
O rio Capibaribe tem uma pequena nascente, na zona rural de Poção, em Pernambuco, mas já vizinho à Paraíba.
De lá, a água não brota pelo curso do rio, exceto em chuvas grandes --o que não ocorre desde 2010.
Seco, o rio se torna intermitente até o município de Limoeiro, onde recebe água de outros riachos e corre até ganhar força até o Recife.
Agora você vai conhecer histórias e belezas do rio que Severino segue na obra de João Cabral de Melo Neto.
Este capítulo encerra a série em que o UOL refez, mais de seis décadas depois, o roteiro retratado no livro "Morte e Vida Severina".
Bem me diziam que a terra/ se faz mais branda e macia/ quando mais do litoral/ a viagem se aproxima./ Agora afinal cheguei/ nesta terra que diziam./ Como ela é uma terra doce/ para os pés e para a vista./ Os rios que correm aqui/ têm a água vitalícia./ Cacimbas por todo lado;/ cavando o chão, água mina./ Vejo agora que é verdade/ o que pensei ser mentira./ Quem sabe se nesta terra/ não plantarei minha sina?
Agora é que compreendo/ porque em paragens tão ricas/ o rio não corta em poços/ como ele faz na caatinga:/ vivi a fugir dos remansos/ a que a paisagem o convida,/ com medo de se deter/ grande que seja a fadiga./ Sim, o melhor é apressar/ o fim desta ladainha,/ o fim do rosário de nomes/ que a linha do rio enfia;/ é chegar logo ao Recife,/ derradeira ave-maria/ do rosário, derradeira/ invocação da ladainha,/ Recife, onde o rio some/ e esta minha viagem se fina.