Uma Copa para esquecer

Seleção de super-heróis: Morte do avô e o 7 a 1 fizeram Marcelo perder o rumo e o controle da balança

Pessoas extraordinárias que unem seus talentos em torno de um grande objetivo comum. O roteiro básico de um blockbuster de super-heróis se aplica também à seleção. Na busca pelo hexa, o Brasil reuniu sua pequena legião de extraordinários. Que bom que, a caminho da Rússia, o país conseguiu o seu Nick Fury, personagem responsável por unir os poderosos Vingadores no universo Marvel.

Se hoje o Brasil tem outros protagonistas além de Neymar, a “culpa” é de Tite. A partir de 2016, quando assumiu o cargo, o então novo chefe apostou em um jovem Gabriel Jesus, buscou Paulinho no exílio da China, fez Coutinho finalmente explodir e resgatou Marcelo do limbo da Era Dunga.

Inspirado na história dos super-heróis, o UOL Esporte mergulhou na trajetória de cada um destes quatro personagens para contar a reviravolta que Tite promoveu.  De um jeito diferente, esta série de quatro capítulos se propõe a contar como Gabriel Jesus, Paulinho, Philippe Coutinho e Marcelo se transformaram em pilares da atual seleção.

A quarta e última história da série é a de Marcelo. O lateral perdeu o avô, maior incentivador da sua carreira, morrer dias antes de sua estreia na Copa do Mundo de 2014. Um gol contra e um 7 a 1 depois e ele perdeu o rumo da carreira e o controle da balança...

O vídeo que mostra a origem do “super-herói” é um roteiro lúdico de como Marcelo foi afetado por tudo que ocorreu em 2014 e perdeu espaço na seleção até ser resgatado por Tite. Na sequência, o UOL Esporte “decifra” a história do craque.

Uma morte dura às vésperas do maior desafio da carreira

Quando se preparava para ir à primeira Copa da carreira, em 2014, Marcelo foi apresentado pelo Jornal Nacional como “neto de seu Pedro”, seu avô e maior incentivador na carreira. Dias depois da exibição da reportagem, já na Granja Comary, concentrado para o Mundial, ele recebeu a notícia da morte do familiar, que lutava contra um câncer e não resistiu.

Anos mais tarde, em um texto pessoal escrito para o site Player’s Tribune, Marcelo falou do orgulho que sentiu pelo avô tê-lo visto, ao menos, conquistar a Liga dos Campeões de 2014, pelo Real Madrid, já em suas últimas semanas de vida. “Foi por causa dele que eu cheguei naquele pódio”, disse o lateral, que teria uma Copa para esquecer, com gol contra na abertura e participação importante no 7 a 1 que derrubaria o Brasil.

Carine Wallauer/UOL Carine Wallauer/UOL

Vetos na seleção foram uma constante na vida de Marcelo

Depois da Copa do Mundo de 2014, Marcelo perdeu espaço com Dunga. O treinador deixou de convocar o jogador por uma suposta lesão e se irritou ao vê-lo em campo pelo Real Madrid. Na leitura do capitão do tetra, faltou compromisso do lateral com a seleção, coisa que ele mesmo já havia identificado oito anos antes.

Em sua primeira passagem como treinador da seleção, Dunga se incomodou com a postura de Marcelo, então um jovem em ascensão, durante a Olimpíada de Pequim. A relação pessoal desgastada pesou para que ele fosse preterido por Michel Bastos e Gilberto na Copa do Mundo de 2010.

Mano Menezes, técnico do Brasil entre 2010 e 2012, também teve seus problemas com Marcelo. Em uma entrevista ao programa Bem, Amigos, o hoje comandante do Cruzeiro confirmou ter recebido um email do lateral, enviado a ele por engano, sinalizando que preferia jogar pelo clube espanhol a servir à seleção brasileira.

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Ligação de Tite reabriu as portas na seleção brasileira

Ciente dos problemas vividos pelos seus antecessores, Tite procurou Marcelo assim que assumiu a seleção. Queria saber se poderia contar com o lateral, referência técnica em sua posição. Ouviu que defender o Brasil sempre foi o grande objetivo da carreira e decidiu “zerar a conta” do jogador que, sob sua gestão, nunca mais daria qualquer tipo de problema. 

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Mais empenho no preparo fez camisa ficar "mais justa"

Marcelo não chegou a viver grandes problemas com o peso, mas, na visão da comissão técnica, o desempenho do lateral cresce bastante quando ele está em sua melhor forma física. No início da Era Tite, os auxiliares do treinador se empenharam em convencê-lo disso e a reação foi positiva.

Esforçado, Marcelo ficou com a camisa “mais justa”, nas palavras da comissão.

Tite se esforçou em criar conexão e espantou fantasmas

Ao tentar estabelecer uma conexão com Marcelo logo de cara, Tite ganhou a confiança do lateral, desde sempre uma referência técnica desta geração. A titularidade inquestionável casou com o melhor momento dele pelo Real Madrid, peça-chave do time que foi tricampeão europeu.

Na seleção, ele é a principal aposta do Brasil para associar-se com Neymar pela esquerda, em uma das combinações mais letais que o time pode oferecer. Com a ausência de Daniel Alves na direita, tende a ganhar ainda mais espaço como válvula de escape pelo lado do campo.

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