Belo Horizonte elege Kalil

Ex-presidente do Galo, candidato "não político" derrota grupo de Aécio

Com uma campanha em que se apresentou como "não político", o empresário e ex-presidente do Clube Atlético Mineiro Alexandre Kalil (PHS), 57, venceu as eleições à Prefeitura de Belo Horizonte.

Sua vitória nas urnas configura uma derrota política para o senador Aécio Neves (PSDB-MG). Preterido pelo grupo político do tucano no PSB em 2014, Kalil filiou-se ao PHS para disputar as eleições neste ano. A composição da chapa com o deputado estadual Paulo Lamac (Rede), que era do PT, e a coligação com o PV completaram seu apoio político.

Eu estou feliz porque as noites que eu chorei no meu quarto, sozinho com a minha mulher, por ter sido tão ofendido, valeram a pena. Eu não guardo mágoa de ninguém. Eu não guardo ódio de ninguém.
Alexandre Kalil, prefeito eleito de BH

No segundo turno, cometeu uma gafe ao dizer "roubo, mas não peço propina" em debate com o candidato João Leite (PSDB), seu adversário. Depois, desculpou-se e afirmou que queria ter dito que deve dinheiro como empresário, mas que não rouba nem cobra propina.

Kalil vai administrar uma cidade com 2,5 milhões de habitantes, bom índice de desenvolvimento humano e renda por habitante acima da média nacional.

Como o folclórico Kalil virou o jogo em BH e atrapalhou Aécio Neves

Como homem público, eu saio dessa eleição preocupado. O alto índice de abstenção, de voto branco e nulo mostra um grande distanciamento da sociedade com a política. Isso me preocupa, porque a democracia se dá no âmbito da política.

João Leite (PSDB), candidato derrotado em BH

Perdemos essa eleição. Desejo, e desejamos todos nós, ao prefeito eleito que possa atender às expectativas que, hoje, certamente aqueles que nele votaram têm em relação ao seu futuro.

Senador Aécio Neves, presidente do PSDB

[Kalil] se apresenta como um empresário, mas ele é um empresário muito precário. Ele tem dívidas trabalhistas e com a prefeitura.

Josias de Souza, blogueiro do UOL

O eleitor insatisfeito com a política apostou em um nome novo, que tem pouca ligação com as elites tradicionais do Estado, em um partido sem importância no Estado, que fez uma campanha apolítica.

Malco Camargos, cientista político da PUC Minas

Zonas eleitorais

Fonte: TSE

Votos inválidos

Fonte: TSE

Em BH, percentual de eleitores que não votaram é o maior dos últimos 16 anos

A proporção de eleitores que não participaram no segundo turno --ou por faltar à votação (abstenção) ou por não escolher os candidatos que foram ao segundo turno (brancos e nulos)-- aumentou em 2016.

Em 2016, a abstenção chegou a 22,77% e foi a maior pelo menos dos últimos 16 anos. Em 2000, 15,28% dos eleitores não compareceram à votação e, em 2008, o percentual foi de 18,07%. Não houve segundo turno em 2004 e em 2012.

O percentual de votos nulos atingiu 11,98%, enquanto no segundo turno de 2008 foi de 6,23% e no de 2000 ficou em 3,45%.

Os votos em branco também subiram --no segundo turno deste ano, chegaram a 3,74% contra 2,90% em 2008 e 1,74% em 2000.

Esses percentuais de votos nulos e brancos consideram o total do eleitorado da cidade, e não o total dos eleitores que foram votar.

Promessas de Kalil

  • Educação

    A proposta é ampliar a quantidade de crianças matriculadas em ensino pré-escolar (4 e 5 anos). Kalil não cita números e metas

  • Trânsito

    Criar projetos de engenharia e campanhas educativas, com aumento de fiscalização onde há maior concentração de acidentes de trânsito

  • Idosos

    Chegar a mil atendimentos nas casas dos idosos ao ano para cumprir as metas do Programa do Cuidador e ampliar equipamentos esportivos para prática de exercícios de idosos em parques e praças públicas

  • Jovens

    Implementar atividades extracurriculares com psicólogos para ensinar os estudantes a lidar com situações de conflito e violência

  • Cultura

    Criar a Secretaria da Cultura para planejar, desenvolver, coordenar e executar a política cultural da cidade, e formar um comitê dedicado ao patrimônio histórico e artístico

  • Mobilidade urbana - Ciclovia

    Auditar as ciclovias existentes para saber se estão funcionando bem e implementar, até 2020, um projeto interligado em rede

  • Segurança

    Fiscalizar pontos de vulnerabilidade, como áreas de baixa iluminação ou alto índice de ocorrências, além criar equipe para negociar fundos da União para projetos de combate à criminalidade

  • Saúde

    Ampliar a cobertura do programa Saúde da Família e dos Núcleos de Apoio à Saúde Familiar, com atendimento personalizado. Combater o mosquito da dengue com geolocalização de incidência de casos, além de vacinar 100% da população de risco, como gestantes e idosos

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