Alguém pega?

Palmeiras abre 5 pontos na ponta, diferença que nenhum vice-líder já tirou a 6 rodadas do fim

Alexandre Schneider/Getty Images

Desde que o Brasileirão pôs em prática seu atual regulamento (pontos corridos, 20 clubes), nunca um líder com um mínimo de cinco pontos de diferença para o vice perdeu o título a seis rodadas do final. Disputados 32 jogos, o Palmeiras agora sustenta precisamente essa vantagem na dianteira do campeonato. 

Foi muito mais na base da emoção depois da queda pela Libertadores que o time bateu o Santos por 3 a 2 no sábado. Luis Felipe Scolari depois viu, no domingo, mais um par de jogos dramáticos, cujos resultados trocaram o perseguidor mais próximo. Agora estamos falando do Internacional, que sofreu para derrotar os reservas do Atlético-PR por 2 a 1, de virada, com um pênalti duvidoso. O Flamengo ficou para trás, em terceiro, por ter empatado com o São Paulo por 2 a 2, com mais posse de bola, o triplo de finalizações e muitos gols perdidos. 

Os cinco pontos que separam o Palmeiras do Inter ao final da 32ª rodada se replicaram em outras duas ocasiões: em 2014, entre Cruzeiro e São Paulo, e em 2006, entre São Paulo e o próprio time colorado. Ao final, o Cruzeiro abriu dez pontos rumo ao bicampeonato, enquanto o São Paulo iniciou a jornada de seu tricampeonato com nove pontos de folga. Detalhe: Felipão agora tem luxuoso elenco totalmente concentrado na competição, e o tempo corre a seu favor. 

Edição mais emocionante neste formato, o Brasileirão de 2009 de todo modo pede um asterisco que o palmeirense vai recordar: seu time tinha a essa altura dois pontos de vantagem sobre o São Paulo, que estava em segundo, mas o campeão foi o Flamengo. Na ocasião, a equipe rubro-negra estava na sexta posição, coincidentemente seis pontos atrás do líder. Em termos de retrospecto de um campeonato geralmente imprevisível em seu início, mas pouco afeito a viradas em sua reta final, essa arrancada foi tão incrível como improvável.

Assista aos gols da rodada

Foram bem

  • Thiago Santos (Palmeiras)

    O volante dominou o meio-campo. Desarmou, salvou bolas que pareciam perdidas e articulou a saída de bola

    Imagem: Marcello Zambrana/AGIF
  • Helinho (São Paulo)

    Sabe daquelas estreias para lembrar? O garoto de 18 anos marcou um golaço contra o Fla em sua primeira como profissional no Morumbi

    Imagem: REUTERS/Paulo Whitaker
  • Geromel (Grêmio)

    Fez o gol da vitória sobre o Atlético-MG e, como de praxe, foi seguro na contenção. Em um lance, afastou a bola praticamente em cima da linha

    Imagem: LUCAS UEBEL/GREMIO FBPA
  • Erik (Botafogo)

    Incisivo, o atacante partiu para cima e criou as melhores chances na vitória sobre o Corinthians. Quase abriu o placar no começo de jogo

    Imagem: VITOR SILVA/SSPRESS/BOTAFOGO

Foram mal

  • Cuellar (Flamengo)

    Conhecido pela regularidade, o volante colombiano fez partida abaixo da média: deu espaços em contra-ataques e errou passes mesmo livre

    Imagem: Marcello Zambrana/AGIF
  • Patrick (Internacional)

    Tentou sair jogando pelo meio, adiantou demais a bola e viu o Atlético-PR na sequência, complicando muito seu time, que buscou a virada

    Imagem: Ricardo Duarte/SC Inter
  • Ricardo Oliveira (Atlético-MG)

    Mais um jogo apagado. Sem gols em outubro, o veterano não aproveitou suas chances e foi vaiado quando substituído

    Imagem: Pedro Vale/AGIF
  • Rodrygo (Santos)

    O garoto mal pegou na bola contra o Palmeiras e, quando acionado, foi anulado. Acabou sacado no intervalo e viu sua equipe crescer

    Imagem: Ivan Storti/Santos FC

Frases da rodada

Sem entrevista! Vão para o inferno!

Felipão

Felipão, proibindo Deyverson de falar, antes de insinuar restrições aos jornalistas caso insistissem em buscar o atleta:

O Deyverson tem alguma chavezinha ali que não funciona. Para vocês é ótimo, para mim é um inferno. Então, se não puderem me ajudar, vou tomar outra atitude

Felipão

Felipão, ainda ele

Nada está definido. Não dá para entregar os pontos. A equipe tem se mostrado vibrante, aguerrida

Dorival Júnior

Dorival Júnior, técnico do Flamengo, tentando manter certo otimismo

Temos mais seis guerras pela frente. Precisávamos manter essa invencibilidade em casa

William Pottker

William Pottker, atacante do Inter, que ainda não perdeu em casa

Sempre nós, jogadores, temos que justificar. Não tinha por que me jogar. Para que serve o árbitro atrás do gol? Foi pênalti, claro, eu estava na bola. É ridículo, ridículo
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Roger

Roger, atacante do Corinthians, irado com o árbitro Leandro Vuaden, reclamando de lance em derrota para o Botafogo

Lucas Uebel/Getty Images Lucas Uebel/Getty Images
Alexandre Schneider/Getty Images Alexandre Schneider/Getty Images
Raul Pereira/Fotoarena/Estadão Conteúdo Raul Pereira/Fotoarena/Estadão Conteúdo

No limite

A temporada brasileira é longa, bem longa. Para termos uma ideia, o Boca Juniors chegou ao embate com o Palmeiras pela semifinal da Libertadres com 21 jogos a menos que o líder do Brasileirão em 2018. O calendário com excesso de jogos está entre as principais causas para aquilo que se considera um baixo nível de qualidade do campeonato, assim como é propício para o acúmulo de lesões para os 20 times da elite nacional.

Mas há outros efeitos colaterais, como o estresse na administração dos elencos. O que não deixa de ser contraditório: afinal, se há mais jogos do que o aceitável, comparando com outras federações tradicionais, então deveria haver mais espaço para um rodízio de atletas. E, se houver um rodízio, as chances de rusgas entre técnicos e jogadores deveria ser menor. Mas sabemos que as coisas funcionam de um modo completamente diferente por aqui. 

Que o digam o meia Nenê e o uruguaio Diego Aguirre. Irritado após ter assistido do banco ao empate com o Flamengo, o veterano meia saiu praticamente correndo do Morumbi. Não esperou nem mesmo o retorno do restante do elenco ao vestiário. Se ouviu a notícia ainda no estádio de seu antigo clube, Dorival Júnior talvez pudesse se solidarizar com Aguirre, seu sucessor no cargo: na Gávea, o choque com o goleiro Diego Alves já teve consequências mais graves. 

Ainda neste domingo, enquanto o Inter sofria para virar contra o Atlético-PR, o técnico Odair Hellmann teve de aturar um gesto de insatisfação de Leandro Damião quando decidiu tirar o centroavante de jogo. O atacante ainda se desculpou em campo, todavia. É interessante notar que esses três casos envolvem times bem posicionados, na zona de classificação para a Libertadores. Há muita gente de cabeça quente nesta reta final, não importando o sucesso de suas equipes.

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Não deixaram chegar

O Flamengo ainda acredita no título. Faltam seis rodadas. Muita coisa pode acontecer. Mas a missão poderia ser menos complicada se alguns de seus principais jogadores tivessem mantido a calma à frente do gol nas últimas duas rodadas. Depois de Paquetá desperdiçar grande chance no confronto direto contra o Palmeiras na rodada passada, agora foi a vez de Uribe e Vitinho desperdiçarem chances claríssimas de gol contra o São Paulo. 

O rubro-negro que se apegar a esses lances vai se remoer, fazer as contas e imaginar que o time talvez pudesse estar apenas um ponto atrás do líder. Os cálculos: duas vitórias nessas duas rodadas renderiam quatro pontos a mais, enquanto o rival teria um ponto subtraído. O mesmo rubro-negro adora dizer que, se a concorrência deixar seu time chegar, encostar, fica difícil de segurar. Neste campeonato, porém, suas próprias falhas vêm freando qualquer tentativa de arrancada. 

É claro que o torcedor palmeirense certamente pode levantar a mão e acusar um ou outro lance de falta de sorte e pontaria ou qualquer interferência da arbitragem para dizer que a conta não seria exatamente essa. Na verdade, o torcedor de qualquer time do Brasileirão poderia seguir o mesmo raciocínio. Mas o fato é que o trio flamenguista falhou em jogos realmente decisivos, considerando a urgência do time. Relembremos:

Vitinho perde chance no final:

Uribe fez o dele, mas depois...

E aquele gol perdido por Paquetá:

Quer mais?

Se os gols perdidos pelo Flamengo no Morumbi não bastassem, o atacante Edigar Junio, do Bahia, também flertou com o inacreditável. Num momento de pressão para cima da Chapecoense no início da partida, o meia Gregore arriscou chute forte de longe, e o goleiro Jandrei deu rebote. A bola veio na medida para Edigar, que... não caprichou, digamos. Ele ao menos pôde respirar tranquilamente na saída da Fonte Nova sabendo que o Bahia venceu o jogo por 1 a 0, com gol de Elber, para se distanciar momentaneamente da zona do rebaixamento:

Classificação: livre

Sabe esse papo de que, hoje em dia no Brasil, o torcedor mais fanático não ligaria para mais nada além de seu próprio time? Tirem dessa história a garotada palmeirense que estava a postos nos túneis do Allianz Parque, à espera dos jogadores do time da casa --e também dos adversários. Ou, pelo menos, de Gabriel Barbosa, o Gabigol. Os gritos pelo artilheiro do Brasileirão, com 16 gols marcados, foram constantes. Até que o jogador, depois de amarrar as chuteiras, partiu na direção do grupo para cumprimentá-los. Cena muito legal de bastidor:

Reinaldo Canato /UOL Reinaldo Canato /UOL

Vê TV: um popstar

Durante a transmissão de Botafogo x Corinthians, o narrador Cléber Machado acabou "traído" pela volta do intervalo na Globo.

Logo após o primeiro intervalo comercial do "Show do Intervalo", a emissora entrou antes do que devia com imagens da equipe na cabine do estádio Nilton Santos, no Rio. O narrador estava soltando a voz, cantando a seguinte letra: "Não estou acreditando no que me aconteceu". Esse é um trecho da composição "Impossível Acreditar que Perdi Você", de Márcio Greyck, que já teve fama em versões interpretadas por Fábio Júnior e Wilson Simonal, entre tantos. 

Avisado de que estava no ar, reagiu rapidamente, como se nada tivesse acontecido, dando sequência aos trabalhos. Resta saber se a cantoria continuou depois de o clipe com os gols na rodada ser transmitido. 

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