Cartão sem anuidade

Conheça opções de cartão de crédito que prometem anuidade zero e veja se vale a pena mudar o seu

Téo Takar Colaboração para o UOL, em São Paulo
Getty Images
iStock iStock

Se você tem cartão de crédito, provavelmente já reclamou alguma vez com o banco ou administradora do valor da anuidade. As cobranças variam da casa dos R$ 100, para os cartões mais simples, a R$ 600 por ano, para produtos com mais benefícios.

Nos últimos anos, porém, a chegada das fintechs ao mercado aqueceu a concorrência e levou grandes bancos a aumentarem a oferta de cartões que não cobram taxas.

Entenda o que está por trás desse movimento e conheça as vantagens e as "pegadinhas" dos cartões que prometem anuidade zero para o consumidor (mas, às vezes, escondem a cobrança de outras tarifas).

Getty Images/iStockphoto/3dts Getty Images/iStockphoto/3dts

Concorrência das fintechs mexeu com os bancos

Em setembro de 2014, a fintech (empresa de tecnologia financeira) Nubank lançou seu cartão sem anuidade com a promessa de serviço enxuto e atendimento sem burocracia. Atualmente, o cartão da empresa tem mais de 3 milhões de clientes.

Os grandes bancos sentiram o peso da concorrência e decidiram se mexer para não perder terreno. Bradesco e Banco do Brasil se juntaram por meio do banco BCSS e passaram a oferecer, no fim de 2016, o cartão Digio. O BB oferece ainda outros dois cartões sem anuidade, em parceria com a Petrobras e com a rede de livrarias Saraiva.

O Itaú Unibanco lançou no fim de 2017 o Credicard Zero. Em apenas uma semana, o produto registrou cerca de 200 mil cadastros.

O Santander é o único dos grandes bancos que já possuía, desde 2007, um cartão sem anuidade, o Santander Free, com bandeira Mastercard. Porém, a isenção de anuidade tem algumas restrições (leia mais abaixo).

Getty Images/iStockphoto Getty Images/iStockphoto

Tecnologia ajudou a baixar custos

Os grandes bancos afirmam que só foi possível oferecer cartões com anuidade zero graças aos avanços tecnológicos. Assim como o Nubank, os cartões Digio e Credicard Zero usam aplicativos de celular para facilitar o relacionamento com o cliente e, principalmente, reduzir custos.

Em todos os casos, o pedido do cartão é feito por meio de cadastro na internet ou baixando um aplicativo.

Segundo Marcelo Kopel, diretor executivo de cartões e veículos do Itaú Unibanco, "a anuidade serve para cobrir custos, como a estrutura de uma central de atendimento telefônico 24 horas".

"O cliente que deseja um cartão com anuidade zero precisa estar disposto a abrir mão do atendimento tradicional, seja na agência ou pela central telefônica.

Marcelo Kopel, diretor do Itaú Unibanco

Sem fatura em papel

Outro corte de despesa foi com a emissão da fatura. Esqueça aquela versão em papel, enviada pelos Correios. Nos cartões com anuidade zero, os extratos são emitidos por meio do aplicativo, que também gera o código de barras para pagamento pela internet. Se quiser, o cliente pode optar por receber a fatura por e-mail e, então, imprimi-la em casa ou no escritório.

Getty Images/iStockphoto/manopjk Getty Images/iStockphoto/manopjk

Cuidado com outras tarifas

"Não cobrar anuidade não significa isenção de tarifas, que é o que nós vemos em muitas ofertas do mercado", afirma David Vélez, presidente e fundador da Nubank. 

No caso do Nubank, o único serviço opcional cobrado é o programa de recompensas ("rewards"), com mensalidade de R$ 19 (leia mais abaixo).

O Credicard Zero promete isenção de anuidade, mas cobra por outros serviços opcionais ou eventuais. Por exemplo, se você quiser receber um alerta por SMS cada vez que o cartão for usado, terá que desembolsar R$ 5,50 por mês. Se perder o cartão, uma segunda via custará R$ 9,90. Pedir crédito emergencial vai custar R$ 15.

O cartão Digio não cobra pela segunda via de cartão, mas se precisar de um limite de crédito extra, a tarifa também será extra, de R$ 4,99.

O Santander Free impõe algumas restrições para dar isenção de anuidade. Desde 2016, o banco mudou as regras do cartão e passou a exigir um gasto mínimo de R$ 100 por mês em compras no cartão. Caso contrário, o cliente paga uma mensalidade de R$ 29 (R$ 348 por ano).

O caso do Santander Free

Em dezembro, a associação de defesa do consumidor Proteste obteve uma liminar (decisão provisória) contra o Santander. A decisão, de acordo com a entidade, exigia que o Santander deixasse de cobrar anuidade de quem já era cliente do cartão Santander Free antes de 14 de março de 2017, desde que gastasse mensalmente qualquer valor na função crédito.

De acordo com a Proteste, o Santander pediu esclarecimentos à Justiça para a confirmação desta data e só poderá ser multado após a publicação da decisão em diário oficial, o que ainda não ocorreu.

Procurado pelo UOL, o banco informou que "não foi intimado sobre a referida decisão". 

Plano de benefícios compensa?

O programa de benefícios, também chamado de "rewards" (recompensas, em inglês), é um dos itens que mais encarecem os cartões de crédito. Em troca de uma cobrança de anuidade mais cara, os bancos permitem que cliente converta gastos em pontos, que depois podem ser trocados por milhagens em companhias aéreas, por eletrodomésticos ou outros produtos e serviços.

O consumidor deve avaliar, em cada caso, se o plano atende às suas necessidades, especialmente quando houver cobrança extra.

Veja opções de planos de benefícios

  • Banco do Brasil

    No cartão Saraiva, US$ 2 em despesas dão direito a 1 ponto em um programa de milhas aéreas, e R$ 10 gastos são convertidos em 1 ponto no Programa Saraiva Plus. Os pontos podem ser trocados por produtos vendidos pela rede de livrarias. Já clientes do cartão Petrobras podem participar do programa Premmia, que oferece desde descontos na fatura a passagens aéreas pela Azul. Os pontos de ambos os cartões valem por um ano.

  • Itaú Unibanco

    O Credicard Zero não tem plano de benefícios com acúmulo de pontos, mas possui parcerias com diversas empresas, como Uber, Decolar, Netshoes, Zattini, Magazine Luiza, Extra e Ponto Frio. Na Uber, por exemplo, a cada dez viagens pagas com o cartão, o cliente ganha uma viagem no valor de até R$ 20 (promoção válida até abril de 2018).

  • Nubank

    O programa de benefícios é opcional e tem mensalidade de R$ 19 ou anuidade de R$ 190. Cada R$ 1 gasto em compras é convertido em 1 ponto no programa. Os pontos nunca expiram. A Nubank só indica a adesão ao programa para aqueles clientes cujo gasto mensal no cartão seja superior a R$ 1.600. O cliente pode usar esses pontos para "apagar" despesas da sua fatura.

  • Santander

    Cliente do Santander Free pode participar do programa Santander Esfera sem custos extras. Cada R$ 5 em gastos no cartão dão direito a 1 ponto no programa. Os pontos acumulados podem ser trocados por produtos e serviços em lojas como Casas Bahia, Extra e Walmart. A validade dos pontos é de dois anos.

Getty Images/iStockphoto/Jane_Kelly Getty Images/iStockphoto/Jane_Kelly

Cartões com conta corrente

Os cartões com anuidade zero não estão restritos aos grandes bancos e à Nubank. Outras fintechs (empresas de tecnologia financeira) também estão de olho no segmento.

O Banco Inter (antigo Intermedium) lançou uma espécie de "combo" para seus clientes, que inclui conta corrente digital e cartão múltiplo (com funções débito e crédito), da bandeira Mastercard. Tanto a conta como o cartão não possuem tarifas. Porém, não é possível pedir apenas o cartão.

O banco Neon promete lançar no primeiro trimestre deste ano um cartão de crédito com a bandeira Visa. O cartão, assim como a conta corrente digital, deve ser isento de anuidade. Mas não será possível solicitar apenas o cartão. O cliente terá, necessariamente, que abrir conta no banco.

No sentido contrário, a Nubank lançou recentemente a NuConta, uma conta corrente digital. O serviço segue o mesmo modelo do cartão, ou seja, não cobra tarifas. Não é preciso ser cliente do cartão para abrir a conta. Porém, o serviço ainda tem limitações: não é possível fazer saques, por exemplo.

Curtiu? Compartilhe.

Topo