Foi nessa época que conheceu, pelo Facebook, o seu atual sócio. "Ele já era um negociante de bitcoins, o que a gente chama no mercado de 'Peer to Peer' ou 'P2P'. Comprava a moeda de uma corretora e depois revendia para outras pessoas com ágio [lucro]. Assim como eu, ele também tinha dificuldade para operar nas corretoras. Daí pensamos: por que não abrir a nossa própria corretora?"
Apesar do interesse pelo bitcoin, Guto não tinha muita intimidade com a área de tecnologia na época. "Minha formação era na área mecânica." Canhada, por sua vez, era formado em administração.
Além da falta de conhecimento técnico, os dois jovens também precisavam vencer outro desafio: arranjar dinheiro para a nova empreitada.
"Conquistamos dois investidores-anjo, o Felipe Trovão e o Marcos Henrique. Conhecemos eles através do mesmo grupo do Facebook de que eu o Canhada participávamos. Cada um investiu R$ 25 mil e, a partir daí, conseguimos abrir a empresa", conta Guto.
A questão tecnológica foi resolvida por meio de uma parceria com a BlinkTrade, empresa americana especializada em fornecer plataformas para negociação de bitcoins. No final de 2014, a Foxbit iniciou suas operações.
Talvez o lado mais curioso da nossa história é que nós só viemos a nos conhecer pessoalmente alguns dias antes de a empresa entrar no ar. Até então, a gente só se falava e combinava tudo a distância, pela internet. Eu sou de Pompeia e o Canhada é de Mogi-Guaçu [ambas as cidades no interior de São Paulo].
Guto Schiavon, fundador da Foxbit
Da garagem para escritório em São Paulo
Ele conta que a Foxbit funcionou como uma "startup de garagem" por alguns meses ao longo de 2015. "Cada um trabalhava da sua casa. Não tínhamos grana ainda para morar em São Paulo e bancar as despesas de um escritório."
O salto profissional da empresa aconteceu na metade de 2015, quando conheceram Bernardo Faria. "O Bernardo já tinha experiência no mercado financeiro e como empreendedor. Tinha montado a Acesso Card.”
O executivo tornou-se sócio da Foxbit após fazer um investimento de cerca de R$ 400 mil, o que permitiu à corretora finalmente alugar uma sala em São Paulo para que seus cinco sócios trabalhassem juntos. Mas o espaço ficou pequeno rapidamente.
Terminamos 2016 com os cinco sócios e quatro funcionários. Hoje temos 60 funcionários e ocupamos um andar inteiro. E, no ritmo que as coisas estão andando, acredito que vamos começar 2018 com quase 100 pessoas trabalhando aqui.
Guto Schiavon, fundador da Foxbit
Além da necessidade de priorizar o atendimento ao público, a Foxbit teve que montar áreas como qualquer grande empresa financeira: controladoria, marketing, tecnologia e "backoffice" (responsável por cuidar dos cadastros e monitorar a operação da corretora).
Pico de R$ 110 milhões em 29 de novembro
Os números realmente impressionam. O volume financeiro negociado com bitcoins saltou de R$ 1 milhão, em janeiro deste ano, para R$ 30 milhões, em novembro. "Tivemos um pico de R$ 110 milhões no dia 29 de novembro, quando o preço do bitcoin rompeu os US$ 10 mil."
A quantidade de clientes já passou da casa dos 200 mil. Os dois jovens do interior de São Paulo e seus três sócios faturaram R$ 1 milhão em 2016. Neste ano, a cifra deve superar os R$ 10 milhões.
Os próximos passos da Foxbit serão, além de dar conta do crescimento meteórico, oferecer novas moedas virtuais, promover eventos e outras ações de educação para explicar o que é o bitcoin e como investir.
Estamos montando um time de 'embaixadores' pelo país. São pessoas que ajudarão a divulgar o bitcoin nas faculdades e em outras cidades.
Guto Schiavon, fundador da Foxbit