Histórias do Velho Vamp

Vampeta tem muitos causos para contar. Aqui ele fala sobre o penta, Corinthians, Joaquim Cruz e Piquet x Senna

Carlos Padeiro e Giuliano Zanelato Do ESPORTE(ponto final)
ESPORTE(ponto final)

O bom baiano da resenha

Marcos André Batista Santos adora sentar e contar histórias. Baiano de Nazaré das Farinhas, é um cara divertido e contagia quem está ao redor quando sorri e lembra os causos que viveu no futebol.

Na base do Vitória, os garotos com quem dividia o alojamento – e compartilhava o mesmo sonho de triunfar no futebol – o apelidaram de Vampeta, uma mistura de vampiro com capeta.

A alcunha pegou, e a carreira deslanchou. Meio-campista de raça e muita técnica, girou o mundo jogando bola e virou ídolo do Corinthians. Pela seleção, participou da conquista do penta, em 2002. Embora tenha jogado apenas 18 minutos na estreia contra a Turquia, foi peça importante. Brincalhão e extrovertido, era considerado um agregador do elenco.

Um momento marcante para o baiano – e ele diz que conta isso para poucos – foi a ideia que teve de chamar os 23 jogadores para saírem na foto antes da final contra a Alemanha. Não era qualquer foto. Se o Brasil ganhasse o jogo (e ganhou), a imagem ficaria eternizada como o pôster oficial do penta. Essa e outras histórias você acompanha a partir da agora, na entrevista de Vampeta ao ESPORTE(ponto final).

Como Vampeta mudou a história do pôster oficial do penta

Mais bastidores do penta

  • Luizão bravo

    Vampeta lembra de um único momento conturbado no ambiente da seleção brasileira. Ocorreu após a vitória por 2 a 1 sobre a Inglaterra. "O Luizão achou que tinha que entrar no jogo. Ele disse: 'o Ronaldo saiu, achei que eu entraria'. O Felipão viu que o Luizão não estava feliz ali. Mas o Brasil estava com um a menos, o Ronaldinho tinha sido expulso, e o Felipão preferiu colocar o Edílson, que era mais veloz. Não lembro de qualquer outra coisa nesse sentido, só esse detalhe".

    Imagem: Juca Varella / Folha Imagem
  • Sacaneou Marcos

    Ao retornar da Ásia, os pentacampeões desfilaram em cima do caminhão do Corpo de Bombeiros em Brasília. Enquanto os demais jogadores vestiam o uniforme da seleção, Vampeta estava com a camisa do Corinthians. Marcos disse "vai ter foto oficial, palhaço. Só você estará diferente". Para não ser o único diferente, Vampeta pegou a camisa do goleiro e atirou para um torcedor. "Agora 'tá' fodido eu e você". Por isso, Marcos aparece com a camisa do Palmeiras no Palácio do Planalto.

    Imagem: Juca Varella/Folhapress
  • O trauma de Ronaldo

    Na véspera da final contra a Alemanha, havia um receio em relação às condições de Ronaldo. Quatro anos antes, o Fenômeno teve uma convulsão durante a madrugada que antecedeu a decisão contra a França. "Na véspera do jogo, ele cortou o cabelo igual ao Cascão. Acho que o Dida que raspou a cabeça dele. E o Ronaldo brincou: 'bota dois palitos nos meus olhos para eu não dormir. Deixa a porta aberta para não acontecer o que aconteceu em 1998'. Mas estava tudo tranquilo. Ele não passava essa preocupação pra gente".

    Imagem: Juca Varella / Folha Imagem

"Entrei pra história por causa das cambalhotas na rampa do Planalto"

Getty Images Getty Images

A difícil relação dos craques em um supertime do Corinthians

Entre 1998 e 2000, o Corinthians montou um supertime e ganhou dois Brasileiros, um Paulista e o Mundial organizado pela Fifa. Em campo, craques como Dida, Gamarra, Vampeta, Rincón, Ricardinho, Marcelinho Carioca, Edilson e Luizão mostravam entrosamento. Fora, a relação era estremecida, e algumas brigas vieram a público.

Acontecia de o Marcelinho ajeitar a bola para bater uma falta, o Rincón vinha e tocava, e já virava uma confusão. Mas não era briga de um querer matar o outro. Era o ego de cada um. Até nos treinos a gente dividia. No rachão tinha o time do Rincón, com Ricardinho e Gamarra. O outro time era eu, Edilson e Marcelinho. Dividia tudo, mas dentro de campo fluía”.

Vampeta diz que os capitães Gamarra e Rincón pegavam no pé de Marcelinho. Há um episódio, admitido pelo próprio Rincón, em que ele partiu pra cima de Marcelinho após o camisa 7 ter sido expulso durante uma partida contra o San Lorenzo, em 1999, na Argentina.

“Tinha confusão, sim, mas o importante era não levar a confusão para dentro de campo, diante do torcedor, da imprensa. Ali era o momento de o time jogar com qualidade, e ninguém negava o passe para quem estava melhor posicionado. Se dava bom dia, boa tarde, boa noite, viajava junto, sentava na mesa junto... Eu me dava bem com todo mundo”.

Amigos e rivais

  • O melhor parceiro

    "Tenho grandes amigos da bola, mas o maior parceiro é o Edilson. Somos dois baianos e nos damos bem. Também sou amigo do Marcelinho, Luizão, Ricardinho... Mas o grande amigo é o Edílson. A gente já se conhecia no olhar, na tabela, dentro e fora de campo. Naquele lado direito do Corinthians, que tinha eu, Marcelinho e Edilson, saía jogada ensaiada pelo olhar".

    Imagem: Juca Varella/Folha Imagem
  • O maior adversário

    "Na minha carreira toda, Alex foi o maior meia que marquei. Acho uma grande injustiça ele nunca ter jogado uma Copa do Mundo. Era um jogador muito inteligente. Errar contra o Alex era cruel. E o meu maior rival foi o Palmeiras", diz Vampeta. O arquirrival eliminou o Corinthians em duas Libertadores, nos pênaltis. Em 1999, Vampeta errou uma das cobranças. No ano seguinte, Marcelinho Carioca chutou e Marcos defendeu.

    Imagem: Folhapress

A primeira camisa de Vampeta foi do Grêmio...

... e ele não sabe como seu avô sergipano conseguiu aquele uniforme para lhe presentear

Steve Powell/Getty Images Steve Powell/Getty Images

Medalha olímpica de Joaquim Cruz foi marcante

Além das histórias vividas pelos grandes nomes do esporte durante suas trajetórias, o ESPORTE(ponto final) gosta de ouvir dos entrevistados quais os momentos marcantes eles viram como torcedores.

Vampeta diz que acompanha o basquete norte-americano, o vôlei brasileiro e a natação. Em época de Olimpíada, não sai de frente da televisão.

E foi nos Jogos Olímpicos de 1984, quando o baiano tinha apenas 10 anos e vivia em Nazaré das Farinhas, que a medalha de ouro conquistada por Joaquim Cruz no atletismo se tornou um momento inesquecível para ele e para muitos brasileiros.

"Vi o Joaquim Cruz correndo e chegando para pegar aquela medalha. Até então, correr era coisa de africano. Pô, aí você vê um brasileiro numa prova de 800 metros. Eu nem tinha noção do que era e estava lá torcendo. ‘Vai, Joaquim Cruz! Vai, Joaquim Cruz!’. Ele era um desconhecido, podia passar na rua em Nazaré ou em Salvador que eu nem reconheceria. Mas é uma dessas coisas que marcam a gente”.

Fã de Piquet, Vampeta diz que uma das poucas vezes que chorou foi por Senna

ESPORTE(ponto final) ESPORTE(ponto final)

Um canal especial do UOL Esporte

A entrevista com Vampeta foi realizada pelo ESPORTE(ponto final), um canal onde ídolos falam sobre os grandes momentos que viveram no esporte e que viram como torcedores.

Episódios inéditos são publicados na nossa página no UOL Esporte. E você também pode acompanhar nas mídias sociais: youtube.com/esportepontofinal e facebook.com/esportepontofinal.

ler mais

Curtiu? Compartilhe.

Topo