
Os resultados do segundo turno no país mostraram a disputa política mais fragmentada do que nunca: partidos pequenos, como PRB e PHS, governarão capitais importantes, como Rio de Janeiro e Belo Horizonte.
Das grandes siglas, o PSDB foi o que se saiu melhor. O partido já havia sido o principal vencedor no 1º turno das eleições no grupo das capitais e cidades com mais de 200 mil eleitores, com 14 eleitos. Neste domingo, outros 14 tucanos foram eleitos e o partido governará 28 grandes cidades a partir de 2017.
Este é o maior domínio de uma sigla nesse universo de grandes cidades desde 1996. A maior hegemonia até o momento havia sido obtida pelo PT em 2008, com 25 prefeituras conquistadas naquele ano.
Enquanto o PSDB comemora o crescimento, o PT tem motivos para preocupação. Após perder a Prefeitura de São Paulo já no primeiro turno, no segundo turno, o partido não elegeu ninguém. Nas grandes cidades do país, os petistas obtiveram vitória apenas em uma capital, Rio Branco, ainda no 1° turno.
Já o PMDB foi o segundo mais bem colocado neste segundo turno: das 57 cidades em disputa, venceu em nove, incluindo Goiânia e Florianópolis.
Em 14 das 57 cidades com segundo turno, as disputas viraram -- os prefeitos eleitos tinham ficado em segundo lugar no primeiro turno. Esse número representa 24,56% do total e não destoa do índice das eleições municipais de 2012, quando o percentual foi de 26%.
As cidades em que a liderança se inverteu do primeiro para o segundo turno são: Anápolis (GO), Belo Horizonte (MG), Canoas (RS), Cariacica (ES), Caruaru (PE), Caxias do Sul (RS), Contagem (MG), Franca (SP), Guarujá (SP), Maringá (PR), Olinda (PE), Santa Maria (RS), Serra (ES) e Volta Redonda (RJ).
Nos últimos 20 anos, o maior percentual de viradas ocorreu em 2004 (27,90%) e o menor, em 2008 (16,66%).
Uma segunda onda azul está tomando conta do país, como já havia acontecido no primeiro turno das eleições.
O 2º turno das eleições mostra vitória do campo conservador, principalmente PSDB. Somado o quadro de forças no Congresso: dias piores virão.
Essa eleição sepulta qualquer tipo de contestação, seja sob o ponto de vista institucional, de legitimidade, ou de programa de governo.
As pessoas não veem mais esses partidos como capazes de representá-las. E aí começam a se amarrar a figuras, personagens. Então, Rafael Greca é um personagem, assim como o novo prefeito de Belo Horizonte é um personagem.
O PT foi (mesmo) o grande derrotado das eleições municipais, como era de se esperar após a Operação Lava Jato, o impeachment de Dilma, o noticiário amplamente desfavorável e, principalmente, a crise econômica e o aumento do desemprego.
Tem um ditado que é importantíssimo: não existe espaço vazio. Se o espaço não é preenchido por pessoas honestas e que tenham capacidade mínima de administração, evidentemente você vai ter o espaço preenchido por gente que não é assim.
O PMDB se mantém como o partido que governa mais prefeituras, com 1.038 cidades, mas foi o PSDB a legenda que mais cresceu nessas eleições municipais. Os tucanos ganharam em 804 cidades, 109 a mais do que nas últimas eleições.
O PT foi o partido que mais perdeu prefeituras em comparação com as eleições de 2012. O partido havia conquistado 638 municípios nas últimas eleições e venceu em 254 neste ano, uma redução de 384 prefeituras.
Com o mau desempenho nas urnas, o PT caiu da terceira para a décima posição no ranking de partidos que comandam mais prefeituras. Essa lista agora é liderada por PMDB, PSDB e PSD, este último com 541 prefeituras.
O PSDB foi o maior vencedor nas 93 grandes cidades do país, que incluem as 26 capitais e os municípios com mais de 200 mil eleitores. O partido saltou de 15 prefeitos eleitos em 2012 para 28 em 2016. A lista de referência também cresceu, de 85 para 93 municípios.
A marca alcançada pelos tucanos é recorde levando-se em consideração os resultados eleitorais desde 1996. A maior quantidade de eleitos até então era do PT, que fez 22 prefeitos em 2008.
A quantidade de tucanos eleitos nas grandes cidades pode subir a depender de uma decisão da Justiça Eleitoral. A eleição em Taubaté (SP) está indefinida. Se a decisão favorecer o prefeito Ortiz Júnior (PSDB), que tentou a reeleição, os tucanos somarão 29 eleitos.
Se o PSDB quase dobrou o número de eleitos nas grandes cidades, o PT despencou na lista. Caiu de 16 candidatos vencedores em 2012 para somente um em 2016, o que o deixa na rabeira da lista de 21 partidos que conseguiram fazer prefeitos nesses municípios.
O segundo colocado é o PMDB, que subiu de dez para 14 eleitos. Bem abaixo, PPS e PSB dividem o terceiro lugar, com seis candidatos vencedores cada um.
Nesta eleição, 53 prefeitos entre as 93 grandes cidades do país disputaram um segundo mandato, mas somente 32 conseguiram ser reeleitos, o que corresponde a uma taxa de reeleição de 60,4%.
O percentual é maior que nas últimas eleições, em 2012, quando de 37 prefeitos que disputaram a reeleição, 21 conquistaram um segundo mandato, o que equivale a 56,8%.
Em 2008, também nas eleições municipais, de um total de 51 prefeitos que se candidataram, 44 conseguiram se reeleger (86,3%).
As grandes cidades são as 26 capitais e outras 67 cidades com mais de 200 mil eleitores, onde é possível a realização de segundo turno. Em 2012 e 2008, o grupo das grandes cidades foi menor, com as 26 capitais e 59 cidades com mais de 200 mil eleitores.
O número de reeleitos em 2016, no entanto, pode crescer. Entre os candidatos está o prefeito de Taubaté, José Bernardo Ortiz Júnior (PSDB), que obteve mais da metade dos votos válidos e seria eleito no primeiro turno. Mas ele teve a candidatura indeferida e o caso ainda não foi julgado em definitivo pela Justiça Eleitoral.
Os votos inválidos atingiram os maiores patamares desde 2000.
As abstenções chegaram a 21,55%, batendo o índice de 2012 (19,12% do total de eleitores), que era o maior desde então.
Nulos quase dobraram em relação à última eleição, passando de 4,81% em 2012 para 8,33% no segundo turno deste ano. Brancos tiveram leve alta, indo de 2,63% para 2,88%.
No primeiro turno, esses números já eram os mais altos desde 2000. Abstenções eram 17,58%, enquanto nulos eram 8,14%, e brancos, 2,87%.