O AirBit Club (airbitclub-br.com/) se auto intitula como o maior clube de investimento em bitcoins do mundo. A empresa afirma ter sede no Panamá, um conhecido paraíso fiscal. No Brasil, "consultores" de investimento fazem o papel de representantes do AirBit, que não tem escritório no país. Eles agem principalmente no Rio Grande do Sul e na Grande São Paulo.
Os consultores oferecem "pacotes" de investimento que vão de US$ 250 até US$ 63 mil. O dinheiro é depositado na conta pessoal do consultor, que fica responsável por fazer a troca por bitcoins e o envio para o AirBit Club no Panamá.
Segundo o site do AirBit Club, os ganhos da empresa são gerados a partir de operações de arbitragem na compra e venda de bitcoins nas principais plataformas de negociação em todo o mundo. As promessas de retorno variam de 40% a 140%, dependendo do tamanho do investimento. E quanto mais amigos levar para o clube, maior também será a participação nos bônus e premiações.
"Arbitragem é uma operação em que o ganho geralmente é da ordem de centavos. Você precisa ter uma equipe especializada e uma estrutura grande para tornar o negócio viável. É algo que, normalmente, só os grandes bancos têm. Não é razoável acreditar que um grupo de pessoas consiga tirar um lucro tão grande fazendo arbitragem", afirma o professor Alan De Genaro, da FEA/USP.
Ele chama atenção ainda para o fato de o AirBit Club estar sediado fora do Brasil. "Se, de fato, eles estiverem no Panamá, será muito mais difícil para o investidor reclamar e receber seu dinheiro de volta, caso aconteça algum problema. Não adianta recorrer à Justiça brasileira."
Nas redes sociais e no site Reclame Aqui, há reclamações de investidores que não conseguiram sacar os valores aplicados ou que sofreram algum tipo de desconto, não informado previamente, para realizar o saque.
"Esse é um problema típico de pirâmides financeiras. As regras para retirar o dinheiro nunca são claras. E a chance de a pessoa não conseguir reaver o valor aplicado é grande", diz o professor da FEA/SP.