoradas acabou sofrendo um processo parecido com o dele, de tentativa de interdição. O risco, naquele caso, era ele. “A mãe dela achou que eu ia torrar a grana deles em drogas”. Nasi bateu o pé e enfrentou os riscos. “Tive que defender ela de uma interdição. Nós descobrimos que o padrasto dela tinha um esquema de fraude no INSS com um pastor de Diadema. Eles tentaram várias vezes pegar ela e eu ameacei contar isso. Era uma turma mafiosa mesmo, queriam pegá-la. Eu quase entrei num programa de proteção a testemunhas. Tive até uma reunião com a banda. Eu tava tão puto, que era capaz de largar minha carreira. No fim das contas, escondi ela.”

Suruba, não. Ménage, sim

Se, por um lado, as drogas foram uma sina, por outro, Nasi pôde viver uma das fases mais abertas de sexualidade dos últimos tempos. O vocalista conta que a década de 1980 foi intensa.

“A gente vivia uma liberdade sexual herdada dos anos 60 e 70, era muito livre. E fazia parte de um cenário de SP, com outras bandas – Titãs, Ultraje a Rigor, Mercenárias e muitas outras – em que vivia praticamente numa comunidade de poliamor, vamos dizer assim”, diz ele, indo além.

Acho que todo mundo transou com todo mundo naquele meio (risos).

O baque veio com a Aids. “Ela foi um choque para a nossa geração. A Aids foi tratada num primeiro momento como uma doença moral, como se fosse uma praga de Deus sobre a pouca vergonha. Mas deu pra aproveitar bastante antes (risos).”

Nasi conta que não era muito de festinhas. “Devia ter surubas, mas eu não fazia parte, sempre achei chato dividir cama com homem. O que eu tinha eram relações múltiplas. O rock, nos anos 80, era uma febre. Então, as meninas queriam os roqueiros. E o relacionamento fã/artista era mais intenso”, explica.

“Até 1988, mais ou menos, realmente essa liberdade fez com que a gente tivesse uma vida sexual bem intensa. Tive fases... Fase de ménage a tróis pra caramba. Até o ponto que empapuçou. É quem nem droga, uma hora empapuça (risos)."

Amores: Nasi fala de seus romances mais famosos

Hoje casado, ele já namorou duas Marisas famosas: Monte, a cantora, e Orth, a atriz

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Interdição e fim do Ira!: comédia de erros com ameaça a faca

A dependência química e o processo de interdição que se tentou fazer contra Nasi em 2007 foram os episódios mais complicados que ele viveu. Este último foi repleto de ingredientes dignos de um filme. As coisas no Ira! desandaram depois do "Acústico MTV", um dos grandes sucessos da banda, com direito a racha interno. Nasi tinha um camarim, e o restante da banda outro, por exemplo.

Nos negócios é que a banda implodiu. De um lado estava o empresário e irmão Airton, que tentou tirar Nasi da banda. O cantor exigiu uma auditoria. As brigas subiram o tom, a ponto de eles se agredirem na rua. Em outra ocasião, Airton ameaçou o irmão com uma faca. Nasi defende que, à época, era dos mais limpos da banda. Mas seu histórico permitiu que um advogado tentasse uma manobra “na calada da noite”, usando inclusive o pai do vocalista, e dizendo que ele tinha tido uma recaída.

“Por mais que na época ele estivesse raivoso, ele vivia uma vida tranquila, para os padrões que se imaginava dele”, diz o diretor do documentário, Alexandre Petillo.

Um policial apareceu à porta da casa de Nasi, que não abriu. Desconfiado de ser uma cilada, ligou para advogado e a PM. O cantor diz que eles esperavam que ele saísse e reagisse violentamente -- o que ele também sabia que aconteceria --, dando motivo para a interdição. Não deu certo.

Esse negócio de sair na mão, ter faca, isso é besteira. O ruim é como me expuseram. Imagina minhas filhas na escola. Uma coisa é ser chamado de roqueiro doido. Normal. Podiam estar preocupados se recaí na cocaína? Podiam. Mas, pô, se tinha cara limpo naquela banda, era eu. Desculpa aí, viu?”, diz ele, rindo. O processo foi doloroso. Nasi passou por perícias e classifica o período como uma “inquisição”. A amizade com Edgard parecia ter acabado para sempre. 

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Macumbeiro, e daí?

Nasi conta que sempre teve um pé na religiosidade. A família era católica, mas o pai o levou desde cedo para a federação espírita. Desde jovem ele lia livros de autores como Allan Kardec e também frequentou a umbanda. A segunda época mais influente da espiritualidade foi quando, em 1988, teve uma fase pré-iniciática no candomblé, em Salvador. A dependência química marcou um novo distanciamento, e só após a virada do século é que ele foi a fundo no tema.

“Eu já conhecia o King, meu Babá, pelos livros dele. E foi nessa comunidade e através da postura e do pensamento do King que foi o primeiro lugar que me iniciei”, explica ele. A casa de Nasi é cheia de menções à religião.

Ser um roqueiro inserido no culto aos orixás, traz algum preconceito, admite Nasi. “As pessoas veem um estereótipo, por ser branco, músico de rock, paulista. E acham exótico. Mas não me importo muito com isso. Tem muita gente que não consegue ver a filosofia e beleza do orixá, uma cultura de harmonia com a natureza, de filosofia, de tolerância. Tem o medo da ‘senzala’, acha que faz bruxaria.”

Nasi brinca com o termo macumba, que é usado pejorativamente por alguns. “Como sempre gostei de brincar, eu deixo. Macumba, macumbeiro, são termos que a gente, dentro da religião, absorveu para desmistificar. A gente se chama de macumbeiro, porque isso não nos ofende. Agora, quem tem medo, que tenha”, opina ele, que prefere usar o tema sem grande alarde em suas músicas.

A gente não faz muito proselitismo disso. Não sou como cantor católico ou evangélico que fica pregando.

O caso do escorpião

Nasi brinca com o dia em que bebeu todas, não cantou e arranjou uma desculpa esfarrapada

Avener Prado/Folhapress Avener Prado/Folhapress

Amizade de colégio reestabelecida

Uma certeza de Nasi após sua tentativa de interdição é de que o Ira! não voltaria e de que sua amizade com Edgard Scandurra havia terminado. Ledo engano. A reaproximação deles foi gradual. A desconfiança de que a química entre eles havia se perdido foi superada quando Nasi subiu no palco de um show beneficente do guitarrista, em 2013.

“Foi algo do destino nos reconciliarmos, mas sempre tivemos a dúvida se quando subisse no palco ia ter uma coisa incômoda. E eu senti que aquela parceria que começou lá na escola, antes mesmo de criarmos o Ira!, ainda existia. E foi com essa retomada do Ira!, nossa relação voltou a ter uma parceria que tinha no início”, diz Nasi.

Estar de novo aqueles dois caras, o cantor que cantou todos os sucessos dele e o cara que me trouxe para a música e me transformou em cantor, foi muito legal.

Nasi diz que o tempo separado foi fundamental para ambos, já que eles puderam ter carreiras solo, libertar-se do Ira! e despejar os processos criativos que estavam presos dentro deles. Assumir a liderança da banda também foi fundamental.

A liderança do Ira! tem que ser eu e o Edgar. Na prepotência de um ou outro decidir quando o Ira! ia parar, demos voz a quem não queria que a banda parasse, porque estavam preocupados com o bolso.”

Amigos e rivais no rock

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Titãs: amigos

Por muito tempo a imprensa alimentou rivalidade. Mas Nasi vê nos Titãs a banda mais parceira. Ele tinha uma relação forte de amizade com Marcelo Fromer, por exemplo. "Se criou uma lenda de rivalidade entre Ira! e Titãs, mas que pra mim nunca existiu. Foi uma coisa alimentada na imprensa, mas eu achava legal. É até marqueteiro aquilo de Beatles vs. Stones. Aqui no Brasil parece algo proibido".

Reinaldo Canato/UOL Reinaldo Canato/UOL

Ultraje: parceiros

O Ultraje a Rigor teve uma história que se entrelaçou com a do Ira!. Nasi cantou na primeira demo da banda de Roger. Edgard Scandurra foi guitarrista do Ultraje por um bom tempo. Edgard inclusive sugeriu o "a Rigor" que completaria o nome da banda. "Gosto muito do Roger. Eu não me exporia como ele se expõe, mas ele tem essa coisa com rede social que não tenho".

Flavio Florido/UOL Flavio Florido/UOL

RPM: rivais

"Teve uma coisa no começo, mas que era bobeira da época, com o RPM. No começo, eles tentaram levar a nossa produtora, a Glorinha. E a gente ficou puto", relembra Nasi. Teve mais. "Depois, o (baterista) Charles Gavin saiu do Ira para ir para o RPM. No meio do caminho, acabou no Titãs. Mas ficou um clima entre nós: "Qual é, querem ser a gente, meu?".

Joshua e Daniel Bryan/AgNews Joshua e Daniel Bryan/AgNews

Documentário e futuro

O documentário sobre a vida de Nasi! chega ao In-Edit nesta segunda-feira, mas deve ir para as salas do resto do Brasil em meados de julho. Tanto Nasi quanto o diretor Alexandre Petillo dizem que houve liberdade para se falar de todas as polêmicas e até uma vontade de que fossem ouvidos desafetos ou antigos rivais.

Alexandre escreveu a biografia “A Ira de Nasi”, de 2012, junto a Mauro Beting. O documentário começou a ser gravado em 2011, teve uma fase ativa até a reunião do Ira!, sofreu um hiato e foi retomado tendo como foco a exibição no In-Edit.

“Como tive vida muito intensa e faço parte de um retrato do rock brasileiro que teve uma importância grande na música das últimas décadas, num mercado com muito apelo para biografia -- se Justin Bieber teve com 17, por que não vou ter? -- tinha um apelo para esses trabalhos. Mas essa independência ao diretor é fundamental e espero que passe para quem vai ver. Não é uma peça de marketing minha.”

Alexandre diz que a ideia era tentar entender quem é Nasi e mostrar tanto as polêmicas quanto as faces desconhecidas. “As pessoas que conviveram com ele, de certa forma dão a visão disso, e nem sempre a favor. O exercício é entender quem é esse cara. No filme, você consegue compreender atitudes, e conseguiu mostrar contradições que fazem o desenho de quem ele é. E conseguimos usar as histórias mais polêmicas, as que mexem nas feridas não cicatrizadas, o estrelismo dele na época do Acústico, nada foi tabu."

Agora, Nasi se dedica a dois outros projetos. Um é um documentário que ajudou a idealizar e que retrata religiões afro-brasileiras. “Acho que é uma das coisas mais importantes que fiz, ajudando na autoestima e no autoconhecimento da alma brasileira, que é muito perseguida e caluniada”. Com o Ira!, ele e Scandurra já tem algumas músicas prontas e preparam o lançamento de um LP de inéditas em breve, ainda sem data.

Sobre o futuro, Nasi até tem planos, mas flexíveis. "Eu imagino atuar no palco, mais uns dez anos, até uns 65. Enquanto tiver um público vibrando com minha música, vou continuar. Se ver que não tem relevência, posso antecipar”. Com ou sem polêmicas, Nasi?

Veja o trailer do documentário

Lucas Lima/UOL

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