Desde que o Brasileirão pôs em prática seu atual regulamento (pontos corridos, 20 clubes), nunca um líder com um mínimo de cinco pontos de diferença para o vice perdeu o título a seis rodadas do final. Disputados 32 jogos, o Palmeiras agora sustenta precisamente essa vantagem na dianteira do campeonato.
Foi muito mais na base da emoção depois da queda pela Libertadores que o time bateu o Santos por 3 a 2 no sábado. Luis Felipe Scolari depois viu, no domingo, mais um par de jogos dramáticos, cujos resultados trocaram o perseguidor mais próximo. Agora estamos falando do Internacional, que sofreu para derrotar os reservas do Atlético-PR por 2 a 1, de virada, com um pênalti duvidoso. O Flamengo ficou para trás, em terceiro, por ter empatado com o São Paulo por 2 a 2, com mais posse de bola, o triplo de finalizações e muitos gols perdidos.
Os cinco pontos que separam o Palmeiras do Inter ao final da 32ª rodada se replicaram em outras duas ocasiões: em 2014, entre Cruzeiro e São Paulo, e em 2006, entre São Paulo e o próprio time colorado. Ao final, o Cruzeiro abriu dez pontos rumo ao bicampeonato, enquanto o São Paulo iniciou a jornada de seu tricampeonato com nove pontos de folga. Detalhe: Felipão agora tem luxuoso elenco totalmente concentrado na competição, e o tempo corre a seu favor.
Edição mais emocionante neste formato, o Brasileirão de 2009 de todo modo pede um asterisco que o palmeirense vai recordar: seu time tinha a essa altura dois pontos de vantagem sobre o São Paulo, que estava em segundo, mas o campeão foi o Flamengo. Na ocasião, a equipe rubro-negra estava na sexta posição, coincidentemente seis pontos atrás do líder. Em termos de retrospecto de um campeonato geralmente imprevisível em seu início, mas pouco afeito a viradas em sua reta final, essa arrancada foi tão incrível como improvável.
O volante dominou o meio-campo. Desarmou, salvou bolas que pareciam perdidas e articulou a saída de bola
Imagem: Marcello Zambrana/AGIF
Sabe daquelas estreias para lembrar? O garoto de 18 anos marcou um golaço contra o Fla em sua primeira como profissional no Morumbi
Imagem: REUTERS/Paulo Whitaker
Fez o gol da vitória sobre o Atlético-MG e, como de praxe, foi seguro na contenção. Em um lance, afastou a bola praticamente em cima da linha
Imagem: LUCAS UEBEL/GREMIO FBPA
Incisivo, o atacante partiu para cima e criou as melhores chances na vitória sobre o Corinthians. Quase abriu o placar no começo de jogo
Imagem: VITOR SILVA/SSPRESS/BOTAFOGO
Conhecido pela regularidade, o volante colombiano fez partida abaixo da média: deu espaços em contra-ataques e errou passes mesmo livre
Imagem: Marcello Zambrana/AGIF
Tentou sair jogando pelo meio, adiantou demais a bola e viu o Atlético-PR na sequência, complicando muito seu time, que buscou a virada
Imagem: Ricardo Duarte/SC Inter
Mais um jogo apagado. Sem gols em outubro, o veterano não aproveitou suas chances e foi vaiado quando substituído
Imagem: Pedro Vale/AGIF
O garoto mal pegou na bola contra o Palmeiras e, quando acionado, foi anulado. Acabou sacado no intervalo e viu sua equipe crescer
Imagem: Ivan Storti/Santos FCSem entrevista! Vão para o inferno!
![]()
O Deyverson tem alguma chavezinha ali que não funciona. Para vocês é ótimo, para mim é um inferno. Então, se não puderem me ajudar, vou tomar outra atitude
![]()
Nada está definido. Não dá para entregar os pontos. A equipe tem se mostrado vibrante, aguerrida
![]()
Temos mais seis guerras pela frente. Precisávamos manter essa invencibilidade em casa
![]()
Sempre nós, jogadores, temos que justificar. Não tinha por que me jogar. Para que serve o árbitro atrás do gol? Foi pênalti, claro, eu estava na bola. É ridículo, ridículo
ler mais![]()
Raul Pereira/Fotoarena/Estadão Conteúdo A temporada brasileira é longa, bem longa. Para termos uma ideia, o Boca Juniors chegou ao embate com o Palmeiras pela semifinal da Libertadres com 21 jogos a menos que o líder do Brasileirão em 2018. O calendário com excesso de jogos está entre as principais causas para aquilo que se considera um baixo nível de qualidade do campeonato, assim como é propício para o acúmulo de lesões para os 20 times da elite nacional.
Mas há outros efeitos colaterais, como o estresse na administração dos elencos. O que não deixa de ser contraditório: afinal, se há mais jogos do que o aceitável, comparando com outras federações tradicionais, então deveria haver mais espaço para um rodízio de atletas. E, se houver um rodízio, as chances de rusgas entre técnicos e jogadores deveria ser menor. Mas sabemos que as coisas funcionam de um modo completamente diferente por aqui.
Que o digam o meia Nenê e o uruguaio Diego Aguirre. Irritado após ter assistido do banco ao empate com o Flamengo, o veterano meia saiu praticamente correndo do Morumbi. Não esperou nem mesmo o retorno do restante do elenco ao vestiário. Se ouviu a notícia ainda no estádio de seu antigo clube, Dorival Júnior talvez pudesse se solidarizar com Aguirre, seu sucessor no cargo: na Gávea, o choque com o goleiro Diego Alves já teve consequências mais graves.
Ainda neste domingo, enquanto o Inter sofria para virar contra o Atlético-PR, o técnico Odair Hellmann teve de aturar um gesto de insatisfação de Leandro Damião quando decidiu tirar o centroavante de jogo. O atacante ainda se desculpou em campo, todavia. É interessante notar que esses três casos envolvem times bem posicionados, na zona de classificação para a Libertadores. Há muita gente de cabeça quente nesta reta final, não importando o sucesso de suas equipes.
O Flamengo ainda acredita no título. Faltam seis rodadas. Muita coisa pode acontecer. Mas a missão poderia ser menos complicada se alguns de seus principais jogadores tivessem mantido a calma à frente do gol nas últimas duas rodadas. Depois de Paquetá desperdiçar grande chance no confronto direto contra o Palmeiras na rodada passada, agora foi a vez de Uribe e Vitinho desperdiçarem chances claríssimas de gol contra o São Paulo.
O rubro-negro que se apegar a esses lances vai se remoer, fazer as contas e imaginar que o time talvez pudesse estar apenas um ponto atrás do líder. Os cálculos: duas vitórias nessas duas rodadas renderiam quatro pontos a mais, enquanto o rival teria um ponto subtraído. O mesmo rubro-negro adora dizer que, se a concorrência deixar seu time chegar, encostar, fica difícil de segurar. Neste campeonato, porém, suas próprias falhas vêm freando qualquer tentativa de arrancada.
É claro que o torcedor palmeirense certamente pode levantar a mão e acusar um ou outro lance de falta de sorte e pontaria ou qualquer interferência da arbitragem para dizer que a conta não seria exatamente essa. Na verdade, o torcedor de qualquer time do Brasileirão poderia seguir o mesmo raciocínio. Mas o fato é que o trio flamenguista falhou em jogos realmente decisivos, considerando a urgência do time. Relembremos:
Se os gols perdidos pelo Flamengo no Morumbi não bastassem, o atacante Edigar Junio, do Bahia, também flertou com o inacreditável. Num momento de pressão para cima da Chapecoense no início da partida, o meia Gregore arriscou chute forte de longe, e o goleiro Jandrei deu rebote. A bola veio na medida para Edigar, que... não caprichou, digamos. Ele ao menos pôde respirar tranquilamente na saída da Fonte Nova sabendo que o Bahia venceu o jogo por 1 a 0, com gol de Elber, para se distanciar momentaneamente da zona do rebaixamento:
Sabe esse papo de que, hoje em dia no Brasil, o torcedor mais fanático não ligaria para mais nada além de seu próprio time? Tirem dessa história a garotada palmeirense que estava a postos nos túneis do Allianz Parque, à espera dos jogadores do time da casa --e também dos adversários. Ou, pelo menos, de Gabriel Barbosa, o Gabigol. Os gritos pelo artilheiro do Brasileirão, com 16 gols marcados, foram constantes. Até que o jogador, depois de amarrar as chuteiras, partiu na direção do grupo para cumprimentá-los. Cena muito legal de bastidor:
A idolatria que supera qualquer rivalidade! #PALxSAN@gabigol ? pic.twitter.com/
— Santos Futebol Clube (@SantosFC) 3 de novembro de 2018
Reinaldo Canato /UOL Durante a transmissão de Botafogo x Corinthians, o narrador Cléber Machado acabou "traído" pela volta do intervalo na Globo.
Logo após o primeiro intervalo comercial do "Show do Intervalo", a emissora entrou antes do que devia com imagens da equipe na cabine do estádio Nilton Santos, no Rio. O narrador estava soltando a voz, cantando a seguinte letra: "Não estou acreditando no que me aconteceu". Esse é um trecho da composição "Impossível Acreditar que Perdi Você", de Márcio Greyck, que já teve fama em versões interpretadas por Fábio Júnior e Wilson Simonal, entre tantos.
Avisado de que estava no ar, reagiu rapidamente, como se nada tivesse acontecido, dando sequência aos trabalhos. Resta saber se a cantoria continuou depois de o clipe com os gols na rodada ser transmitido.