
Para Diego Reeberg, co-fundador e VP de Comunidade do Catarse, a palestra que abriu o dia voltado ao empreendedorismo e à tecnologia no TNT LAB teve sensação de pertencimento. O lançamento da maior plataforma de crowdfunding do Brasil aconteceu justamente na Campus Party, em 2011. De lá para cá, a plataforma já coletou apoios de 367 mil pessoas e ajudou a viabilizar mais de 3.500 projetos por meio do financiamento coletivo — e também pode ajudar a tirar a sua ideia do papel.
Assista ao workshop de Diego e descubra quais são os segredos para ter sucesso no crowdfunding. Uma dica, nas palavras do próprio Diego: “a base do financiamento coletivo é menos sobre dinheiro e mais sobre pessoas”.
Quem vê o sucesso dos kits Mola — mais de R$ 1,3 milhão arrecadado em duas campanhas de crowdfunding —, não imagina o caminho que o arquiteto paraense Márcio Sequeira de Oliveira percorreu até que seu projeto ganhasse prêmios e alcançasse mais de 60 países. O “lego” para arquitetos e engenheiros nasceu por conta da necessidade que sentia, ainda na faculdade, de entender como funcionava a estrutura antes de fazer um projeto.
Até que o projeto se concretizasse, foram mais de 10 anos de produção e busca de investimentos. “Nenhuma história de sucesso acontece da noite pro dia. Não desiste, vai atrás. Uma hora vai dar certo”, diz.
Empreendedora social, produtora cultural e gestora de projetos, Claudia Raphael é coordenadora estadual da Central Única das Favelas em São Paulo (CUFA-SP). Acostumada a usar a linguagem do esporte e da arte para pautar uma agenda positiva e romper estereótipos, a CUFA agora aposta em encurtar a distância entre quem mora na periferia e o universo digital através do ensino da programação. Embrião desse processo, o projeto “Paraisópolis Digital” usa a plataforma Scratch, criada pelo MIT, e começou atendendo 20 crianças da comunidade que já foi até tema de novela.
Mais pra frente, a ideia é espalhá-la por quebradas como Heliópolis, Brasilândia e muito mais. “A melhoria da qualidade de vida das favelas e do desenvolvimento passa pelo empreendedorismo e pela inovação”, afirma. “Esses territórios têm muito mais potência que carência para oferecer”.
“O que me motiva é acordar todo dia e saber que tem uma série de problemas para resolver”. A fala é de Diane Lima, pesquisadora e curadora especializada em questões da Negritude, mas poderia ter sido dita por qualquer um dos membros do debate “Cinema e Resistência”, um dos destaques do primeiro dia de TNT LAB na Campus Party.
O mediador da conversa, André Luís, da TV DOC Capão, passou de aluno indisciplinado a educador social e coordenador da Fábrica de Criatividade no Capão Redondo, bairro de São Paulo com mais de 700 mil habitantes que já foi considerado pela ONU o mais violento do mundo. André D'Elia, diretor do filme “A Lei da água” — que aborda a relação entre o Novo Código Florestal e a crise hídrica brasileira —, trafega também por questões urgentes como a demarcação das áreas indígenas e polêmicas vinculadas ao agronegócio, como a Usina de Belo Monte. Por sua vez, Carol Misorelli, da Taturana Filmes, tenta garantir que esses produtores e seus filmes consigam atingir e mobilizar as pessoas. “A gente acredita muito no potencial do audiovisual e da cultura em si como agente de transformação. Se o acervo não circula, não gera novas conversas, novos diálogos”.
Tecnologia e empreendedorismo são temas que andam juntos não só na Campus Party, mas também na comunidade da Maré, no Rio de Janeiro. Idealizada por Anderson França (o Dinho), a Universidade da Correria já ensinou gestão financeira, comunicação em redes sociais e aspectos jurídicos da criação de um negócio a mais de 4.000 alunos entre 2013 e 2015. “A gente prepara empreendedores da base da pirâmide para disputar espaço com gente privilegiada”, diz.
Ex-membro do Afroreggae, Dinho sabe que o principal pilar do racismo das Américas é econômico. E ao mesmo tempo em que a UniCorre pretende ajudar a reverter isso, também sabe que é no bolso que o bicho pega. “O empreendedor de periferia não quer salvar o mundo. Quer comprar meio quilo de carne moída para comer na janta”, afirma Dinho. Assista abaixo ao papo reto e sincero do autor do livro “Rio em Shamas”.
Natural de Belo Horizonte, Raul “Retrigger” é um músico experimental e roqueiro da era do laptop, que luta ao vivo contra o tédio e as próprias composições por quase 15 anos. Assista ao set do DJ que transita do breakcore às melodias mais refinadas e, ocasionalmente, bota fogo na pista (inclusive literalmente).
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A DJ, compositora e produtora de música eletrônica Érica Alves vai além das pick-ups na hora de botar a pista para dançar (teve até espacate). Também cantora, ela experimenta a mistura entre voz e beats eletrônicos. Aumente o som!