Popularidade
Outro fator que pode complicar a governabilidade de Macri é a tendência de queda em sua popularidade em um ano de eleições legislativas. As pesquisas de opinião sobre a imagem do presidente e sobre a avaliação que os argentinos fazem de sua gestão registram dados discrepantes.
Um levantamento feito pela M&F Consultora com 2000 argentinos mostra que 25,9% dos entrevistados avaliam como positivo ou muito positivo seu primeiro ano de gestão, contra 43,1% que o avaliam como negativo ou muito negativo.
A mesma pesquisa mostra que, para 51,6% da amostra, Macri não está cumprindo as promessas que fez na campanha. A principal delas, a ponto de virar o slogan de Macri, foi “Pobreza Zero”, o compromisso de acabar com a miséria no país.
Entretanto, quando questionados sobre se, no geral, aprovam ou desaprovam a gestão do presidente, 43% dizem aprovar, contra 42% que dizem reprová-la.
Já o instituto Ipsos registra números divergentes. Em pesquisa feita com 1001 entrevistados, 43% disseram aprovar a gestão Macri, contra 33% que dizem desaprovar o governo. Dizem não aprovar nem desaprovar o governo 17%. Desses, 8 pontos são de entrevistados que disseram ter tendência a aprovar a gestão, contra 9 que tendem a reprová-la.
Levando-se em consideração essas tendências, a aprovação de Macri seria de 51% e a desaprovação, de 42%.
Para o diretor de Public Affairs da Ipsos Argentina, Diego Reynoso, a imagem do presidente é melhor do que a de seu governo. “As pessoas avaliam mal o desempenho da economia, mas o presidente ainda mantém uma boa imagem junto ao povo”, afirma.
De fato, para o cientista político Julio Burdman, a queda da popularidade de Macri foi relativamente pequena desde o início de seu mandato. “Dependendo da pesquisa, chega a 10%, mas se mantém em níveis próximos dos 45% de aprovação. Em um cenário de recessão no continente, a maioria dos líderes dos países vizinhos tem popularidade inferior à de Macri."
Para Alicia Lissidini, cientista política e professora da Universidade Nacional de San Martin, em Buenos Aires, a queda de popularidade era esperada com “o fim da lua de mel entre Macri e a população no início do mandato”. Ela aposta, contudo, que as perspectivas para o presidente devem se alterar negativamente em 2017, a depender da situação da economia.
Na mesma linha, o cientista político Moisés Marques, da Fespsp (Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo) afirma que, até agora, o governo conseguiu manter uma imagem relativamente positiva, apesar dos indicadores econômicos e sociais terem piorado, ao dizer que a herança maldita de Cristina era “pior do que o imaginado”.
Mas ele afirma que “as expectativas já não são tão positivas quanto no início do mandato e as desculpas razoáveis do governo estão se acabando”.