Agora é que compreendo/ porque em paragens tão ricas/ o rio não corta em poços/ como ele faz na caatinga:/ vivi a fugir dos remansos/ a que a paisagem o convida,/ com medo de se deter/ grande que seja a fadiga./ Sim, o melhor é apressar/ o fim desta ladainha,/ o fim do rosário de nomes/ que a linha do rio enfia;/ é chegar logo ao Recife,/ derradeira ave-maria/ do rosário, derradeira/ invocação da ladainha,/ Recife, onde o rio some/ e esta minha viagem se fina.
João Cabral de Melo Neto, em "Morte e Vida Severina"