17 mulheres de 2017

Elas salvaram vidas, lutaram por direitos, combateram o machismo e romperam padrões. Conheça suas histórias

Do UOL

Heley de Abreu

A heroína anônima de Janaúba

Heley de Abreu entregou com a vida a dedicação que tinha por seus “filhinhos”, como chamava carinhosamente os pequenos alunos da creche “Gente Inocente”. No dia 5 de outubro de 2017, a professora de Janaúba (Minas Gerais) foi a heroína de uma tragédia que deixou 12 pessoas mortas: ela própria, mais duas mulheres adultas e nove crianças.

Naquela manhã, foi Heley quem lutou contra o vigilante Damião Soares dos Santos, que botou fogo no próprio corpo e nas crianças. Heley também foi atingida pelas chamas, mas ainda assim impediu que Damião chegasse mais perto de outras crianças. Com 90% do corpo queimado, a professora não resistiu aos ferimentos e foi declarada morta horas depois, no hospital.

Além da memória de coragem e carinho, seu nome estará historicamente gravado no novo nome da escola mineira. Heley tinha 43 anos, um marido e três filhos, de 15, 12 e 1 ano e 3 meses.

Carine Wallauer/UOL Carine Wallauer/UOL

Adriana Barbosa

Visibilidade para artistas e empresários negros

2017 foi o ano do reconhecimento para Adriana Barbosa: ela foi eleita uma das 51 pessoas negras mais influentes do mundo com menos de 40 anos pelo Mipad (Most Influencial People of African Descente) ao lado de Taís Araújo e Lázaro Ramos. A premiação veio devido aos 15 anos de trabalho da produtora cultural, criadora da Feira Preta.

O evento, que reúne o trabalho de artistas, artesãos e empreendedores negros em São Paulo foi pensado por ela em um momento de necessidade, em 2002, e acabou se tornando a maior feira de cultura negra da América Latina. Ao longo de todas as edições, já movimentou mais de R$ 4 milhões e deu visibilidade ao trabalho de mais de 700 empresárias e empresários negros.

Mais do que um negócio, a feira é um espaço de valorização do trabalho e da cultura afro. "Empreender foi a forma que os negros encontraram para sobreviver. E o maior legado da feira é esse, dar visibilidade para o quanto a população negra foi inventiva e criativa em um contexto de adversidade", disse Adriana ao UOL. 

Marcelo Ferrazoli/Vôlei Bauru Marcelo Ferrazoli/Vôlei Bauru

Tifanny Abreu

A primeira trans a jogar na Superliga de vôlei

Aos 33 anos, Tifanny Abreu fez história em 2017: foi a primeira transgênero a jogar a Superliga feminina de voleibol. A ponteira foi contratada pelo Bauru, equipe do interior de São Paulo, em dezembro deste ano para a temporada 2017/2018.

Em entrevista ao UOL na semana em que acertou com o Bauru, Tifanny contou que descobriu que era trans ainda criança. "Para ser feliz, precisava mudar a imagem que via no espelho." Para isso, entretanto, sabia que o sacrifício seria grande, pois precisava permanecer como Rodrigo até conseguir os meios para realizar o sonho da cirurgia de adequação de sexo. “Foi doloroso passar esse tempo todo como homem, mas fui forte."

Antes da transição, que aconteceu em 2014, na Espanha, jogou profissionalmente em times da Europa por seis anos.  A carreira estava num nível muito alto, mas precisava parar, “o psicológico não aguentava mais”.  “O Rodrigo serviu de alicerce para a Tifanny nascer. Foi com ele que consegui juntar dinheiro e toda estrutura para bancar as cirurgias, tratamentos e hormônios. Não é fácil e nada barato."

Com apoio da família e de volta ao país de origem, a atleta só pensa em fazer bem o trabalho para alcançar um novo objetivo: fazer parte do time de José Roberto Guimarães, técnico da seleção brasileira feminina de vôlei. "É meu sonho fazer parte da seleção e jogar uma Olimpíada."

Debora Diniz

Luta pelos direitos da mulher

No dia 8 de março, a antropóloga e pesquisadora Debora Diniz, 47, protocolou no Supremo Tribunal Federal uma ação que pede a descriminalização do aborto no Brasil. Essa foi a segunda vez que Debora levou o assunto, encarado como tabu no país, à mais alta instância do poder judiciário. Na primeira, em 2012, ela conseguiu o direito ao aborto para gestações de fetos anencéfalos.

Mas Debora iria ao STF por uma terceira vez. Já no final de 2017, através da ONG que lidera, a Anis – Instituto Bioética, e junto com o PSOL, ela pediu à corte o direito da estudante Rebeca Mendes Leite de interromper uma gravidez indesejada de forma legal e segura. O pedido foi indeferido pelo Supremo. Com ajuda da Anis, a estudante, então, viajou à Colômbia e realizou o procedimento protegida pela legislação do país.

Em novembro, Debora ganhou o Prêmio Jabuti na categoria Ciências da Saúde por seu livro “Zika: do sertão nordestino à ameaça global”, uma tentativa de biografar a epidemia de zika que acomete o Nordeste. Situação que ela conhece de perto. Em 2016, a antropóloga visitou mensalmente a região.

Quando olha para trás e tenta fazer um balanço dos meses passados, Debora é otimista: “No fim das contas, a crise política persistente favoreceu a união de mulheres pela defesa de direitos. Há uma força, em particular com novas gerações, para o futuro”. 

Carine Wallauer/UOL Carine Wallauer/UOL

Clara Averbuck

#MeuMotoristaAbusador

No final de agosto, a escritora foi vítima de um estupro por um motorista de Uber quando voltava de uma festa. Ela não se calou e decidiu expor o que houve, gerando grande repercussão e causando uma mobilização por mais segurança no transporte para as mulheres.

Engajada na luta pelos direitos delas, Clara fez um post nas redes sociais relatando o abuso e se expondo a julgamentos e culpabilização. Depois de seu post, diversas mulheres começaram a relatar histórias de abuso sofridas em carros de transporte particular com a hashtag #MeuMotoristaAbusador.

Além da questão do abuso nos carros, Clara ainda relatou que optou por não fazer denúncia em uma delegacia por medo de ser revitimizada, trazendo para o debate também a questão do mal atendimento às mulheres nas delegacias de polícia, inclusive as delegacias especializadas.

Adriano Vizoni/Folhapress Adriano Vizoni/Folhapress

Paola Carosella

Combate ao machismo na cozinha de forma afetuosa e feminina

A cozinheira é a prova de que ser uma mulher no mundo da gastronomia não é sinônimo de fraqueza – muito pelo contrário. Sempre que pode, ela desmonta os clichês machistas da profissão no comando do “MasterChef” – nem os participantes nem os colegas de bancada Erick Jacquin e Henrique Fogaça escapam de bronca quando é o caso.

Argentina, também não deixa de se posicionar sobre questões importantes da política, educação, saúde pública ou de mobilidade da cidade e do país que escolheu para viver.
Comprou briga com políticos, juízes, com ex-Masterchefs e internautas para defender suas causas. Em setembro, entrou em um bate-boca no twitter para defender a chef Rita Lobo contra comentários machistas.

No fim do ano, ela ministrou em São Paulo um curso gratuito de gastronomia para preparar travestis e pessoas trans para o mercado de trabalho em restaurantes. “E quem aprendeu mais fui eu”, comentou.

Su Tonani

Mexeu com uma, mexeu com todas

Responsável por aquecer o debate sobre assédio no país, Susllem Tonani viu seu nome ganhar as manchetes ao acusar o ator José Mayer de assédio moral e sexual, nos bastidores da novela “A Lei do Amor”. Em seu relato publicado no blog #AgoraÉQueSãoElas, da Folha de S. Paulo, a figurinista contou ter sido agredida verbalmente e tocada nas partes íntima por aquele que foi por anos um dos maiores nomes da teledramaturgia. O assédio durou 8 meses.

O caso promoveu uma mobilização inédita no Projac, onde as principais atrizes e funcionárias da emissora encabeçaram a campanha #MexeuComUmaMexeuComTodas, que rapidamente ganhou as redes sociais. Bruna Marquezine, Sophie Charlotte, Nathalia Dill e Tainá Miller foram algumas das que vestiram a camiseta com a hashtag.

Diante da repercussão, o ator admitiu a acusação e se desculpou. “Eu errei”, disse em uma carta aberta. Mayer foi afastado das produções da Globo, que emitiu um comunicado oficial de repúdio a qualquer forma de “desrespeito, violência e preconceito”. Su desistiu de prestar queixa contra o ator, que segue fora do ar. 

Sabe por que dá tanto medo de delatar um abuso? Porque nossa cultura machista culpa a mulher, a vítima, pela violência vivenciada. É isso que corre as redes. É o que passa pelo boca a boca. A história da mulher sedutora, agora passional e vingativa. Essa é a história que o mundo machista gosta de contar. E que nos acostumamos a aceitar como versão mais plausível. Saiba: essa prática nos desempodera.

Su Tonani

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Fluvia Lacerda

Gorda não é palavrão

Aos 37 anos, Fluvia Lacerda deixou definitivamente para trás o rótulo de “Gisele Bündchen Plus Size” e viu seu nome -- e sua imagem -- ganhar força. Em janeiro, fez história ao se tornar a primeira mulher gorda a estampar a edição de aniversário da revista Playboy, conquista descrita por ela como uma “verdadeira revolução”.

Esse foi só o início de uma sequência de conquistas no país onde nasceu. Fluvia se mudou para os EUA em 1996, onde ganhava a vida trabalhando como faxineira e babá. Em 2003, foi descoberta por um olheiro dentro de um ônibus em Nova York e lançada como top plus size. Em entrevista ao UOL, chegou a admitir que não teria construído a mesma carreira se tivesse continuado no Brasil, onde o mercado GG despontou há pouquíssimo tempo.

Apesar da repercussão internacional – estrelou editorial da Vogue Itália e campanha da gigante americana Target --, ela só subiu em uma passarela brasileira este ano. Fluvia foi uma das modelos do desfile de Ronaldo Fraga, durante o SPFW. Na apresentação, arrancou elogios da plateia ao surgir com um maiô estilo pin-up e exibir suas curvas.

Referência absoluta de meninas fora do padrão, Fluvia ainda assinou uma coleção de bodies em parceria com a marca de moda praia Koane e recheou as livrarias nacionais com sua autobiografia “Gorda Não É Palavrão” (ed. Paralela), um misto de autobiografia e autoajuda da menina que saiu de Roraima e ganhou o mundo.

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Anitta

Poder, influência e ginga da mulher real

Aos 24 anos, a carioca se transformou no 15º nome mais influente da música mundial na atualidade, à frente de estrelas de projeção internacional como Rihanna, Selena Gomez, Demi Lovato e Taylor Swift, de acordo com o ranking da Billboard. A mesma publicação a colocou em 41º lugar em outra lista, a de artistas em ascensão.

Em setembro, ela lançou o projeto "Check Mate", que trouxe uma música nova (e um clipe!) por mês até dezembro. Se revezou cantando em português, inglês e espanhol ao lado do produtor PooBear, de DJ Alesso, de Major Lazer, de J Balvin, Maejor (que é responsável pela carreira de Justin Bieber), assim como do diretor e fotógrafo de moda Terry Richardson que, acusado de abuso e assédio sexual por famosas, forçou Anitta a rever a decisão e quase cancelar o lançamento de "Vai Malandra", seu vídeo gravado em uma laje no Vidigal.

"Esse não é um trabalho de uma pessoa só. Manterei minha promessa aos moradores do Vidigal e aos meus fãs lançando o clipe de 'Vai Malandra'", explicou em comunicado ao UOL em novembro. "Como mulher faço questão de reafirmar que repudio qualquer tipo de assédio e violência contra nós e espero que todos os casos dessa natureza sejam sempre investigados", concluiu.

'Vai Malandra' é também o material de Anitta em que ela se mostra mais livre e empoderada. A cantora tomou a decisão consciente de deixar os retoques de lado e exibir em close suas celulites. "Minha vontade era causar autoestima nas mulheres mesmo. Eu queria que todas entendessem que mesmo a pessoa sendo artista, ela é uma mulher como todas vocês, mulheres!", explicou ao colunista Leo Dias.

Não dá para ignorar o sucesso e a importância da cantora para a cultura brasileira hoje. O Rock in Rio tentou deixá-la de lado, mas Fergie, não. Convidou a cantora para um dueto de “Sua Cara”, que acabou acontecendo com Pabllo Vittar. 

Mas o recado foi dado: a estrela já está confirmada para as edições de Lisboa em 2018 e no Rio, novamente, em 2019.

Simone Maulaz Elteto

Coragem e frieza que salvaram vidas

Não fosse pela coordenadora pedagógica Simone, a tragédia em uma escola de Goiás, em outubro, poderia ter sido maior.

Ao ouvir os disparos que mataram dois alunos e feriram outros quatro no colégio Goyazes, em Goiânia, ela convenceu o atirador, de 14 anos, a interromper os assassinatos.

Com a mão sobre o ombro do garoto, que manteve a arma apontada contra ela, a coordenadora conseguiu levá-lo a uma biblioteca e acalmá-lo até que ele fosse entregue à polícia. Ao Fantástico, ela relatou a abordagem: “Eu fiquei com muito medo de ele entrar nas salas onde havia outros alunos. Eu tive que impedi-lo. Me posicionei em frente a ele, sem movimentos bruscos. A arma ficou posicionada no meu abdômen. Eu fui empurrando devagar para o rumo da parede, em direção a uma sala que eu sabia que estava sem alunos. Depois consegui segurar a mão dele com as duas mãos e falei: ‘vem comigo. tudo vai ser resolvido'”.

 

Flavio Florido/UOL Flavio Florido/UOL

Valentina Sampaio

A modelo trans e nordestina que foi capa da Vogue Paris

Nascida em Aquiraz, no Ceará, a modelo Valentina Sampaio, 21 anos, não revela seu nome de batismo – esse sob o gênero masculino – por um motivo muito simples: “Sempre fui mulher”, diz.

Aos 8 anos de idade, sua psicóloga a identificou como transgênero e, já aos 10, adotou seu nome social. “Percebi que havia algo de diferente em mim quando me colocavam roupas de menino e eu não me reconhecia. E isso logo ficou claro para todo mundo”, contou ela em entrevista à “Folha”.

Depois de mudar-se para Fortaleza aos 16, Valentina cursou Moda por um tempo e inseriu-se no meio. A guinada na carreira veio em 2015, quando o diretor Allan Fiterman a escalou para um papel em seu filme, “Berenice Procura”, estrelado por Claudia Abreu, Eduardo Moscovis e Vera Holtz.

Então vieram os grandes contratos – Valentina é embaixadora e porta-voz da L’Óreal Paris ao lado de nomes como Doutzen Kroes, Joan Smalls e Barbara Palvin -, os grandes eventos – ela foi destaque do SPFW em 2016, quando desfilou para 8 marcas -, e, claro, as capas.

Valentina estampou a edição de março da Vogue Paris, conquistando um feito inédito: a revista francesa nunca havia eleito uma modelo transgênero para sua capa.

Bruno Poletti/Folhapress Bruno Poletti/Folhapress

Taís Araújo

Levantando a bandeira do feminismo e voz forte na militância contra o racismo

Neste ano, Taís Araújo foi nomeada pela ONU Mulheres Brasil como Defensora dos Direitos das Mulheres Negras. Ela ainda estrelou a lista de personalidades negras mais influentes do mundo no Mipad 100 ("Most Influential People of African Descent), junto de Lázaro Ramos e Adriana Barbosa, criadora da Feira Preta. O trio figurou na divisão Mídia e Cultura do prêmio, ao lado de nomes como Beyoncé, Rihanna, Serena Williams, Usain Bolt e LeBron James.

Palestrante do TEDxSão Paulo de agosto, ganhou manchetes com seu discurso engajado e emocionante: "Quando eu engravidei do meu filho, eu fiquei muito aliviada de saber que no meu ventre tinha um homem. Porque eu tinha a certeza de que ele estaria livre de viver situações vivenciadas por nós, mulheres. Certo? Errado. Porque meu filho é um menino negro. Liberdade é um direito do qual ele não vai poder usufruir”.

A atriz e apresentadora também foi homenageada no Prêmio Claudia 2017, por seu trabalho social, e estrelou dezenas de capas de revistas femininas. Em uma delas, a atriz disse que aprendeu a amar seu corpo, suas estrias e seu cabelo cacheado. "A coisa mais linda é você se olhar no espelho e pensar: "Cara, eu gosto de mim do jeito que sou, de acordo com as minhas origens, da mistura feita do meu pai com a minha mãe".

Quando engravidei do meu filho, fiquei muito aliviada de saber que no meu ventre tinha um homem. Tinha a certeza de que ele estaria livre de viver situações vivenciadas por nós, mulheres. Certo? Errado. Meu filho é um menino negro. Liberdade é um direito do qual ele não vai poder usufruir.

Taís Araújo

Livia Schiavinato Eberlin

A brasileira inventora da "caneta" que detecta câncer

Em setembro, um artigo publicado na revista científica "Science Translational" trouxe uma novidade que pode significar um profundo avanço no diagnóstico do câncer: a MasSpec Pen, uma espécie de caneta capaz de identificar tecidos cancerígenos.

Por trás da ferramenta, o nome de uma brasileira: Livia Schiavinato Eberlin, professora assistente do Departamento de Química da Universidade do Texas, em Austin, nos Estados Unidos.

Livia liderou a equipe de pesquisadores envolvidos na criação da "caneta". O equipamento tem como objetivo permitir que, durante uma cirurgia, o médico seja capaz de analisar o tecido afetado pela doença e assim eliminá-la com mais precisão.

A MasSpec Pen é capaz de fazer a análise em dez segundos, com 96% de precisão. A previsão é que comece a ser testada em seres humanos em 2018. A brasileira foi citada pela revista "Forbes" entre nomes relevantes no campo da ciência e da saúde com menos de 30 anos e já recebeu o prêmio L’Oréal for Women in Science Fellowship, destinado a jovens cientistas.

Mastrangelo Reino/Folhapress Mastrangelo Reino/Folhapress

Luiza Helena Trajano

Disque-denúncia e cheque-mãe no Magazine Luiza

A empresária, líder da rede Magazine Luiza, tinha uma funcionária. A dedicada e recém promovida a gerente Denise Neves dos Anjos, 37, foi morta em julho deste ano. A suspeita que o crime tenha sido cometido pelo próprio marido.  

O caso chocou Luiza. “Não pensei que a violência contra a mulher estava tão próxima da minha empresa”, disse ao UOL em outubro. Após a morte, a executiva criou um disque-denúncia, exclusivo para funcionários, para crimes de violência doméstica contra mulheres empregadas na rede. Em menos de três meses, o número de denúncias já passava das três dezenas.

Luiza, sobrinha da fundadora que dá nome à rede com mais de 800 unidades e uma plataforma digital de vendas, tem um histórico de programas voltados em defesa das mulheres – e faz parte do comitê Mulheres do Brasil, formado por empresárias e ativistas em prol de projetos que melhorem a qualidade de vida da mulher no país.

Além do disque-denúncia, ela também mantém benefícios como o “Cheque-mãe”: a empresa oferece uma ajuda extra para mães que precisam pagar um profissional para cuidar dos filhos nas horas vagas.

Estevam Avellar/TV Globo Estevam Avellar/TV Globo

Carol Duarte e Glória Perez

O assunto transexualidade chega aos lares brasileiros

Carol Duarte foi responsável por dar vida à personagem transexual Ivan na novela das nove da Globo, “A Força do Querer”, de Glória Perez. Juntas, atriz e autora tiveram a responsabilidade social de dar visibilidade para uma parcela da população que, além de estereotipada, é também marginalizada por conta do preconceito.

A história também ajudou a esclarecer conflitos entre jovens transgêneros e suas famílias, mostrando que representatividade importa, sim.

Ivan começou a novela, em abril, como Ivana e se entendeu transgênero ao longo da trama, que narrou de maneira sensível e empática um processo até então não só tabu, mas jamais retratado com seriedade na tevê. A abordagem foi positivamente abraçada pela sociedade brasileira, que passou a conhecer e discutir a existência da comunidade trans, e também reconhecida internacionalmente em uma longa matéria do jornal "The New York Times".

Uma novela é reflexo da sociedade brasileira em qualquer momento. Eu pensei que era hora de falarmos sobre este assunto.

Glória Perez, em entrevista ao jornal "The New York Times"

Duilia de Melo

A brasileira que pode ajudar a Nasa a descobrir a origem da Terra

Duília de Mello quer que mais garotas, como ela, se interessem pelas estrelas. Há 15 anos, ela colabora com a Nasa, a agência espacial norte-americana, onde analisa imagens do telescópio Hubble. O estudo pode dar pistas sobre a formação da nossa Via Láctea.

Em um campo que ainda pouco reconhece o papel da mulher, Duília arregaçou as mangas e criou a ONG Mulher das Estrelas, em que estimula a criação de aulas de robótica, física e matemática na rede pública de ensino no Brasil.

Neste ano, Duília se tornou uma das principais vozes contra o corte no orçamento promovido pelo governo para pesquisas científicas, que só em 2017 perdeu bilhões de reais. Ainda assim, a cientista se manteve firme, divulgando seu trabalho e mais de 100 estudos científicos para continuar a inspirar novas cientistas pelo país.

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