Lances de cinema

UOL brinca de premiação do Oscar e aponta quem foram os melhores até as quartas da Liga dos Campeões

Franck FAUGERE/AFP PHOTO/L'EQUIPE

E se os jogos da Champions  League fizessem parte da maior festa do cinema mundial? Para aquecer a semifinal da Liga dos Campeões, o UOL Esporte resolveu brincar com essa possibilidade e fechou uma lista de "premiados", levando em consideração a trajetória na competição até as quartas de final.

Houve jogos que rivalizaram com grandes suspenses de Alfred Hitchcock, assim como jogadas que lembraram obras de arte como os filmes de Akira Kurosawa.

Para decidir os premiados, três blogueiros do UOL Esporte serviram como jurados: Mauro Beting, que comenta jogos da Champions pelo Esporte Interativo, Julio Gomes, comentarista nas lives do UOL Esporte sobre a Liga dos Campeões, e Rafael Reis, especialista em futebol internacional

Confira abaixo quem levou a melhor nas sete categorias. E prepare-se que, a partir das semifinais, as premiações serão para cada duelo decisivo da competição. 

Crash - No Limite

O título da película aclamada como melhor filme no Oscar de 2006 serve para dar uma dimensão do que foi o choque entre os finalistas da Liga dos Campeões de 2016/17. Real Madrid e Juventus se cruzaram nas quartas de final deste ano e fizeram um duelo aclamado pela crítica e com a emoção de ser decidido no limite final do cronômetro.

Depois de perder em casa por 3 a 0 na ida, a equipe italiana chegou ao Santiago Bernabéu com uma tarefa indigesta. Porém, a vaga na semifinal, que parecia quase como uma ficção, foi virando realidade aos poucos depois que Mandzukic abriu 2 a 0 no primeiro tempo. Já na etapa final, Matuidi fez o gol que levava a decisão para a prorrogação.

Porém, foi nos acréscimos que o jogo ganhou traços ainda mais dramáticos. A 30 segundos do fim, o árbitro inglês Michael Oliver fez o papel de vilão da Juventus e marcou pênalti polêmico de Benatia em Lucas Vázquez.

Coube a Cristiano Ronaldo ir para a cobrança. O português bateu firme, fez o gol aos 52 minutos que classificou o Real e acabou com o sonho italiano, em um final que levou a plateia dos dois lados às lágrimas.

À parte a emoção pela quase virada juventina, a polêmica com o pênalti, etc. Foi um jogaço de futebol.

Julio Gomes

Julio Gomes

Touro Indomável


Ninguém se sente mais à vontade sob os holofotes que Cristiano Ronaldo, dono da segunda "estatueta". O atacante do Real Madrid é daqueles astros que fazem questão de chamar a atenção, e, na Liga dos Campeões, isso se resume a gols. São 15 em 10 jogos. Um apetite semelhante ao visto pelo boxeador Jake LaMotta, interpretado por Robert de Niro em Touro Indomável.

Nas quartas de final, ninguém brilhou tanto quanto o camisa 7. Na partida de ida contra a Juventus, Ronaldo balançou a rede adversária duas vezes fora de casa, com direito a uma bicicleta indefensável, e comandou a vitória em Turim por 3 a 0.

Já na volta, quando os espanhóis se viam ameaçados pela Juventus com o mesmo placar de 3 a 0 (o que levava a disputa para a prorrogação), Ronaldo mostrou porque é o verdadeiro protagonista do Real e fez o público no Santiago Bernabéu respirar aliviado ao marcar de pênalti, nos acréscimos do segundo tempo, o gol que garantiu o atual bicampeão da Liga dos Campeões nas semifinais.

Nunca antes na história um jogador havia feito gols em todos os seis jogos da fase de grupos da Champions. Cristiano Ronaldo não só quebrou esse recorde, como já emendou as quatro primeiras do mata-mata balançando as redes. Em termos individuais, ninguém supera o astro português nesta edição da Liga dos Campeões.

Rafael Reis

Rafael Reis

EFE/EPA/ALESSANDRO DI MEO EFE/EPA/ALESSANDRO DI MEO

Um Dia de Fúria

Caras e bocas não faltaram para Gianluigi Buffon nos dois confrontos das quartas de final contra o Real Madrid. O goleiro da Juventus pareceu não acreditar quando Cristiano Ronaldo marcou o golaço de bicicleta na primeira partida.

A expressão de choque de quem acaba de ser surpreendido estampou o rosto do veterano italiano, que só olhou a bola estufar a rede e nem saiu do chão. Na partida de volta, a reação italiana na casa do Real fez Buffon vibrar e até mesmo morder a própria língua na comemoração de um dos três gols da Juventus.

O drama do início virou alegria, mas terminou em fúria. Revoltado com a marcação do pênalti para o Real nos acréscimos do segundo tempo, o goleiro de 40 anos descontou toda a raiva em cima do árbitro Michael Oliver. A revolta rendeu o cartão vermelho para Buffon, e o veterano saiu de cena expulso no possível último jogo dele na Liga dos Campeões.

“Você claramente não tem um coração no peito, mas uma lata de lixo. Acima de tudo, se você não tem caráter para estar num jogo como esse, num estádio como esse, você pode se sentar nas arquibancadas com sua esposa e seus filhos tomando refrigerante e comendo batatas. Você não pode arruinar os sonhos de um time”, disse Gianluigi Buffon, goleiro da Juventus, revoltado com o árbitro Michael Oliver.

Interestelar

Não era um filme, mas o torcedor da Juventus levantou da cadeira para aplaudir de pé o carrasco do próprio time: Cristiano Ronaldo. O atacante do Real Madrid, tão xingado e vaiado até então no Juventus Stadium, viu os fãs da equipe italiana se renderem a ele depois do espetacular gol de bicicleta no primeiro jogo das quartas de final da Liga dos Campeões.

O camisa 7 já tinha aberto o placar no primeiro tempo, mas guardou o “grand finale” para a etapa final. Ronaldo recebeu cruzamento da direita e voou muito alto para acertar uma bicicleta no canto esquerdo de Buffon, que também só pôde apreciar o lance de um ângulo privilegiado.

Depois de um golaço como esse, coube ao português se curvar e agradecer aos presentes no estádio pelos aplausos.Só faltou mesmo estenderem um tapete vermelho para que Ronaldo saísse de campo. 

"Ele é um jogador diferente porque faz este tipo de coisas. Temos que sorrir por ter Ronaldo no Real. O movimento do gol foi espetacular. Temos que tirar o chapéu. O meu gol em Glasgow foi mais bonito, mas este é mais recente. Podemos dizer que ele fez um dos gols mais bonitos da história, mas não tanto quanto o meu”, brincou Zinedine Zidane, técnico do Real Madrid, ao comparar com o gol que fez na final de 2002 contra o Bayer Leverkusen.

Cristiano Ronaldo dispensa dublê. Até porque a única estrela que pode fazer o que ele fez de bicicleta em Buffon joga no Barcelona. E este ano não teve um final feliz para Messi.

Mauro Beting

Mauro Beting

Onde os Fracos Não Têm Vez

O egípcio Mohamed Salah está mostrando toda sua força em dois dos torneios mais disputados do futebol europeu. Com 30 gols na Premier  League e mais 8 gols na Liga dos Campeões, o atacante do Liverpool está fazendo uma temporada mágica e já mostrou que valeu muito a pena o time inglês investir 42 milhões de euros na sua contratação.

A votação dele, inclusive, foi a que mais gerou polêmica entre os blogueiros do UOL Esporte. Para Júlio Gomes, por exemplo, Salah deveria ser escolhido como o principal protagonista da competição até aqui. "Com todo respeito a Cristiano Ronaldo, todo mesmo, mas o faraó é o maior nome da temporada. E isso serve para a Champions também".

Salah foi, de fato, decisivo para o Liverpool bater o favorito Manchester City. Com gols nos dois jogos, mostrando uma frieza gigante no tento que matou o confronto na vitória por 2 a 1 fora de casa, ele mostrou que não está na competição a passeio. Porém, Cristiano Ronaldo também foi decisivo nos duelos contra o Paris Saint-Germain e contra a Juventus.

O desempate para ver quem seria o protagonista e quem seria o coadjuvante foi dado pelos números de gols do português na competição até então (15 contra 8).

Salah vive uma temporada de cinema. O que tem feito de lindo e inesperado o egípcio. Merece porque nunca tinha jogado tão bem e com tantos gols.

Mauro Beting

Mauro Beting

Uma Mente Brilhante

É comum Juergen Klopp em finais nacionais e até internacionais, mas o grande problema é que o treinador é um "azarado em prêmios". Foi assim com o Borussia Dortmund em 2013, quando o clube alemão fez campanha heroica e chegou à final da Liga dos Campeões, mas caiu para o Bayern de Munique.

O roteiro agora é com o Liverpool, e, no clube inglês, o técnico alemão tenta acabar com sua falta de estatuetas. Nas quartas de final, ele encarou o favorito Manchester City, mas mostrou mais uma vez que sempre se dá bem contra Pep Guardiola, o "rei dos diretores".

Klopp leva vantagem contra o espanhol no confronto entre os dois, e o Liverpool fez do então imbatível City sua vítima. Depois de vencer por 3 a 0 no Anfield, o alemão chegou para o jogo de volta com bela vantagem, e a equipe dele até saiu atrás do placar, mas dominou o segundo tempo.

Um gol de Salah, outro de Firmino e Liverpool classificado às semifinais com 5 a 1 no agregado. Para Klopp, mais uma batalha vencida contra Guardiola.

Até estilo de "cineasta doidão" o treinador alemão possui. Dono de um carisma gigantesco, Klopp é a vitória da arte na Champions. Seu Liverpool joga um futebol que, de tão caótico, parece até saído dos campinhos de várzea. Ledo engano: toda aquela bagunça que enche os olhos dos torcedores é orquestrada pelo técnico e construída minuciosamente para destruir adversários de porte elevado, como o Manchester City.

Rafael Reis

Rafael Reis

A Vida é Bela

Quem curte um bom drama não pode reclamar da segunda partida entre Roma e Barcelona na Liga dos Campeões. Depois da vitória na ida por 4 a 1 no Camp Nou, a vaga entre os quatro melhores da Europa parecia bastante encaminhada para o Barça. Mas então os italianos aprontaram com reviravolta, herói improvável e suspense até o fim, tudo digno de um verdadeiro filme blockbuster.

Na eletrizante partida de volta na capital italiana, Dzeko abriu o placar no começo do primeiro tempo, depois De Rossi ampliou a vantagem dos donos da casa em cobrança de pênalti na etapa final e deu ainda mais esperanças para o torcedor local de que o milagre era possível. Só faltava um gol.

Aos 37 do segundo tempo, Under cobrou escanteio para dentro da área, Manolas desviou de cabeça no primeiro pau e fez o estádio Olímpico explodir. Sucesso de bilheteria com festa italiana e Roma de volta a uma semifinal de Liga dos Campeões depois de 34 anos.

A frase que dá nome ao título da película do compatriota italiano Roberto Begnini, vencedor do Oscar em 1999, expressa bem como foi o sentimento dos romanos após a classificação.

Roma 3 x 0 Barcelona. Tem que ter muita originalidade para escrever uma história assim, com um final que definitivamente ninguém esperava.

Mauro Beting

Mauro Beting

A Roma é o time que está ganhando de 4 a 1 em casa e cede a vantagem como visitante. E não o contrário. É a Roma que toma o gol que a Juve levou em Madri. Não o contrário.

Julio Gomes

Julio Gomes

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