Rasgando a fantasia

Remenda, conserta, fixa! As escolas de São Paulo brilharam na avenida, mas os adereços deram trabalho

Do UOL, em São Paulo
Ricardo Matsukawa/UOL

Descuido, pressa, tamanho incorreto? Difícil ter certeza em relação aos motivos, mas a temporada 2018 do Carnaval do Grupo Especial de São Paulo também será lembrada pelos sucessivos dramas com fantasias.

Na manhã deste domingo, um problema com a saia da porta-bandeira Lais Moreira marcou o desfile da Unidos da Vila Maria. A vestimenta caiu logo na entrada da avenida e, apesar dos esforços dos integrantes da agremiação, não pôde ser consertada.

"A gente ficou apreensivo. Quando a gente entrou na faixa amarela, a roupa dela começou a despencar. Não tinha o que fazer", disse o mestre-sala Everson Sena, que cedeu uma parte da sua própria fantasia para cobrir as pernas da parceira.

Tarine Lopes, madrinha da escola X-9 Paulistana, que desfilava com uma pintura corporal em tons de verde, à frente do carro abre-alas, viu seu tapa-sexo descolar durante a passagem pelo Anhembi e teve que seguir segurando a peça.

"Aconteceu um imprevisto, meu tapa-sexo caiu, mas eu vim segurando, na medida do possível, vim com garra na frente do abre-alas", disse Tarine.

Na primeira noite de desfiles, a fantasia de Sheila Mello, rainha de bateria da Independente, arrebentou assim que ela pisou na avenida.

A rainha da bateria da Tucuruvi, Dani Albuquerque, levou um susto. A tira de uma de suas sandálias sotou e foi preciso ser consertada às pressas.

Gero Rodrigues/Estadão Conteúdo Gero Rodrigues/Estadão Conteúdo

Decepção

Não foi um final feliz para a porta-bandeira Lais Moreira, da Vila Maria. A solução encontrada pela escola para contornar o problema da fantasia foi efetuar a troca de porta-bandeira e pavilhão, que ficou a cargo do casal Bruno e Jéssica. Lais Moreira chegou ao final da avenida muito aplaudida e selou a participação com um beijo em Everson Sena. A porta-bandeira Lais Moreira deixou o desfile da Vila Maria chorando.

Marcelo Chello/CJPress/Folhapress Marcelo Chello/CJPress/Folhapress

Apreensão

Tarine Lopes, madrinha da X-9, chegou ao final do desfile apesar de seus problemas com o tapa-sexo, mas é importante lembrar que o regulamento dos desfiles prevê punições caso algum integrante das escolas passe pela avenida com os genitais à mostra. No entanto, como a integrante seguiu segurando o tapa-sexo, a escola só perderá pontos caso algum dos jurados tenha percebido que houve um problema com a fantasia.

A gente vai entender depois o que aconteceu. Se foi o material que não resistiu ou a adequação que não foi positiva"

Adílson José de Souza, Presidente da Vila Maria

Eu acredito que na frente dos jurados foi imperceptível (o descolamento do tapa-sexo), eu tentei fazer que fosse um charme"

Tarine Lopes, Madrinha da X-9 Paulistana

Final feliz

Manuela Scarpa/Brazil News Manuela Scarpa/Brazil News

Sheila Mello, rainha de bateria da Independente, sofreu com seus próprios fantasmas...

Manuela Scarpa/Brazil News Manuela Scarpa/Brazil News

...A cantora e dançarina mal tinha pisado na avenida quando parte de sua fantasia arrebentou...

Manuela Scarpa/Brazil News Manuela Scarpa/Brazil News

...Foi preciso utilizar um dread do cabelo para amarrar a fantasia: "Nada que tenha nos prejudicado"

Simon Plestenjak/UOL

As favoritas ao título

A campeã do Carnaval de São Paulo deve sair da segunda noite de desfiles do grupo especial, marcada por muitas surpresas positivas. Sorte do público, que viu de perto esse duelo de gigantes entre Império de Casa Verde, Mocidade, Vai-Vai e Dragões.

Império fugiu das homenagens tão presentes no Carnaval deste ano e se inspirou na Revolução Francesa e no musical "Os Miseráveis". Na Avenida, passaram a riqueza dos fidalgos e as mazelas do povo. O luxo e o cuidado com fantasias e alegorias, marcas registradas do carnavalesco Jorge Freitas, estavam presentes em todos os carros.

Em sua homenagem à cantora Alcione, a Mocidade Alegre dividiu seu desfile entre a vida da artista e São Luís do Maranhão, cidade natal da Marrom. Chamou a atenção pelas alegorias, fantasias e, como sempre, empolgou o público com as paradinhas coreografadas da bateria do mestre Sombra.

Mais um pouco da história do Brasil veio com a apresentação da Vai-Vai. Porta-bandeira com referências a Nossa Senhora, alas de cardeais, freiras, freis e até pagador de promessas, no enredo em homenagem a Gilberto Gil.

O desfile da Dragões da Real não foi surpresa para muitos. Afinal, a escola, que foi vice em 2017, tem feito belas apresentações em busca do título inédito. Mas buscar é uma coisa e conseguir é outra. Além de ter um dos melhores sambas desse ano, para homenagear os sertanejos, a Dragões levou para a avenida plantações, criações de galinha e famílias caipiras, em um enredo de fácil identificação com o público.

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Simon Piestenjak/UOL

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Vai Vai trouxe o enredo "Sambar com féu eu vou!"

Ricardo Matsukawa/UOL

"Emociona a gente", diz o músico Sérgio Reis sobre a Dragões

Ricardo Matsukawa/UOL

A Casa Verde apresentou o enredo ?O povo, a nobreza real?

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Simon Plestenjak/UOL

"É a mesma emoção", diz Alcione, homenageada pela Mocidade

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Tem sósia da Marrom na avenida!

Homenageando os 70 anos da cantora Alcione, a Mocidade Alegre despistou o público durante a segunda noite de desfiles no Anhembi, em São Paulo. Um dos carros da escola trazia sósias de vários artistas, incluindo a própria Marrom, que era tão parecida com a verdadeira, que chegou a enganar o público.

Marcela Salorrana, a cover da homenageada, veio acompanhada de Rosa do Quênia, Kauane Ferrari e Marcela do Nascimento, que representavam Leci Brandão, Elza Soares e Maria Bethânia, respectivamente, no caro que lembrava o programa "Alerta Geral".

A Alcione real veio mesmo só no último carro, nas cores verde e rosa lembrando a Mangueira, escola do coração da cantora.

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Ricardo Matsukawa/UOL Ricardo Matsukawa/UOL

A solidão de Sabrina Sato

Já é tradição: Sabrina Sato abrilhantou mais uma vez o desfile da Gaviões da Fiel, reinando como madrinha da bateria.

A musa ousou na fantasia diminuta, representando a vida marinha, em um enredo que relembra lendas e profecias tupis para contar a história do município de Guarulhos de uma forma diferente. Nas costas, um esplendor imitava um recife de corais.

Sabrina reinou sozinha este ano depois que a escola da torcida corintiana sofreu um desfalque entre suas musas: a rainha da bateria Tati Minerato foi afastada da após uma briga com Renata Teruel em um dos ensaios técnicos no sambódromo.

Eu gosto de dividir. Nós mulheres, quando a gente se une, só sai coisa boa. É claro que eu sinto falta das meninas, mas é da dificuldade que a gente tira nossa força. Acho que a emoção que veio por isso tudo dá um brilho maior pra escola."

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