
Pra que tanta energia?
Bitcoins podem ser adquiridos de duas formas: por meio de transações monetárias, trocando dólares, reais ou outros tipos de moeda pela criptomoeda, ou tentando pegar suas próprias unidades, no que é conhecido como mineração.
O bafafá sobre os altos e baixos do valor do bitcoin tem dominado o noticiário, mas existem um outro debate sério envolvendo as criptomoedas: elas vão destruir o meio ambiente?
Embora já exista há quase dez anos, a moeda virtual ficou popular entre os investidores nos últimos meses, por gerar ganhos rápidos e expressivos, o que disparou o alarme para o exagerado consumo energético envolvendo a mineração.
Até julho de 2019, a rede de bitcoin precisará de mais eletricidade do que todos os EUA usam atualmente. Até fevereiro de 2020, ela usará o mesmo nível de eletricidade que o mundo inteiro usa hoje
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Bitcoins podem ser adquiridos de duas formas: por meio de transações monetárias, trocando dólares, reais ou outros tipos de moeda pela criptomoeda, ou tentando pegar suas próprias unidades, no que é conhecido como mineração.
A mineração usa computadores para resolver uma equação complexa. Quando o problema é solucionado, o usuário recebe uma criptomoeda, que entra no chamado blockchain, registro que mantém todas as transações feitas pelo sistema desde seu início.
Com o passar do tempo, a equação vai se tornando cada vez mais complexa, e o processo de mineração mais demorado. Mas entusiastas de bitcoin, claro, encontraram formas cada vez mais eficientes de aumentar a geração de moedas.
Primeiro, os mineradores substituíram os processadores por placas gráficas, que têm capacidade maior para realizar as equações.
Depois, criaram máquinas dedicadas especialmente para a mineração.
O problema é que estas máquinas gastam uma quantidade absurda de eletricidade, não só porque componentes como placas gráficas consomem muita energia quando usadas a toda potência, mas porque é preciso mantê-los constantemente ligados para que o processo de mineração aconteça.
A preocupação não é nova. Sites de notícias como Bloomberg e Gizmodo fizeram alertas em 2013, quando a mineração ainda estava na casa de mil megawatt/hora --ou metade do necessário para ativar o Grande Colisor de Hádrons.
Mas agora, de acordo com estimativas do site Digiconomist, o consumo de energia envolvendo o bitcoin está perto de 12,5 mil megawatt/hora, comparável a todo o gasto energético de um país como o Iraque.
Analistas do banco Morgan Stanley chegaram a dizer que os mineradores usariam até 140 terawatts-hora de eletricidade em 2018, volume que representa quase 1% da demanda global e é suficiente para desviar a atenção dos carros elétricos como nova e explosiva fonte de consumo de energia.
Para se ter uma ideia, Alex de Vries, responsável pela página e especialista no assunto, explica que uma transação da criptomoeda gera 80 mil vezes a eletricidade envolvida em passar o cartão de crédito.
Compensa o gasto energético adicional? Acredito que, para a maioria das pessoas, não
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Embora os dados e previsões de Holthaus e da Digiconomist sejam fonte de bastante preocupação, nem todos acreditam que a mineração de bitcoin destruirá o planeta.
O grupo Credit Suisse, por exemplo, acha que é bem possível que os criativos mineradores encontrem formas mais sustentáveis de gerar novas unidades de bitcoins. O banco de investimento lembrou que também havia preocupações de gasto indevido de energia com produtores de maconha legalizada e operações de centros de dados, mas que alternativas foram descobertas para diminuir o impacto ambiental em ambos os casos.
Há também uma questão econômica: 2017 levou a uma espécie de "febre do ouro", o que aumentou o número de investidores e computadores usados. Agora que o valor da criptomoeda começou a cair, vai rolar um abandono e gasto energético também vai diminuir significativamente.
Ainda assim, é preciso ficar atento com a evolução e o impacto global do bitcoin, já que as reservas de novas unidades da criptomoeda devem durar até 2032.