Trilogia de Marcelo

Em dia de CR7 apagado, Marcelo assume protagonismo, marca pela 3ª vez no mata-mata e dá alívio ao Real

Guilherme Zocchio Colaboração para o UOL
Thorsten Wagner/Reuters

Brasileiros mudam destino do jogo

O roteiro parecia complicado para o Real Madrid. Jogando fora de seus domínios, o time de Zinedine Zidane viu o Bayern de Munique ser empurrado por sua torcida no Allianz Arena e abrir o placar em uma arrancada de Kimmich com falha defensiva dos espanhóis. Foi então que o coadjuvante principal da equipe madrilenha resolveu ganhar espaço e roubar o papel de protagonista do jogo. 

Com Cristiano Ronaldo, costumeiro "salvador da pátria" do Real, em uma tarde ruim, coube a Marcelo marcar um golaço em um chute forte de fora da área. O lance alterou os rumos da partida e deixou o time espanhol jogar do jeito que mais gosta, explorando as falhas e os espaços deixados pelo rival. 

Se Marcelo fez o papel de mocinho que teve um final feliz, do outro lado do campo o brasileiro Rafinha terminou como o vilão do Bayern, ao falhar no lance do gol da virada dos visitantes. Com referências ao cinema, o UOL Esporte escolheu os lances e personagens mais relevantes deste primeiro duelo de gigantes europeus: do mais glorioso ao mais trágico, com atenção às sutilezas que ocorreram. 

Super-homem 1, 2 e 3

Marcelo assumiu o papel de protagonista na vitória de 2 a 1 fora de casa sobre o Bayern de Munique, nesta quarta-feira (25), com uma de suas melhores atuações na Liga dos Campeões. Pela terceira oportunidade seguida nas partidas de ida da fase eliminatória, o lateral estrelou balançando as redes.

Num ato de heroísmo, ele chutou de primeira, após a bola sobrar na entrada da área, e fez um golaço, sem chance de defesa para os rivais. O tento empatou a partida ainda no primeiro tempo, quando os espanhóis perdiam por 1 a 0, bem como deu moral para a equipe merengue crescer em campo e buscar a virada na etapa complementar.

Marcelo salvou o dia como em outras oportunidades na Liga dos Campeões. Também fez gol contra Juventus, em Turim, no 3 a 0 nas quartas, que se mostrou essencial após a reviravolta no duelo de volta. Contra o PSG, em Madrid, nas oitavas de final, anotou o terceiro tento na vitória por 3 a 1 para dar uma boa vantagem para o segundo jogo. Somadoo que fez contra o Bayern, estas foram as únicas vezes em que ele marcou no torneio. 

O lateral, de quebra, recebeu a estatueta de jogador de defesa que mais vezes balançou as redes na fase de mata-mata da competição. Em sete oportunidades, ao todo. Superou seu escudeiro e companheiro, o espanhol Sergio Ramos.

Tudo que Marcelo não é no Real Madrid é lateral esquerdo, e o gol dele foi prova disso. É uma jogada típica de meio-campista que fica fora da área esperando o rebote, um chute preciso, raro para um lateral.

Rafael Reis

Rafael Reis

Javier Soriano/AFP Javier Soriano/AFP

Titanic

O Bayern de Munique seguia o roteiro certo para retomar o controle do curso da partida no início do segundo tempo, com o empate em 1 a 1 no placar. Mas um incidente, envolvendo Rafinha, transformou o enredo do jogo em tragédia para os alemães.

Improvisado em papel pelo flanco esquerdo, o lateral, que originalmente joga na direita, falhou em um recuo de bola e provocou um contra-ataque que conduziu o time alemão a um naufrágio tão terrível quanto o do Titanic. Levou 2 a 1 em casa.

O jogador errou passe para Kimmich, após recuperar a bola em cobrança de escanteio. Asensio se aproveitou do vacilo, saiu em velocidade e tabelou com Lucas Vázquez. Sozinho contra Ulreich, o espanhol foi o algoz que virou a partida e afundou os rivais.

Uma pena, mas não dá pra fugir disso. Jogou toda sua boa partida no lixo dando o gol da virada para o Real.

Júlio Gomes

Júlio Gomes

Guenter Schiffmann/AFP Guenter Schiffmann/AFP

Eu não estou lá

Breve, discreto e dispensável foi o papel do holandês Arjen Robben contra o Real Madrid, na quarta-feira (25). Mal tocou na bola e o meia do Bayern de Munique teve que sair da partida para substituição. Quase não esteve em campo.

Ele sentiu um problema muscular aos 5 minutos do primeiro tempo e deixou o gramado para a entrada de Thiago Alcântara. Em curta-metragem, Robben foi de provável protagonista para quase um figurante nestas semifinais da Liga dos Campeões. Restou ao holandês apenas chorar na saída de campo.

Não muito diferente foi o defensor Jérome Boateng. O zagueiro também reclamou de dores antes do intervalo e deixou a partida aos 35 min, fazendo com que o Bayern perdesse duas substituições logo na primeira etapa. 

Infelizmente, Robben e departamento médico são melhores amigos. O jogador é um daqueles que você sabe que em breve terá um problema físico. Para azar do Bayern, isso aconteceu em um dos jogos mais importantes da temporada. Sem Robben, o Bayern ficou muito mais previsível, concentrando as suas ações pela esquerda com Ribéry.

Rafael Reis

Rafael Reis

Kerstin Joensson/AP Kerstin Joensson/AP

Veloz e furioso

Rápido e atento em campo, o lateral Kimmich, apesar da derrota, foi bem não só na defesa, mas no ataque do Bayern de Munique. Aos 27 min do primeiro tempo, ele passou a bola para James Rodríguez e acelerou. O colombiano viu o companheiro livre nas costas dos zagueiros do Real Madrid e tocou de volta em profundidade.

Mais rápido do que os defensores da equipe espanhol, o alemão avançou veloz pelo flanco direito, invadiu a área e contou com falha de Keylor Navas para abrir o placar. O arqueiro tentou se antecipar, caindo na pequena área para interceptar um cruzamento, quando o rival chutou com força e fúria direto para o gol.

Kimmich ainda foi responsável pela marcação de Cristiano Ronaldo e deu conta do racha contra o melhor jogador do mundo. Em uma partida apagada, o português até tentou, não participou, no entanto, nem dos gols do Real nem de outras oportunidades relevantes.

O gol de Kimmich foi uma aula para atacantes, dada por um lateral direito. O jogador do Bayern foi perfeito na infiltração, enxergou o espaço na defesa do Real e enganou com os olhos o Navas, finalizando quando o goleiro esperava um cruzamento.

Rafael Reis

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Javier Soriano/AFP Javier Soriano/AFP

O Drácula

Sentado no canto do banco de reservas do Bayern de Munique, o treinador Jupp Heynckes assistiu com olhar sombrio à atuação de sua equipe. Em que pese seus esforços para montar a melhor formação para o jogo, o roteiro da partida foi pífio, digno de pesadelo e filme de terror para os alemães.

O técnico perdeu dois jogadores por contusão no primeiro tempo. Um deles, Arjen Robben, peça importante do plantel, deixou o campo contados apenas 5 minutos. O outro foi Jeróme Boateng, que se queixou de dores aos 35. Thiago Alcántara e Niklas Süles, os respectivos substitutos, tiveram atuação discreta.

Sem mais opções, Heynckes lançou mão de sua última troca aos 31 minutos da etapa complementar. Tirou Javi Martinéz para a entrada de Corentin Tolisso, sem resultados, porém. O final já estava escrito. Derrota em casa nas semifinais da Champions.

Acho que a escalação foi boa. Mas no segundo tempo faltou criatividade tática. Ele precisava ter colocado Müller na área para acompanhar Lewandowski.

Júlio Gomes

Júlio Gomes

Odd Andersen/AFP Odd Andersen/AFP

Efeito Borboleta

O placar da partida de ida do duelo entre Bayern de Munique e Real Madrid, pelas semifinais da atual edição da Liga dos Campeões, repetiu o resultado de jogo anterior entre as equipes.

Na temporada passada, a primeira partida das quartas de final do confronto entre os dois times no torneio continental também terminou em 2 a 1, com virada, em Munique. Naquela ocasião, em 2017, o chileno Arturo Vidal fez 1 a 0 para os anfitriões no primeiro tempo, e Cristiano Ronaldo empatou e virou para os visitantes.

Resta ao time alemão, assim como fez por diversas Ashton Kutcher em Efeito Borboleta, tentar que não se repita o final desta história. No jogo de volta da edição 2016/17, o Real Madrid até sofreu sufoco, viu o Bayern conseguir reverter o 2 a 1, mas uma expulsão de Vidal fez as coisas mudarem drasticamente o destino do jogo na prorrogação. No final, Cristiano Ronaldo decidiu a partida, os espanhóis fizeram 4 a 2 e seguiram rumo ao bicampeonato.

Tem que ver se vai ser o mesmo também no Bernabéu. 2 a 1 Bayern, até o juiz inventar uma expulsão de Vidal e o Real voar com um a mais na prorrogação.

Júlio Gomes

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Matthias Schrader/AP Matthias Schrader/AP

Os Trapalhões e o Rei do Futebol

Thomas Muller e Robert Lewandowski dividiram juntos uma das cenas mais cômicas do duelo desta quarta-feira (25). No segundo tempo, os dois bateram de frente, um contra o outro, após cruzamento para dentro da área do Real Madrid.

O capítulo, além de bizarro, frustrou uma boa oportunidade para o Bayern se recuperar na partida. A trapalhada aconteceu quando os alemães perdiam por 2 a 1, aos 21 minutos.

A bola sobrou na pequena área para qualquer um dos dois completar para o gol. Mas a coisa não terminou com reviravolta no roteiro. Eles procuraram a bola e encontraram um a cabeça do outro. Não houve final feliz.

Lewa foi mal demais hoje.

Júlio Gomes

Júlio Gomes

Odd Andersen/AFP Odd Andersen/AFP

Procurando Nemo

Um pouco perdido, Keylor Navas não desempenhou muito bem seu papel. Falhou no gol do Bayern e não mostrou segurança debaixo da meta do Real Madrid. Ele, porém, deu aulas performáticas de consciência e movimento corporais.

Após um cruzamento na grande área espanhola, o goleiro se esticou inteiro, mergulhando de peixinho com as mãos à frente para afastar o perigo. Passagem com atuação digna de premiação no Oscar.

Se depender da reta final da Champions, o primeiro objetivo de mercado do Real Madrid será um novo goleiro. Navas já tinha falhado contra a Juventus, voltou a falhar contra o Bayern e já não passa confiança nenhuma na defesa do Real Madrid. Ele fez defesas importantes, mas não passa segurança. Qualquer bola que se aproxima da meta do time espanhol cria um sentimento de pânico por causa da insegurança do goleiro.

Rafael Reis

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