Boris consolidou a sua carreira no rádio e no jornal –trabalhou como editor-chefe da "Folha de S. Paulo" por quase uma década. Era, como ele próprio define, um “conhecido sem rosto”.
Isso mudou radicalmente a partir do fim dos anos 1980, depois que decidiu migrar para a televisão. Ancorou o "TJ Brasil", principal telejornal do SBT, por quase uma década, até 1997. Tornou-se conhecido nacionalmente. E, desta vez, com rosto.
“No início, o assédio me incomodou muito. Eu tive problemas para sair de casa, perdi muitas coisas que eu gostava, como tomar cafezinho na padaria, ir ao boteco... Me senti tolhido, invadido. Eu classifiquei isso na época como sendo alvo de uma ‘curiosidade zoológica’”, brinca.
Hoje, o reconhecimento do público incomoda menos. Para ir de vez em quando ao estádio assistir aos jogos do Palmeiras, seu time do coração, ele admite que vai de boné e cachecol, "meio disfarçado”.
Boris se orgulha de ter sido o "primeiro âncora a emitir opiniões dentro de telejornais no Brasil". E isso em um período em que a democracia ainda estava renascendo.
É uma conquista profissional, um fato positivo da minha carreira. Isso não existia ou era sufocado pelo regime militar.
Mesmo um sucesso com o público, ele conta que as falas enfrentaram resistência até na emissora. "Durante muito tempo, o comentário foi contestado dentro do próprio SBT. E na imprensa e na crítica também. Mas eu queria, estiquei a corda", lembra.
Trinta anos após a estreia na TV --e depois de passagens por Record, TV JB, Band e RedeTV!, emissora onde está desde 2016--, Boris conta que até já pensou em aposentadoria, mas desistiu da ideia. "Se eu me aposentar, sei que vou para o hospício no segundo mês".