Além de botar a conta no sangue de origem calabrês e árabe, “dois povos ‘brigantes’”, Nasi conta uma história de sua infância para falar de seu jeito impulsivo. Aos quatro anos de idade, a mãe o proibiu de ir ver um primo. O garoto simplesmente saiu andando pela rua, deixando os familiares pensando que ele havia sumido.
Por eu ser uma pessoa meio temperamental, algumas vezes eu meti os pés pelas mãos. Sempre fui uma pessoa bastante atirada. Eu hoje não consigo imaginar como fiz aquilo. Não acho que seja rebeldia, agressividade. Talvez seja uma impulsividade que sempre tive, que se refletiu em compulsão, transtornos compulsivos obsessivos, dependência química... Tudo isso faz parte de um pacote.
Um caso de hepatite na infância fez seus pais lhe darem sua primeira vitrola, iniciando seu amor pelo rock. A princípio, ele comprou uma bateria. Foi só com uma sugestão de Edgard que Marcos virou vocalista. O apelido Nasi veio em parte pelo nariz, em parte pelo fato de ser briguento e ser chamado, de fato, de nazista.
Nasi, na verdade, teve de aprender a brigar para proteger o irmão, Airton, “porque ele era menorzinho, folgado”. Como Nasi conta sobre o conselho do executivo André Midani, sobre a falta de “escândalos” do Ira!, demorou um pouco para ele entrar nesse turbilhão de sucessos e polêmicas. Já no segundo disco, a banda conseguiu colocar uma música na novela "O Outro", com “Flores em Você”. Com dinheiro e iniciado nas drogas – a partir dos seus 21 anos – criou-se o “roqueiro doidão”.
Diretor do documentário, Alexandre Petillo dá seu testemunho: “O Nasi é um cara que o lance da personalidade é de um cara de justiça muito extrema. Se ele acha que tá certo ou que vai defender uma visão de mundo dele, ele defende, não importam as consequências. Se não concordava com um jornalista, ele ia na redação com um taco de beisebol. Uma época que ele tinha um 'personal traficante'. Ele era muito acima de qualquer doideira que se possa imaginar, mas foi mudando com os anos”.
A visão de Nasi não difere. “Minha vida sempre fui de altos e baixos, por questões emocionais que a gente passa, mesmo, separação de banda, separação de romances, de pessoas, fracassos, sucessos -- que também tem seu preço. Sem dúvida contribui muito pra isso”. Apesar da fama, Nasi diz que nunca ligou.
Tem um episódio dos Simpsons que eu adoro, que eles vão para um spa de roqueiros e o Homer fala: ‘Também quero ser roqueiro. É a única profissão em que você ganha dinheiro para fazer as coisas que todas as outras pessoas poderiam ser presas se fizessem' (risos).