
A morte sempre foi um desafio aos Severinos que vivem a peregrinar no Nordeste. Seja "matada" antes do 20, seja "morrida" antes dos 30, como relata o livro "Morte e Vida Severina", de João Cabral de Melo Neto.
Mas é na luta pela terra que a morte ganha marca de sangue lavrador.
Em meio à violência no campo que ainda sobrevive no Nordeste, a fé brota como uma esperança nas mãos das rezadeiras (ou benzedeiras, como também são conhecidas). E a luta pela terra de Severino segue no Nordeste.
Este é o segundo capítulo da série em que o UOL percorre o roteiro dos personagens retratados por João Cabral.
Desde que estou retirando/ só a morte vejo ativa,/ só a morte deparei/ e às vezes até festiva;/ só a morte tem encontrado/ quem pensava encontrar vida,/ e o pouco que não foi morte/ foi de vida severina/ (aquela vida que é menos/ vivida que defendida,/ e é ainda mais severina/ para o homem que retira)
Como aqui a morte é tanta,/ só é possível trabalhar/ nessas profissões que fazem/ da morte ofício ou bazar./ Imagine que outra gente/ de profissão similar,/ farmacêuticos, coveiros,/ doutor de anel no anular,/ remando contra a corrente/ da gente que baixa ao mar,/ retirantes às avessas,/ sobem do mar para cá/ Só os roçados da morte/ compensam aqui cultivar,/ e cultivá-los é fácil:/ simples questão de plantar;/ não se precisa de limpa,/ de adubar nem de regar;/ as estiagens e as pragas/ fazem-nos mais prosperar;/ e dão lucro imediato;/ nem é preciso esperar/ pela colheita: recebe-se/ na hora mesma de semear
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