"Foi uma semana de tensão. Eu fui sorteado para o exame anti-doping no jogo contra o Universidad Católica, no Morumbi, final da Libertadores. E, logo depois, fiz de novo em um jogo das Eliminatórias, na Bolívia. Na mesma semana, dois exames. Já na outra, na Venezuela, fui sorteado de novo. Até brincava que minha bolinha estava fria. Foi uma coincidência muito grande.
Só que, quando chegamos na Bolívia para esse primeiro jogo com a seleção, eu fui dividir quarto com o Taffarel. Ele ia tomar chimarrão e eu resolvi acompanhar com um chá que tinha no hotel. Era chá de folha de coca, tinha em todos os quartos. Depois, no café da manhã, eles serviram e eu tomei de novo.
Aí, já na Venezuela, um repórter que eu gostava muito me procurou e falou: 'Zetti, você tomou chá de folha de coca? Tenho uma notícia para te dar'. Eu falei que tinha tomado, naturalmente, porque era algo comum nas viagens, não era algo proibido. Então ele me contou que o exame anti-doping feito lá na Bolívia mesmo tinha acusado vestígio de cocaína.
A notícia correu rápido. Cheguei na diretoria da CBF, liguei para explicar a meus parentes... Foi muito tenso. A CBF optou por não pedir contra-prova, porque se desse novamente o vestígio, eu poderia me prejudicar. Eles optaram por mostrar os exames que eu tinha feito anteriormente e tinha passado sem problemas. Isso provava que eu não usava drogas. A partir disso, muita gente passou a testar o chá de coca para ver se realmente caía como doping, o que foi comprovado e, depois, proibido de vez pela Fifa".