Walter Casagrande Júnior chega usando uma camiseta dos Blue Brothers e um chamativo anel de caveira. Ele está acompanhado. Depois de alguns minutos de conversa, entendo que se trata de sua amiga e terapeuta, Graziela. Ela assiste a toda a entrevista, que dura mais de uma hora. Os dois vão comer algo depois. O fato não é novidade para quem leu seus livros, nos quais ele se refere com muito respeito às suas terapeutas, que o ajudaram a superar uma fase crítica.
Casão é um cara do futebol à moda antiga. Ele mesmo marcou a entrevista, que foi feita de peito aberto. Sem restrições. Sem esquivas burocráticas. Só diretos.
É impossível não lembrar da primeira entrevista do ESPORTE(ponto final), há alguns anos, com sua eterna dupla, o camisa 8. Sócrates sentou-se e disse: "vamos falar sobre o que vocês quiserem, economia, crise mundial..."
Com o camisa 9 também foi assim. Discutimos sobre os mais variados assuntos: o seu maior momento no esporte, ser um alvo da polícia em tempos de ditadura, a relação atual com jogadores popstars, a exposição na mídia e nas redes sociais.
Quando falamos do Doutor, é notório que o Magrão adorava a vida, era um observador do comportamento humano e um insatisfeito com muitas coisas em nosso país, característica de muitos pensadores.
Então, uma pergunta foi inevitável sobre o velho amigo: "Sócrates foi um cara feliz?"
Casagrande respondeu com muita propriedade.